Veja quem são os aliados citados no 1º discurso de Crivella após ser eleito

Hanrrikson de Andrade e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio

  • Júlio César Guimarães/UOL

    30.out.2016 - Ao lado de aliados, Crivella discursa após ser eleito prefeito do Rio

    30.out.2016 - Ao lado de aliados, Crivella discursa após ser eleito prefeito do Rio

O novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), eleito no domingo (30), fez agradecimentos nominais a 22 apoiadores em seu primeiro discurso após a confirmação da vitória sobre Marcelo Freixo (PSOL), no segundo turno do pleito municipal. A festa de comemoração ocorreu na sede do Bangu Atlético Clube, em Bangu, na zona oeste carioca. Crivella abriu e fechou o discurso com tom religioso. Em cerca de oito minutos no palanque, ele citou a palavra "Deus" seis vezes.

No palanque, vereadores, deputados, correligionários e até adversários derrotados no 1º turno da eleição foram lembrados pelo senador e bispo licenciado da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Dez desses 22 nomes ajudam a entender a coalizão política que levou Crivella à prefeitura da segunda maior cidade do país. Veja quem são eles:

André Mourão/ Agência O Dia/ Estadão Conteúdo
Clarissa Garotinho foi responsável pela indicação do vice de Crivella no Rio

Clarissa Garotinho (PR)

Filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, Clarissa, 34, é deputada federal eleita pelo PR. Em 2008, foi eleita vereadora em Campos dos Goytacazes, cidade do norte fluminense considerada berço político de sua família.

Clarissa é apontada como articuladora central da aliança entre Crivella e o PR --o novo vice-prefeito do Rio, o engenheiro Fernando Mac Dowell (PR), foi uma indicação política da família Garotinho. A presença de Garotinho na costura política da chapa de Crivella para a eleição deste ano gerou uma chuva de críticas por parte dos adversários, entre os quais o concorrente do PSOL, Marcelo Freixo, que chegou ao segundo turno.

Crivella negou por várias vezes que o ex-governador será convidado a fazer parte de sua gestão. O partido, porém, deve indicar representantes para uma ou mais secretarias.

Divulgação
Osorio foi candidato a prefeito no 1º turno. Derrotado, ele declarou apoio a Crivella

Osorio (PSDB)

O deputado estadual e ex-secretário de Transporte Carlos Roberto Osorio foi o representante do PSDB na disputa pela Prefeitura do Rio. Obteve 8,6% dos votos válidos no primeiro turno, sendo o sexto mais votado. No 2º turno, o tucano declarou apoio a Crivella e chegou a participar da campanha do concorrente do PRB.

Foi eleito para seu primeiro mandato no Legislativo em 2014, quando ainda era filiado ao PMDB. Preterido no processo de escolha para sucessão de Paes --o candidato do PMDB foi Pedro Paulo Carvalho--, acabou deixando o partindo e se filiando ao PSDB, onde encontrou espaço como protagonista.

Hoje, é uma das lideranças tucanas no cenário político carioca, e seu nome é cotado para integrar o secretariado do governo de Crivella.

Reprodução/Facebook
Com microfone na mão, Indio discursa em convenção do PSD antes da eleição

Indio da Costa (PSD)

O deputado federal Indio da Costa foi o candidato do PSD a prefeito do Rio e obteve quase 9% dos votos válidos, sendo o quinto na preferência do eleitorado. Declarou apoio a Crivella no segundo turno e participou ativamente da campanha do candidato do PRB, com inserções de TV e outras atividades.

A carreira de Indio começou sob tutela política do ex-prefeito e hoje vereador Cesar Maia (DEM), mesma situação vivida pelo atual prefeito, Eduardo Paes. Depois, já foi vereador, deputado federal e também ocupou o cargo de secretário estadual de Meio Ambiente na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Em outubro de 2015, rompeu com Paes e formalizou a saída do PSD da base governo municipal para lançar sua candidatura à Prefeitura do Rio. Seu nome também é cotado para integrar o secretariado da gestão Crivella.

