O atual prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), vai permanecer no cargo por mais quatro anos. Ele foi reeleito em cima do candidato do PT, João Paulo.

Julio disputou o Executivo municipal pela Frente Popular do Recife, composta por 20 partidos, a maior coligação já formada na capital pernambucana - PSB, PCdoB, PMDB, PSD, PDT, PR, PP, PPS, Rede, Solidariedade, PTC, PMB, PEN, PPL, PRTB, PSDC, PSC, PROS, PHS e PRP.

A chapa manteve Luciano Siqueira (PCdoB) como vice - ele já foi vice-prefeito de João Paulo (PT) quando o petista à frente da prefeitura entre 2001 e 2008.

O PSB foi o terceiro partido mais votado no primeiro turno das eleições no país, com 8,3 milhões de votos, elegendo 534 prefeitos. 

A legenda é presidida pelo atual vice-governador de São Paulo, Márcio França, e virou um dos principais suportes para uma eventual candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, à Presidência da República em 2018. Alguns integrantes do partido sugeriram que o chefe do Executivo paulista mude de legenda e se candidate a presidente pelo PSB.

Alckmin nega ter interesse na mudança, mas tem protagonizado uma aproximação com a cúpula pernambucana do PSB, da qual faz parte Geraldo Julio. O prefeito de Recife integra a Executiva Nacional do PSB e, desde 2014, desempenha a função de secretário-geral do partido. 

O "não político" que virou prefeito

Diferente do que aconteceu na campanha deste ano, em 2012 Julio foi eleito prefeito do Recife logo no primeiro turno, com 51,15% dos votos válidos. Naquele ano, o candidato do PSDB, Daniel Coelho, ficou em segundo lugar, com 27,65% dos votos válidos.

Na época, Geraldo Julio era apadrinhado pelo então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que morreu em 2014 em um acidente aéreo durante campanha à Presidência da República. Entre 2007 e 2012, durante a gestão de Campos, Julio foi secretário de Planejamento e Gestão, de Desenvolvimento Econômico e presidente de Suape - porto pernambucano que tem como nome oficial Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros.

Campos apoiou a candidatura de Geraldo Julio, e o atual prefeito do Recife acabou sendo indicado pela direção estadual do PSB para disputar o Executivo municipal sem nunca ter participado de nenhuma eleição na vida.

Formado em Administração de Empresas pela UPE (Universidade de Pernambuco), com especialização em gestão pública, Geraldo Julio pode ser enquadrado em um perfil de candidato que ganhou força nas eleições deste ano em diversas cidades brasileiras: o de candidatos "não políticos", cuja imagem se desvinculava da política tradicional, apesar de nunca ter levantado essa bandeira claramente durante a campanha.

Essa mesma estratégia foi usada pelo prefeito eleito de São Paulo, JoãoDoria (PSDB), durante sua campanha, que foi apoiada por Geraldo Alckmin e lançada pelo PSDB, mesmo com a discordância de figuras importantes do partido. Doria foi eleito no primeiro turno, algo inédito na história política da capital paulista. 

Queda do PT

O PT conseguiu eleger apenas um prefeito nas 27 capitais brasileiras: Marcus Alexandre, em Rio Branco (AC). O ex-prefeito do Recife João Paulo (PT) era a chance do partido de conseguir emplacar outro prefeito em uma das principais capitais do país. 

A eleição de Geraldo Julio em 2012 encerrou um ciclo de 12 anos do PT à frente da Prefeitura do Recife.

Nas eleições de 2008, o então prefeito do Recife, João Paulo, conseguiu eleger o seu afilhado político, João da Costa, secretário do Orçamento Participativo, no primeiro turno, com 51,54% dos votos válidos. Na eleição seguinte, o candidato do PT, Humberto Costa, não conseguiu chegar ao segundo lugar do pleito.

Na Câmara Municipal do Recife, em 2012, o PT conseguiu eleger cinco vereadores, sendo o segundo partido com o maior número de ocupantes. O primeiro foi o PSB, com seis parlamentares.

Em 2016, o número de vereadores petistas eleitos caiu para dois, já o do PSB subiu para oito, sendo o partido que mais elegeu parlamentares para o Legislativo municipal. O PP, PSC e PRTB conseguiram eleger, cada um deles, três vereadores. 

Alta popularidade e novos desafios

A alta popularidade de Eduardo Campos contribuiu para que então o seu secretario fosse eleito prefeito em 2012. Campos já foi considerado o melhor governador do Brasil, em levantamento feito em 2010 pelo Datafolha. O ranking seguia como critério principal a nota média atribuída aos governadores, em uma escala de zero a dez, pelos moradores de cada Estado.

Com a morte de Campos, o início da campanha de Geraldo Julio em 2016 foi marcada por incertezas, mas acabou ganhando apoio das maiores lideranças políticas de Pernambuco. A vitória de Julio é considerada um trunfo nacional do PSB.

Além disso, Geraldo Julio termina seu primeiro mandato com um bom índice de aprovação entre os recifenses. Segundo pesquisa Ibope, sua gestão é aprovada por 63% dos 1.001 eleitores entrevistados entre os dias 14 e 16 de outubro pelo instituto.