Violência no Rio

Apesar de crítica, Bolsonaro vota a favor de intervenção federal no Rio

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

Deputado federal pelo Rio e pré-candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PSC) votou a favor da intervenção federal na segurança do Estado na madrugada desta terça-feira (20). Ao todo, 340 deputados votaram a favor. Outros 72 votaram contra. Agora, o decreto, assinado pelo presidente Michel Temer (MDB) na semana passada, vai para apreciação no Senado Federal.

Em um vídeo publicado pelo parlamentar no Twitter, pouco antes de votar, Bolsonaro afirmou que se posicionaria a favor do decreto, mas que, se fosse presidente, seu decreto "seria bastante diferente".

"Não está definida a conduta de engajamento. Ou seja, está tratando com criminosos que estão com fuzis, com granadas, com arma de guerra, e você tem que ter uma autorização do Estado, o que chamam de retaguarda jurídica, para, antes de você levar um tiro, você alvejar o inimigo", afirmou.

"É uma intervenção política que ele [Temer] está fazendo. Ele, agora, está sentado, tranquilo, deitado. Se der certo --vou torcer para que dê certo--, [mérito] dele. Se der errado, joga no colo das Forças Armadas", declarou. Bolsonaro defendeu, ainda, que "caso [um militar] venha a abater alguém, que não tenha punição a eles". 

Na semana passada, Bolsonaro tinha dado declarações contrárias à medida. "É uma intervenção decidida dentro de um gabinete, sem discussão com as Forças Armadas. Nosso lado não está satisfeito. Estamos aqui para servir à pátria, não para servir esse bando de vagabundos", afirmou o parlamentar ao site "O Antagonista". Procurado pelo UOL, ele disse que não comentaria o assunto.

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O deputado também questionou o respaldo jurídico que os militares terão durante a intervenção, inicialmente prevista até 31 de dezembro. "Todo mundo diz que estamos em guerra. O Rio está em guerra. Mas que guerra é essa que só um lado pode atirar? Qualquer um do lado de cá, que tome uma medida de força, vai ter problemas depois na Justiça, seja o policial militar, o civil ou o rodoviário federal", disse.

A votação foi iniciada por volta das 20h de segunda-feira (19). A intervenção foi aprovada, após horas de discussão e votação, pela Câmara por volta das 2h de terça (20). Durante a fase de debates, Bolsonaro não pediu a palavra.

Desde que se lançou publicamente a candidato à presidência, o deputado tem utilizado como estratégia o silêncio no plenário, inclusive em votações de projetos de lei da área da segurança pública, sua principal bandeira.

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em 31 de janeiro, Bolsonaro é o segundo candidato com mais intenções de voto na corrida eleitoral deste ano, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em um cenário sem o petista, Bolsonaro lidera, seguido de Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). No segundo turno, segundo a pesquisa, Bolsonaro perderia para Lula, Maria e Alckmin, segundo o levantamento.

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