Lula quer acesso a arquivos de Odebrecht de onde saíram e-mails
Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo
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Nelson Almeida - 1º.mar.2018/AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao juiz Sergio Moro nesta segunda-feira (12) acesso a uma cópia integral dos arquivos de um computador de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo Odebrecht. Nas últimas semanas, o empresário entregou à Justiça uma série de e-mails que estavam guardados no equipamento e que supostamente comprovam relações ilícitas da companhia com o petista.
O pedido foi feito no processo da Operação Lava Jato sobre o suposto pagamento de propina de R$ 12,4 milhões pela Odebrecht a Lula. A vantagem indevida teria sido paga na forma de um terreno para o Instituto Lula --nunca usado pela entidade-- e de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP) que é usado pelo ex-presidente. O dinheiro teria vindo de contratos fraudulentos da Odebrecht com a Petrobras. A defesa de Lula nega os crimes.
Os e-mails foram anexados ao processo no fim de fevereiro. A defesa de Marcelo Odebrecht, que também é réu no processo, disse que não entregou as mensagens antes porque elas estavam em um laptop apreendido pela Polícia Federal em 2015, quando o empresário foi preso. No fim do ano passado, ao passar para prisão domiciliar, ele enfim teria tido acesso a uma cópia dos arquivos.
As mensagens apresentadas no processo mostram, segundo o advogado de Odebrecht, que a empresa usou dinheiro de uma "conta corrente" de propinas para comprar o terreno. Nas conversas, executivos da Odebrecht relatam medidas supostamente adotadas para esconder as transações e para não expor a empresa como real compradora do imóvel. Nenhum dos e-mails cita o nome de Lula.
A defesa do ex-presidente quer uma "cópia integral do mencionado disco rígido contendo o espelhamento do computador de Marcelo Bahia Odebrecht, de onde teriam sido retirados os supostos 'e-mails comprobatórios', a fim de que a Defesa possa, de maneira independente, analisar o material, bem como verificar a sua integridade e idoneidade".
Os advogados também pediram que Marcelo Odebrecht seja intimado a explicar como e por que motivo o MPF (Ministério Público Federal) entregou o disco rígido com a cópia dos arquivos, e por que ele não teve acesso ao material antes.
No mesmo documento, a defesa de Lula requer ainda a extensão do prazo de 15 dias para a análise de perícia da Polícia Federal que encontrou, nos sistemas usados pela Odebrecht para gerenciar pagamentos ilegais, registros de gastos que teriam relação com o terreno supostamente comprado para o Instituto Lula.
Segundo os advogados do ex-presidente, a perícia não estabeleceu vínculos entre contratos da Petrobras com os imóveis indicados na denúncia e "muito menos apontou o pagamento de qualquer vantagem indevida a Lula".