Operação Lava Jato

Lula volta a responder ato da Lava Jato com discurso eleitoral

Nathan Lopes

Do UOL, em Porto Alegre

A pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto foi anunciada de forma categórica no dia 13 de julho de 2017. "Eu não sei se isso é para bem ou para mal, mas você vai ter um pré-candidato com um problema jurídico nas costas", disse Lula à senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann (PR), em discurso na sede do diretório nacional do partido, em São Paulo, sobre a sentença em que foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro.

Desde que a Operação Lava Jato chegou ao ex-presidente, Lula tem se defendido das acusações por meio de discursos públicos. E em todos eles, passou a falar de maneira mais enfática sobre suas pretensões eleitorais para o pleito de outubro de 2018.

Foi assim após a condução coercitiva da qual foi alvo, em 4 de março de 2016. Meses depois, em setembro do mesmo ano, Lula fez novo pronunciamento, dessa vez após a força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) na Lava Jato tê-lo denunciado com o uso de um PowerPoint. Lula também discursou a militantes em Curitiba depois de ter sido interrogado por quase cinco horas por Moro em 10 de maio do ano passado.

Todos esses atos têm relação com o processo do tríplex, no qual Lula foi condenado pela 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) na quarta-feira (24). Novamente, o ex-presidente discursou em tom eleitoral logo após a condenação e deverá fazer o mesmo nesta quinta-feira (25), em um evento promovido pelo PT em São Paulo para reafirmar sua candidatura a presidente da República.

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Em 4 de março de 2016, Lula discursou por cerca de meia hora. Suas palavras foram praticamente todas dedicadas a criticar a "pirotecnia" da PF (Polícia Federal), que havia ido a sua casa para cumprir mandados de busca e apreensão expedidos por Moro, além de levá-lo ao aeroporto de Congonhas para que ele prestasse depoimento aos agentes.

Nesse pronunciamento, Lula não deixou de, em poucas frases, dar indícios de que planejava disputar a eleição presidencial. "Não sei se serei candidato em 2018. A natureza, às vezes, é implacável com a gente que ultrapassa 70 [anos]. Mas como a ciência também avançou, eu descobri agora que nem tudo está acabado como eu pensei que estava".

Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo e a jararaca está viva, como sempre esteve
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 4 de março de 2016

Após condenação, Lula diz não ter medo de ser preso

Denúncias e processos

Após ser denunciado pela Lava Jato, Lula focou, em 15 de setembro de 2016, seu discurso de pouco mais de uma hora em relembrar os feitos de seu governo. Na ocasião, o petista também manifestou interesse em disputar a Presidência pela sexta vez. "Se eles quiserem me tirar, vão ter que disputar comigo na urna. Eles achavam que eu estava vencido", afirmou. "Eu vou continuar fazendo um pouco mais do que já fiz. Se eu puder".

Foi após ser interrogado por Moro que o petista falou mais claramente sobre voltar a disputar o cargo no Planalto, sendo ovacionado pelos militantes que ouviam sua fala em Curitiba. "Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente deste país", afirmou naquele 10 de maio de 2017. "Eu nunca tive tanta vontade como eu tenho agora. Vontade de fazer mais, vontade de fazer melhor".

A cada discurso decorrente das ações da Lava Jato, Lula reafirmava ser alvo de perseguição política, dizia que a operação era uma tentativa de tirá-lo do "jogo político". Foi nesse contexto que, em 13 de julho do ano passado, ele disse: "quero dizer ao meu partido que eu até agora não tinha reivindicado, mas, a partir de agora, vou reivindicar do PT o direito de me colocar como postulante à candidatura a presidente da República".

Desde então, o partido buscou esclarecimentos para saber a possibilidade de Lula disputar a eleição mesmo condenado. A resposta que agradou o PT é a de que o ex-presidente poderia registrar sua candidatura em qualquer circunstância, com a pior possibilidade sendo a de que ele seja tirado da disputa por uma decisão desfavorável do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já com um mês transcorrido de campanha oficial.

Por esse motivo, o partido acredita que Lula estará na disputa, inclusive com possibilidade de que recursos lhe sejam favoráveis na esfera eleitoral.

"No dia 15 [de agosto], nós vamos registrar a candidatura do ex-presidente Lula", disse Gleisi ao UOL na semana passada. "Até porque, para nós, o Lula já não é mais candidato do PT. Ele é candidato de uma parcela expressiva do povo brasileiro. Cabe ao PT cuidar, proteger essa candidatura. Então, dia 15, nós registraremos. Vão começar os embargos, os recursos. Isso é algo que vai se definir na segunda quinzena de setembro. A eleição é na primeira semana de outubro. É por isso que eu estou dizendo: o presidente Lula vai ser candidato".

Lula tem liderado as principais pesquisas de intenção de voto para a eleição de 2018, sempre seguido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

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