As portas estão abertas para Luciano Huck, diz presidente do PPS

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Sergio Lima/Folhapress

    O presidente da sigla, deputado federal Roberto Freire (SP)

    O presidente da sigla, deputado federal Roberto Freire (SP)

No momento em que o apresentador da TV Globo Luciano Huck volta a flertar com a chance de concorrer à Presidência e recebe sinalizações de apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o PPS reforça o interesse do partido no eventual candidato. "Na hora que ele quiser, se ele quiser, disputar a Presidência, estaremos de portas abertas", diz o presidente da sigla, deputado federal Roberto Freire (SP).

Em entrevista ao UOL, Freire afirmou que o partido vai definir no congresso nacional da sigla, de 23 e 25 de março, sua posição nas eleições deste ano. Em conversa com Luciano Huck desde o ano passado, o PPS aguarda um posicionamento do apresentador. "Isso não quer dizer que há algo definido no PPS. Existe a possibilidade de ele [Huck] estar em outro partido, por exemplo. Mas a porta está aberta", disse.

O PPS assinou na semana passada uma "carta-compromisso" com o movimento Agora!, do qual Huck faz parte. Segundo o deputado, os integrantes do movimento terão autonomia. Aqueles que se filiarem ao PPS passam a ser do partido, mas terão dupla militância.

A assessoria de imprensa do "Agora!" afirmou que "o movimento não tem como declarar nada agora sobre eventuais conversas dele [Huck], das quais nem temos conhecimento. Huck é membro do Agora!, como os outros demais 90. Seu papel no movimento é nos ajudar a construir uma agenda para o país e disseminar nossas bandeiras".

O partido estuda acordos com outros movimentos. A entrada desses grupos seria uma opção mais "radical" dentro do PPS - principalmente se vier acompanhada de uma candidatura como a de Huck. Da forma como está estruturado hoje, o PPS é próximo, por exemplo, do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Se decidir por outro caminho, como uma candidatura própria, a política de alianças da legenda deve mudar significativamente e alterar as relações com o PSDB. Do lado da Rede, independentemente dos movimentos, a candidata será Marina.

Em dezembro, o apresentador afirmou em artigo no jornal "Folha de S.Paulo" que abria mão de sua candidatura. Freire afirma, entretanto, que no texto ele "não excluiu totalmente a possibilidade". Nos bastidores, interlocutores de Huck, do PPS e dos movimentos cívicos admitem que o apresentador estuda uma candidatura presidencial. Mas, para tomar qualquer decisão, ele ainda estaria esperando os resultados das próximas pesquisas. Huck quer saber se os 8% de intenções de votos da última pesquisa Datafolha representam um "piso" ou o "teto". 

Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", Huck deve tomar uma decisão após o Carnaval. Um ultimado dado pela TV Globo, sua empregadora, acelerou a necessidade de um posicionamento por parte do apresentador.

Encontro entre FHC e Huck

FHC e Huck devem se encontrar nesta quinta-feira ou nos próximos dias. A informação gerou um desconforto interno no PSDB, que tem Geraldo Alckmin e Arthur Virgílio Neto disputando a preferência dos tucanos na prévias, previstas para março. A Fundação FHC negou que haja um encontro programado. A assessoria de imprensa do apresentador afirmou que ele está em Natal (RN) gravando para seu programa televisivo.

Roberto Freire avaliou esse possível encontro como positivo. "Não estava sabendo [sobre a reunião]. Agora, eles são bem amigos, de família até. O Huck deve estar procurando saber o que diabos está acontecendo no país. E o que tem se falado dele. Eu também, na situação dele, ia procurar as pessoas que poderiam me ajudar. E o FHC tem essa capacidade", disse o presidente do PPS.

Em um evento no início de dezembro, depois de anunciar a desistência da candidatura, Huck afirmou que suas raízes estão no PSDB. "No PSDB de Franco Montoro, de Fernando Henrique... Mas hoje esse PSDB não me representa. Eu não estaria no PSDB hoje em dia."

Ao ser questionado se seria um político de esquerda ou de direita, o apresentador não respondeu com assertividade: "Sou do bom senso. Me interesso pela curadoria de pessoas, em reunir as boas ideias. Eu quero saber como melhorar a vida das pessoas. Olha, eu apanhei da direita e da esquerda. Então, eu estou no centro". 

Tucanos contemporizam sobre encontro 

Políticos tucanos aliados do governo Geraldo Alckmin (SP) evitam falar em desconforto ao comentar o encontro entre FHC e Huck.

Para o deputado Federal Jutahy Júnior (PSDB-BA), que está em seu 8º mandado, o encontro entre FHC e Huck é "uma questão pessoal". "Ninguém tem que ser censor de quem ele vê ou deixa de ver, tampouco do que ele fala ou deixa de falar. Temos convicção que o PSDB terá candidato e que será aquele que a prévia escolher. Eu votarei no Geraldo Alckmin. Tenho o maior apreço por Arthur Virgílio, mas vejo Geraldo com condições objetivas de vitória", afirmou.

O deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO) afirmou que "FHC tem história e idade suficientes para receber quem ele quiser". Para o deputado, "Huck não é o líder estadista que o Brasil precisa. Está longe disso. É um grande apresentador, carismático, mas não tem noção do que é cuidar de um país na magnitude que é o Brasil". 

Já o deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ), que defende o nome de Alckmin nas prévias do partido, disse que apoia a candidatura de Huck, mas como vice do tucano. "O Alckmin é o melhor candidato, embora o Arthur Virgilio seja um grande nome. Eu sou muito a favor do Huck na política. Ele é um vitorioso, um excelente comunicador, tem sensibilidade social e abraça a bandeira do empreendedorismo", afirmou.

Para Leite, a conversa entre FHC e Huck poderia ser benéfica para o PSDB. "Essa conversa do FHC é útil porque mantém o Huck próximo. E, verdade seja dita, o FHC é um quadro muito experimentado. Então, seguramente está apontando bons direcionamentos a ele."

Já para o deputado estadual Carlos Bezerra Júnior (PSDB-SP), FHC "já manifestou claramente a condução do processo dentro do partido com o apoio à pré-candidatura do governador Geraldo Alckmin, apontando os aspectos positivos, como capacidade administrativa, experiência, trajetória e estilo de vida do governador, que vai ao encontro daquilo que o brasileiro deseja".

Segundo o deputado estadual, "é natural que ele [FHC] abra o diálogo em outras direções". "Abertura de possibilidades. A escolha do candidato à Presidência já amadureceu dentro do partido, na sociedade, nas lideranças. O partido, como um todo, converge na direção do governador, que é hoje o quadro mais qualificado para fazer essa disputa", argumenta.

Alckmin diz apoiar candidatura de Huck

Publicamente, Alckmin não aparentou incômodo com as manifestações do ex-presidente e com o possível encontro. "O FHC tem amizade pessoal com Luciano Huck, eu também me dou muito bem com o [Andrea Sandro] Calabe", afirmou o governador em entrevista à Rádio Bandeirantes, referindo-se ao padrasto de Huck, que foi seu secretário entre 2011 e 2014.

"Se ele [Luciano Huck] for candidato, ótimo, é o povo que decide, não tem nenhum problema. No PSDB, nós vamos ter a primária em 11 de março", disse Alckmin. "O Luciano Huck não é filiado ao PSDB, aliás nem sei se tem alguma filiação partidária. Quem quiser ser candidato, tem que se filiar agora em março. Eu nunca desestimulo as pessoas a participarem da política", complementou. (Com informações do Estadão Conteúdo)

Huck nega ser candidato à Presidência

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