Ato em SP promete presença do "centroavante" Lula para defender candidatura

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • AP Photo/Andre Penner

    18.jan.2018 - Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato com intelectuais e militantes de esquerda em São Paulo

    18.jan.2018 - Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato com intelectuais e militantes de esquerda em São Paulo

Centrais sindicais e movimentos populares farão uma manifestação de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira (24), às 17h, na Praça da República, região central de São Paulo. Tema apreciado pelo petista, o futebol é usado pelos grupos como metáfora para o ato: eles querem defender a democracia e a "escalação do centroavante na principal partida do ano", ou seja, as eleições presidenciais de outubro.

"Neste momento, temos o Lula como nosso candidato; a tentativa vigente é a de tirar o nosso centroavante de cena", disse o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.

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Petistas e representantes dos grupos que organizam o evento confirmaram ao UOL a presença e o pronunciamento de Lula a partir das 18h. O Instituto Lula não confirmou nem descartou a possibilidade. O petista viaja nesta terça (23) a Porto Alegre, mas acompanhará a sessão de julgamento --que será transmitida pela internet --no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).

O ato é uma demonstração de apoio ao ex-presidente, que, na quarta-feira de manhã, terá julgado no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, o recurso que pode torná-lo inelegível para a eleição de outubro. A medida judicial tenta reverter a condenação imposta a Lula em julho passado pelo juiz da 13ª federal do Paraná, Sergio Moro, no caso em que o ex-presidente é acusado de ter recebido um tríplex no Guarujá (SP) em troca de benefícios à empreiteira OAS em contratos com a Petrobras. Lula nega a acusação.

CUT prevê políticos, artistas e intelectuais em ato 

Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), Lula estará presente no ato na República, para o qual são esperados artistas, intelectuais e políticos do PT e de partidos aliados à sigla ou a Lula, entre os quais, governadores, senadores e deputados. A previsão é que ele discurse em torno das 18h, para que, na sequência, a militância caminhe até a avenida Paulista, onde deve se dispersar.

"Esse é um julgamento esperado no Brasil e no mundo, mesmo porque Lula é uma personalidade mundial. Nós o esperamos na praça da República em condições de fazer um discurso de que vai continuar a candidatura independentemente desse julgamento –ele precisa conclamar a militância que o tem apoiado", afirmou o presidente nacional da CUT.

Segundo Freitas, o objetivo da manifestação é defender a possibilidade de Lula disputar a eleição. "Vários que o escolherão como candidato nas urnas estarão nesse ato, assim como quem não vota nele, mas entende que Lula tem o direito de participar", disse ele.

Também sobre o ato, o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, afirmou que não há possibilidade de a militância pró-petista, com a caminhada até a Paulista, encontrar grupos antagônicos que defendem a prisão do ex-presidente.

Entre esses grupos, o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Revoltados Online se reunirão na avenida a partir das 10h, até as 20h. Eles obtiveram na Justiça o direito de protestarem na Paulista por terem pedido o espaço à PM antes da CUT.

"Temos o direito de pelo menos caminhar simbolicamente com a militância até a Paulista, e disso não abriremos mão. Como o ato na República será encerrado com Lula, dificilmente chegaremos à avenida antes das 20h", afirmou Izzo.

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"Querem tirar nosso camisa 10", diz deputado

O líder da bancada petista na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), deputado Alencar Santana, reforçou o discurso dos dirigentes. "Lula no ato simboliza muito que ele está no jogo, será nosso candidato, e que não vamos abaixar a cabeça por mais essa farsa que querem fazer com ele. Querem tirar nosso camisa 10, mas Lula jogar é direito nosso – nem mais apenas um desejo dele: é algo nosso", disse.

"Não há prova nenhuma de enriquecimento ilícito durante o governo do ex-presidente. Acredito que isso poderá ser demonstrado no julgamento e tenho minha convicção de que ele será absolvido – de toda forma, é importante ele receber a solidariedade da militância nesse ato da República", comentou o vereador pelo PT paulistano Eduardo Suplicy.

"O que se defende é direito democrático", diz Boulos

Além das centrais, engrossam o ato do dia 24 pró-Lula as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam, juntas, pelo menos 100 movimentos sociais. Um deles é o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que espera levar cerca de 10 mil manifestantes oriundos de ocupações na capital e Grande São Paulo.

A adesão ao ato de apoio, segundo o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, não implica necessariamente, ao menos por ora, em adesão ao nome de Lula no pleito presidencial. Boulos estará em ato em Porto Alegre nesta terça e retorna para a manifestação de São Paulo no dia do julgamento.

"O que se defende é o direito democrático de o ex-presidente participar da eleição, sobretudo em um processo onde é flagrante a injustiça, dada a falta de provas", disse Boulos. "Não compactuaremos com esse julgamento eminentemente político, como não compactuamos com o golpe que destituiu uma presidente eleita pelo voto popular", afirmou, sobre Dilma Rousseff (PT).

Prefeitura diz não ter sido acionada; grupo prepara vigília

Procurada sobre o ato da esquerda na República, a Prefeitura de São Paulo informou, por meio da assessoria das Prefeituras Regionais, que ainda não havia sido consultada sobre os organizadores do ato para permissão de uso da praça até as 19h dessa segunda (22).

Para esta terça (23), afirmou o presidente da CUT-SP, está programada uma vigília da militância em frente ao TRF-3, na Paulista, das 17h às 22h. Além da capital paulista, ato semelhante acontece amanhã também em cidades do interior paulista, como Campinas, Bauru, Sorocaba e São José do Rio Preto.

No mesmo local, das 18 às 21h, está agendado o ato "Em defesa da Justiça" organizado pelo movimento "Vem pra Rua", que defendeu o impeachment de Dilma, em 2016, e apregoa, agora, a prisão de Lula.

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