Discussão do 'plano B é uma derrota estratégica' do PT, diz Simões
Nathan Lopes
Do UOL, em São Paulo
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21.dez.2017 - Divulgação/PT
Gleisi, Simões, Lula e Haddad em reunião da coordenação em dezembro do ano passado
Coordenador-executivo do programa de governo do PT na eleição presidencial, o ex-deputado federal Renato Simões criticou a fala do presidente do diretório estadual do partido no Rio de Janeiro, Washington Quaquá, sobre a discussão de um "plano B" no caso de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato ao Planalto, não conseguir reverter sua inelegibilidade junto à Justiça Eleitoral.
"Com todo respeito, a fixação de alguns petistas com planos B é sintoma de 'pragmatite' crônica...", escreveu Simões nas redes sociais. Ao UOL, ele disse que "o 'plano B' é uma derrota estratégica do PT". "Fragiliza nossa estratégia a discussão do plano B, ela não comporta essa alternativa", ressaltando que a discussão de outro candidato é natural na imprensa, mas não dentro do partido.
Simões é o representante da Executiva Nacional do PT no trio que comanda a construção do programa de governo do partido. Além do ex-deputado, participam da coordenação o ex-prefeito paulistano, Fernando Haddad, e o presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, Márcio Pochmann.
A fala de Simões é resposta ao texto de Quaquá, publicada na quarta-feira (31) no site do diretório fluminense do PT. Ele afirmou acreditar que não ter uma opção à candidatura de Lula é caminhar "para o matadouro como gado". "Estamos usando a inteligência menos que bovina para atuar na conjuntura".
Desde que o partido foi informado de que o registro da candidatura de Lula pode acontecer em todas as circunstâncias, a discussão de um possível "plano B" é vista como tema a ser evitado entre petistas.
O registro da candidatura, porém, não garante que Lula estará apto, em 7 de outubro, a disputar o primeiro turno da eleição presidencial. Como Lula foi condenado na segunda instância a mais de 12 anos de prisão, ele se tornou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. A Justiça Eleitoral deve tomar uma posição a respeito da candidatura cerca de um mês após o registro, quando faltarem poucas semanas para o pleito.
Em entrevista ao UOL em janeiro, Haddad disse que a candidatura de Lula deve ser levada até "as últimas consequências". O presidente do PT fluminense não concorda. "Nós não podemos fazer burrada e nos isolar ao ponto de tornar a nossa maior arma, a nossa bomba nuclear, um artefato inativo eleitoralmente", escreveu Quaquá.
Também via redes sociais, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, voltou a afirmar que o partido "não tem plano B" após a fala de Quaquá. "Lula é e será nosso candidato. O candidato do povo brasileiro".
Independentemente da discussão sobre "plano B", Lula fará um ato para reafirmar sua pré-candidatura na próxima quarta-feira (7) em Belo Horizonte, no colégio Pio 12.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, o petista aparece na liderança das intenções de voto em todos os cenários. Já nas situações em que seu nome é substituído pelo do ex-governador baiano Jaques Wagner, o PT consegue chegar apenas a 2% das intenções de voto. O nome de Haddad, tido como outra possibilidade, não foi listado para a pesquisa. O Datafolha também verificou que o poder de transferência de votos de Lula sofreu um abalo após a condenação pela segunda instância.
Haddad: candidatura de Lula será levada às últimas consequências
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