A reeleição do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), representa uma derrota política para o presidente do Senado, Renan Calheiros, e para seu filho, o governador Renan Filho, ambos do PMDB.

O tucano venceu neste domingo (30) com 60,27% dos votos, contra 39,73% do deputado federal Cícero Almeida (PMDB), seu antecessor no cargo.

Mais uma vez, os Calheiros saíram derrotados de uma disputa nas urnas para um adversário da família Palmeira. Em 1988, Renan Calheiros havia perdido a disputa para a Prefeitura de Maceió para Guilherme Palmeira, pai de Rui.

Além da capital, o PMDB perdeu os embates eleitorais nas três maiores cidade do interior alagoano: Arapiraca, Rio Largo e Palmeira dos Índios.

Dificuldades para os Calheiros em 2018

O revés eleitoral indica, ainda, dificuldades futuras para o grupo político dos Calheiros, já que Rui Palmeira tem o nome fortalecido para a eleição ao governo de Alagoas, em 2018.

Investigado em nove inquéritos no STF ligados à operação Lava Jato e envolvido em polêmicas com o Poder Judiciário, o senador também deve enfrentar dificuldades para manter seu mandato em 2018, pois perdeu importantes aliados durante a campanha municipal, a exemplo do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT).

"Eu decidi apoiar o prefeito, e os Calheiros não aceitaram. Por isso romperam comigo e exoneraram do governo o secretário que era do nosso partido", afirmou Lessa, em entrevista à "Folha".

'Participação excessiva' na campanha

O presidente do Senado patrocinou a ida de Cícero de Almeida para o PMDB e foi o principal cabo eleitoral para que seu nome fosse aprovado pelo partido para a disputa municipal. Renan chegou a dizer publicamente, antes do começo da campanha, que seu grupo político derrotaria nas urnas o atual prefeito.

Já o governador Renan Filho esteve muito presente no programa eleitoral de TV de Cícero Almeida. Tamanha era a presença dele que chegou a ser acusado, pelo prefeito de Maceió, de "participação excessiva". 

Rui Palmeira tentou impedir na Justiça que Cícero Almeida usasse depoimento do governador em um dos programas, mas a Justiça não acolheu o pedido. Devido aos ataques de Palmeira a Almeida, o peemedebista conseguiu 36 minutos de direito de resposta distribuídos no programa eleitoral.

O governador classificou como "censura" a tentativa de Palmeira de tirá-lo do programa eleitoral e afirmou que "todos têm direito a declarar o seu voto, inclusive o governador do Estado".