Operação Lava Jato

Dilma: Lula está sendo condenado, enquanto outros com malas estão livres

Nathan Lopes

Do UOL, em Porto Alegre

Em discurso em defesa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que "está claro que há uma crescente indignação" contra o julgamento de Lula, e comparou a situação de seu antecessor no cargo com a que envolve seu sucessor e vice, o atual presidente, Michel Temer (PMDB). "Porque o Lula está sendo condenado sendo inocente. Enquanto isso outros, com gravações, com mala de dinheiro, subindo e descendo, estão protegidos e podem concorrer livremente e não estão submetidos à Justiça", disse a ex-presidente.

Por ser presidente, Michel Temer (PMDB), que era vice de Dilma, teve duas denúncias contra ele submetidas à Câmara dos Deputados. Nas duas ocasiões, os parlamentares impediram que ele fosse investigado enquanto estiver no exercício do cargo. A mala de dinheiro à que Dilma se refere seria pagamento de propina pela JBS, flagrada em ação controlada da Polícia Federal com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). A defesa de Temer nega a acusação.

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A fala foi feita nesta terça-feira (23) durante o ato "Mulheres pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato", marcado para a véspera do julgamento da apelação da sentença que condenou o ex-presidente Lula à prisão.

Dilma diz ser contra o PT ter um nome que possa substituir Lula caso ele seja impedido de disputar a eleição presidencial. Pré-candidato do partido, o petista é líder em todas as pesquisas de intenção de voto.

"Nós não temos plano B! Ter plano B quando se tem uma pessoa inocente é covardia", disse a ex-presidente, que não considera Lula "um radical". "O Lula só não é uma pessoa que negocia suas próprias convicções", disse. "Quando o Lula cresce nas pesquisas, passa a ser aquele que tem que ser aniquilado da face da terra. Usam contra ele o processo de perseguição política".

Para Dilma, o processo de impeachment do qual ela foi alvo em 2016, e que levou Temer ao poder, foi feito para destruir o PT e ela. "Mas, sobretudo, destruir o nosso líder, Luiz Inácio Lula da Silva. Pois bem, deu errado", avaliou.

Esse partido era para estar destruído. Eles não conseguiram nos destruir."

Dilma Rousseff, ex-presidente da República

A ex-presidente acredita que a situação política atual foi o crescimento de um "setor que não se expressava, que era a extrema direita". "É de extrema direita quem defende tortura, quem é contra todos os princípios de civilização". Ela não citou o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), hoje principal adversário de Lula na disputa pelo Planalto.

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Sobre o PSDB, Dilma diz que "o único que restou" para disputar a Presidência da República foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que "não tem apoio popular nenhum".

Ela ainda criticou pessoas de fora da política que têm se candidatado, citando o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), como exemplo. "As invenções, como o prefeito de São Paulo, foram transformadas na sua real proporção; ou seja, do ponto de vista nacional: nada".

O apresentador de televisão Luciano Huck, que já negou que irá concorrer ao cargo de presidente, também foi citado por Dilma. "Sabemos que, dentro de alguns meios de comunicação, tramam-se alguns candidatos, como é o caso de um apresentador, que é um bom apresentador, mas não é capacitado pela experiência para ser um bom candidato."

Petistas criticam falta de luz

O ato estava marcado para o teatro da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Houve, porém, queda de energia segundos após o início do evento, por volta das 9h15. A luz caiu na região da Assembleia. Uma equipe da companhia de energia elétrica chegou a ser acionada para resolver uma "falha de transmissão que deixou um conjunto de prédios na região sem luz", segundo a organização do evento.

As militantes, porém, viram com desconfiança a queda de energia. "As forças de direita operam com todas as armas", disse a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) dentro do teatro, de viva voz, aos presentes, sem querer relacionar explicitamente que a queda tenha sido proposital.

Cerca de uma hora depois, a organização do evento decidiu fazer o evento do lado externo. Um caminhão de som que estava no acampamento de apoiadores do ex-presidente foi levado às pressas ao local e instalado na frente da Assembleia.

Do lado externo, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, voltou a citar a falta de luz "Se pensaram que iam apagar a luz da Assembleia e apagar a nossa luta, estavam redondamente enganados". Gleisi ainda convocou os militantes para participar do ato com Lula, no final da tarde desta terça-feira. "Nós vamos mostrar ainda mais a força do povo brasileiro".

Dilma também mencionou a falha no fornecimento de energia, que ela questionou "se era um ato deliberado ou muito ocasional". "Nós esperávamos nos encontrar lá dentro. Um local muito especial, onde, aqui no Rio Grande do Sul, se resistiu à ditadura. Pela primeira vez, a Assembleia não teve energia elétrica para receber um ato democrático. Essa vaia é merecida. Vaiemos esse absurdo", disse aos militantes.

Também participaram do evento a pré-candidata do PCdoB à Presidência, deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila, a ex-ministra Eleonora Menicucci e as deputadas federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Alice Portugal (PCdoB-BA).

Caso a 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) decida confirmar a condenação de Moro, o ex-presidente poderá ser impedido de disputar a eleição presidencial com base na Lei da Ficha Limpa, sancionada por Lula em 2010, e até ser preso. O julgamento de Lula está marcado para as 8h30 e terá transmissão ao vivo do UOL.

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