Grande maioria dos eleitos vai virar ficha-suja, diz entidade de municípios
Do UOL, em São Paulo
Presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski acredita que a maioria dos prefeitos eleitos em outubro não conseguirá cumprir suas promessas de campanha. E muitos podem até sofrer com a Lei da Ficha Limpa por causa da difícil situação fiscal vivida pelas administrações municipais.
"Com as medidas que o governo vem adotando, como a PEC 241, [o prefeito eleito] já sabe que vai entrar em colapso. [Afeta] ainda mais o cidadão mais desprotegido. Não que não tenha que ter ajuste, mas como você vai falar de Plano Nacional de Educação, creche, merenda escolar, como vai falar em saúde, saneamento, violência, esgoto? Tem candidatos falando em atuar na segurança, que é competência do Estado, quando não têm um centavo para aplicar numa creche. A grande maioria [dos prefeitos eleitos] vai virar ficha-suja", disse Ziulkoski em entrevista ao UOL.
Para ele, o discurso renovador dos eleitos encontrará um grande obstáculo nas contas municipais. "A situação é crítica e quase caótica", disse o presidente da entidade de municípios. "De 3.300 municípios que já informaram sobre a situação de suas contas, dados de julho e agosto já mostravam que 77% das prefeituras estão no vermelho."
O presidente da CNM, que foi prefeito da pequena cidade de Mariana Pimentel (RS), apontou a PEC 241, que congela os gastos públicos e foi aprovada em dois turnos na Câmara, como um fator limitador dos investimentos municipais em áreas como saúde e educação. Transformada em PEC 55, ela agora tramitará no Senado.
Apesar de a PEC limitar apenas os gastos da União, boa parte dessa verba são repassadas aos Estados e municípios. Ziulkoski afirmou que o ajuste fiscal é importante, e que a entidade vem orientando os prefeitos a fazer um "ajuste fiscal profundo". Mas o congelamento de investimentos afetaria a manutenção de serviços públicos essenciais.
"Houve uma renovação grande porque você entrou com uma proposta e não cumpriu, mas não vejo como fazer milagre. Você vai parar de recolher lixo, luz, auxílio para remédio e isso vai traumatizar o cidadão."
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