Após Datafolha, PT diz que Lula inelegível terá consequências "trágicas"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Roberto Vinícius - 23.jan.2018/Estadão Conteúdo

    Lula durante ato público em Porto Alegre no dia 23

    Lula durante ato público em Porto Alegre no dia 23

Horas depois da divulgação, nesta quarta-feira (31), da pesquisa Datafolha que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como líder de intenções de voto, o comando do PT fez um prognóstico catastrófico para o caso de seu principal nome não poder disputar as eleições de outubro. A condenação de Lula em segunda instância no processo do tríplex o torna inelegível, em tese, pelos critérios da Lei da Ficha Limpa, mas a eventual candidatura ainda precisa ser analisada pela Justiça Eleitoral.

"Excluir Lula do processo eleitoral significaria cassar o direito de voto da grande maioria dos eleitores, o que lançaria o país numa crise política e institucional de consequências imprevisíveis, mas inevitavelmente trágicas", diz nota divulgada pela Comissão Executiva do PT, órgão que reúne algumas das principais lideranças do partido.

Segundo a pesquisa, Lula lidera em todos os cenários dos quais participa, com até 37% das intenções de voto. Sem Lula, seu eleitorado se divide entre outros candidatos, e o percentual dos entrevistados que declaram intenção de votar branco ou nulo, ou em nenhum dos candidatos, sobe: sai da faixa que vai de 12% a 19% para um patamar de 24% a 32%. 

De acordo com o Datafolha, em nenhuma outra pesquisa sobre a disputa presidencial feita pelo instituto em ano eleitoral houve uma proporção tão alta de entrevistados declarando intenção de votar em branco ou anular o voto.

Para o PT, o avanço de brancos, nulos e abstenções com a ausência de Lula na disputa significa "um imenso vazio de democracia". "Isso demonstra a irresponsabilidade daqueles que tentam, a qualquer custo, tirar do povo brasileiro o direito de votar em Lula", diz o comunicado do partido.

Desde que a situação judicial de Lula se agravou e aumentou o risco de que ele fique fora das urnas este ano, o PT tem associado a defesa da candidatura de Lula a uma "defesa da democracia". Representantes do partido também costumam afirmar que o ex-presidente é alvo de uma perseguição política por meio da Justiça, notadamente por meio da Operação Lava Jato.

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"Incerteza e insegurança" sem Lula, diz partido

Na nota de hoje, o PT ainda apresenta Lula como uma espécie de fiador de uma estabilidade nacional, dizendo que "uma eleição sem Lula agravaria ainda mais a incerteza e a insegurança que estamos vivendo desde o golpe do impeachment" --o partido e seus aliados tratam a queda de Dilma Rousseff como "golpe".

"Mais do que nunca, o Brasil precisa de Lula, para reconstituir a legitimidade do processo democrático e reencontrar a paz", afirma a Comissão Executiva do PT.

O órgão é formado por 42 pessoas, entre elas a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR); o senador Lindbergh Farias (PT-RJ); o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS); além dos cinco vice-presidentes da legenda e secretários responsáveis pela gestão do PT.

Wagner tem 2% das intenções de voto

No último dia 24, os três desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre) decidiram por unanimidade ampliar a pena de Lula para 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex, condenando-o por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, votaram a favor de que Lula seja preso assim que esgotados os recursos disponíveis à defesa na própria segunda instância. 

Como a decisão foi unânime, o único recurso disponível para os advogados de Lula na segunda instância é o pedido de embargos de declaração, que não altera o mérito da decisão e serve apenas para pedir esclarecimentos sobre o que os magistrados decidiram. Ainda não há data para o julgamento do eventual recurso.

A decisão sobre se Lula pode ou não disputar a eleição deste ano também passa pela Justiça Eleitoral, com possibilidade de recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal). O órgão só entra em ação em agosto, quando corre o prazo para o registro de candidaturas. 

Lideranças petistas têm defendido que Lula não pode ser impedido de concorrer antes do registro de sua candidatura e não admitem publicamente a adoção de um "plano B" caso o ex-presidente não possa concorrer. Um dos citados no noticiário político como possível alternativa petista é o ex-governador baiano Jaques Wagner, que teve 2% de intenção de voto em todos os cenários com seu nome.

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