Moreira Mariz/Ag?ncia Senado/
Lopes ocupou cargo de senador quando Crivella foi ministro da Pesca do governo Dilma

Eduardo Lopes (PRB)

Eduardo Lopes é o suplente de Crivella no Senado. Assumiu o cargo no Congresso durante boa parte da campanha eleitoral do prefeito eleito no domingo. Em 2014, quando Crivella foi candidato a governador do Rio, Lopes também substituiu o bispo licenciado da Universal, que ocupava o cargo de ministro da Pesca e da Aquicultura na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.

A trajetória de Lopes e a inserção na política também estão associadas à IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Ele é pastor e foi apresentador de programas de TV e rádio da instituição evangélica. Exerce a função de diretor-presidente do Jornal Folha Universal e da Editora Gráfica Universal, empresas criadas e administradas pela igreja.

Willian Oda / AgNews
Wagner Montes é apresentador de TV e deputado estadual pelo PRB

Wagner Montes (PRB)

Wagner Montes é deputado estadual pelo PRB no Rio, além de apresentador de rádio e TV. Iniciou sua carreira como comunicador fazendo reportagens policiais ainda na década de 1970. Foi jurado da Show de Calouros de Silvio Santos e, em 2003, começou a trabalhar na Record, emissora ligada à Igreja Universal e que pertence ao bispo Edir Macedo, tio de Crivella.

Três anos depois, em 2006, afastou-se da TV para disputar a eleição. Conquistou uma vaga na Alerj e foi reeleito em 2010 e em 2014. Wagner Montes é hoje filiado ao PRB, partido de Crivella. Na Alerj, é 1º vice-presidente da Mesa Diretora.

Marcos Oliveira/Agência Senado
Romário é senador e liderança política do PSB no Rio de Janeiro

Romário (PSB)

Romário foi eleito senador pelo Rio com mais de 4,6 milhões de votos, em 2014, sendo o mais votado entre os concorrentes ao cargo. Ex-jogador de futebol, foi considerado o melhor jogador do mundo em 1994, quando liderou a seleção brasileira na conquista da Copa do Mundo, nos Estados Unidos. Entrou para a política em 2010, ano no qual se elegeu deputado federal.

Na Câmara, Romário fez várias críticas à Fifa durante a preparação do Brasil para o Mundial de 2014. Neste ano, o ex-atleta chegou a anunciar que seria candidato a prefeito do Rio. Após romper uma aliança com Eduardo Paes, Romário convocou uma entrevista e lançou sua candidatura, em junho. Um mês depois, porém, o senador desistiu de concorrer à Prefeitura do Rio. Em setembro, oficializou seu apoio a campanha de Crivella e tornou-se um dos principais aliados do candidato do PRB na cidade.

Divulgação
Empresário e vereador, Marcelino é natural de Bangu, bairro da zona oeste carioca

Marcelino D'Almeida (PP)

Marcelino D'Almeida, 63, é empresário e está na política há mais de 20 anos. Seu reduto eleitoral também está em Bangu, bairro da zona oeste carioca, onde houve a festa de Crivella após a confirmação da vitória nas urnas. Eleito vereador pela primeira vez em 2000, está atualmente no terceiro mandato na Câmara. Durante esse período, também ganhou uma eleição para deputado estadual (2006) e ocupou o cargo de secretário municipal de Governo na gestão do ex-prefeito César Maia (2004-2008).

Há oito anos, Marcelino teve seu nome citado em uma investigação a respeito de fraudes em benefícios recebidos por deputados na Alerj. Ele chegou a responder a processo na Comissão de Ética do Legislativo fluminense e foi também alvo de investigação do Ministério Público do Estado, mas foi inocentado em ambos os casos. Ao UOL, Marcelo afirmou que, à época, estava licenciado do cargo de deputado pelo DEM. "Na verdade, houve uma denúncia contra o meu suplente e eu tive que responder por isso. Mas eu fui totalmente inocentado e tudo foi esclarecido", disse o parlamentar.

