Operação Lava Jato

Gleisi critica voto de relator e defende radicalizar na organização popular

Luciano Nagel

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

  • Vicente Carcuchinski/UOL

A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), fez críticas nesta quarta-feira (24) ao voto do relator da Lava Jato no TRF-4, João Pedro Gebran Neto, que pediu a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 1 mês de prisão. A fala aconteceu antes dos votos dos outros dois desembargadores.

A petista chegou no fim da manhã ao acampamento de simpatizantes e apoiadores de Lula, no Anfiteatro Por do Sol do Guaíba, no centro de Porto Alegre.

Gleisi subiu no carro de som do Movimento Frente Brasil Popular e fez um breve discurso aos militantes. Disse que não iria se prolongar muito porque logo teria que voltar para São Paulo para participar do ato público com a presença de Lula, mas incentivou os apoiadores a permanecerem nas ruas em luta pela democracia.

"Nós não vamos deixar de lutar pela nossa democracia, nesta encruzilhada política, nós não vamos aceitar uma sentença que não seja justa, que não seja legal e constitucional. Eu queria dizer, companheiros e companheiras, dizer para vocês que nós temos que se preparar para lutar, nós temos que nos preparar para ficar firmes, nós não podemos amolecer, temos que nos preparar para estarmos nas ruas e nas praças deste país."

A presidente do PT afirmou que o Parlamento não representa a população brasileira e, por isso, ela sugere "radicalizar na organização popular".

"Nos temos que apostar na organização popular. O Parlamento que esta lá, nós participamos. Já fizemos esta discussão no nosso partido, os partidos de esquerda. Fizemos este pacto na Constituição de 88, de participar no Parlamento, de respeitar as instituições porque nós queremos a democracia. Agora, se nós não tivermos organização popular, se nós não tivermos pressão, esqueçam, aquele Parlamento não representa a diversidade e a maioria do povo brasileiro. Infelizmente, pelas regras eleitorais que nós temos hoje, a maioria que se elege hoje no Brasil é representante da classe dominante e da classe rica. Quem faz lobby naquele Congresso e ganha o lobby é quem tem dinheiro. Por isso, a gente tem é que radicalizar na organização popular."

No último dia 16, a senadora deu uma declaração polêmica dizendo que para prender o ex-presidente Lula, "vai ter que matar gente". 
 

A senadora disse que o relatório de Gebran tem mais de 400 páginas, sendo que as 200 primeiras páginas são referentes à defesa do juiz Sergio Moro. Ela ironizou o relator, dizendo que ele usou mais de uma hora do julgamento defendendo Moro, que é "compadre" dele, segundo a petista.

Gleisi ressaltou que o relator "trouxe como justificativa para sua sentença condenatória do primeiro crime imputado ao presidente Lula, que é corrupção passiva, o 'Power Point do MP'".

Ela disse que mantém a esperança nos outros dois votos dos desembargadores. "Nunca vi eles falando com a imprensa, nunca ouvi eles fazendo falas políticas, fazendo interlocução com quem quer que seja, ou dando opinião antecipada", afirmou.

Gleisi disse que o povo brasileiro se encontra em um momento crucial da democracia. "Esta sentença do TRF-4 é um divisor de águas para saber se vamos ter respeito a Constituição e manter a democracia formal que temos ou se ela (a sentença) vai rasgar a Constituição como o Congresso Nacional rasgou no impeachment da Dilma. Se o TRF-4 confirmar a condenação, será rasgada. Se absolverem Lula, será restabelecida a democracia", completou.

A senadora afirmou que o partido vai recorrer, caso se confirme a condenação no TRF-4. "Vamos recorrer em todas as instâncias do Judiciário. Queremos que seja feita justiça com o presidente Lula. Ele é inocente. Nós não vamos deixar de lutar pela nossa democracia."
 

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