Lula não está morto politicamente, diz Temer
Nathan Lopes
Do UOL, em São Paulo
Após a confirmação da sentença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela segunda instância, o presidente Michel Temer (PMDB) disse, nesta segunda-feira (29), que o petista não está "morto politicamente". "Dizer que está morto politicamente... não sei se está morto eleitoralmente, ou seja, se ele vai participar das eleições ou não. Mas dizer que a imagem dele, a palavra dele, a presença passada dele não vai ter alguma influência, aí acho que morto ele não está", disse em entrevista à Rádio Bandeirantes, ressaltando que a figura de Lula é de "muito carisma".
Para Temer, em uma avaliação do quadro político, seria interessante que Lula participasse da eleição presidencial, marcada para 7 de outubro. "Do ponto de vista político, eu apreciaria que ele não tivesse essas responsabilizações todas, pudesse disputar a eleição, e fosse vencido no voto. Porque isso pacificaria o país". O presidente acredita que Lula não participar do pleito "tensionaria o país". "Porque, nos últimos anos, o Brasil vive um tensionamento permanente. Isso não é bom para o país".
Com a condenação, na última quarta-feira (24), pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), Lula se tornou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Recursos, porém, podem colocá-lo na disputa eleitoral.
O PT tem reafirmado que irá registrar a candidatura de Lula em 15 de agosto. Com isso, Lula poderia fazer campanha por pelo menos um mês até que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decida se ele poderá disputar o pleito.
Temer não quis dizer quem pretende apoiar na corrida presidencial. "No fim de maio, eu digo a você", respondeu. Em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal "Valor Econômico", o presidente disse que descarta disputar a reeleição.
O presidente, porém, disse que "candidato de oposição vai ter que bater muito no governo". "Vai ter que dizer: 'sou contra o Teto de Gastos porque quero gastar à vontade', 'sou contra esse índice que é ridículo da inflação, prefiro os 10%'. Isto é que está começando a criar um clima de confiança que vai gerar muitos empregos", afirmou na entrevista à rádio Bandeirantes.
O presidente tem concedido uma série de entrevistas a veículos da imprensa nos últimos dias em função da votação da reforma da Previdência, prevista para fevereiro. No domingo (28), ele esteve no "Programa Silvio Santos" e disse que, "sem a reforma, não haverá como pagar aposentadoria".
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