Flickr/Câmara Rio
Jorge Felippe é vereador pelo PMDB e presidente da Câmara Municipal do Rio

Jorge Felippe (PMDB)

Presidente da Câmara Municipal do Rio, o veterano Jorge Fellipe é um dos caciques do PMDB na cidade e está em seu quinto mandado como vereador. Natural de Bangu, bairro da zona oeste carioca onde Crivella comemorou sua vitória na eleição deste domingo (30), o parlamentar teve, em junho de 2015, seus bens bloqueados pela Justiça por suspeita de corrupção.

O chefe do Executivo municipal também teve seu nome citado nas planilhas de Benedicto Barbosa, alto executivo do grupo Odebrecht, apreendidos na 23ª fase da Operação Lava Jato. Os documentos indicam possíveis repasses da empreiteira para mais de 200 políticos de 24 partidos políticos.

Ao UOL, Felippe afirmou que "os fatos noticiados e que lhe dizem respeito já foram esclarecidos à Justiça". O parlamentar nega ter movimentado recursos no exterior, "seja em seu nome ou no nome de terceiros", e afirmou que todos os seus bens no Brasil foram "devidamente declarados aos órgãos competentes".

Divulgação/Facebook Jairinho
Filho de deputado, Jairinho é vereador e representa o PMDB na Câmara do Rio

Jairinho (PMDB)

Jairinho, 38, é médico e vereador no Rio eleito pelo PSC. Filiado ao PMDB, ele acaba de ser reeleito para seu quarto mandato consecutivo na Câmara Municipal. Filho do deputado estadual Coronel Jairo (PMDB), Jairinho tem grande influência política em Bangu, na zona oeste, o mesmo bairro onde Crivella comemorou sua vitória na eleição. O pai do parlamentar é presidente de um clube de futebol, Céres Futebol Clube, que atualmente disputa a Série B do Campeonato Carioca.

Em 2008, Jairinho e seu pai foram investigados pela polícia e pela CPI das Milícias, na Alerj, por suposto envolvimento com grupos paramilitares. Na época, suspeitou-se que ambos teriam participação no sequestro de uma equipe de reportagens do jornal "O Dia", que apurava histórias sobre a influência da milícia no Batan, favela da zona oeste. Ambos foram inocentados. O vereador afirmou ao UOL que "todos os órgãos que investigaram já atestaram que a acusação foi um grande equívoco". Ele disse ainda que orientou lideranças de seu grupo político a apoiar Crivella no segundo turno e, or isso, recebeu um agradecimento do prefeito eleito.

Divulgação/Facebook Lucinha
Lucinha é deputada estadual e tem carreira política ligada à zona oeste do Rio

Lucinha (PSDB)

Lucinha é deputada estadual pelo PSDB e tem carreira política vinculada à zona oeste do Rio, região historicamente controlada pelas milícias. A parlamentar está na vida pública desde a década de 80. Junto com Leonel Brizola, foi uma das fundadoras do PDT fluminense. Já em 1992, concorreu pela primeira vez e ganhou a eleição para a Câmara Municipal.

Desde então, cumpriu sucessivos mandatos no Legislativo como vereadora. Em 2010, elegeu-se deputada estadual pelo PSDB e foi reeleita em 2014. Lucinha é a principal cabo eleitoral de seu filho, o Júnior da Lucinha, também citado por Crivella em seu discurso após a vitória no domingo. Procurada pelo UOL para comentar seu vínculo com Crivella, Lucinha não respondeu à reportagem.

"Todos me ajudaram", diz Crivella

Questionado pelo UOL, o prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que todos os nomes citados no discurso "participaram da campanha" e o "ajudaram". "Todos acreditaram no meu projeto de mudar o Rio de Janeiro. Foram pessoas importantes, que me deram apoio, que me deram conselhos, que me ajudaram e estiveram ao meu lado", declarou ele.

Ainda de acordo com Crivella, a costura política do período eleitoral não resultará em distribuição de cargos. Ele afirmou que seu "secretariado será técnico" e "marcado pela excelência e pela história da pessoa naquele determinado setor". "A política é feita de alianças, ninguém governa sozinho. As alianças são essenciais na discussão de propostas na Câmara de Vereadores, por exemplo, para a aprovação de projetos. O que não quer dizer que o governo será fatiado, que o critério técnico será esquecido."

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