Tumultos, oração e Carnaval: como foi a festa da vitória de Crivella no Rio

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

A festa da vitória do prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), teve de quase tudo na noite deste domingo (30). Em pouco mais de uma hora, da chegada à saída do Bangu Atlético Clube, na zona oeste da cidade, o vencedor das eleições municipais se viu no meio de um tumulto provocado pela grande concentração de apoiadores, cantou uma de suas músicas, rezou um "Pai Nosso" com os militantes e encerrou a comemoração ao som da bateria da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Crivella, que é senador e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, teve a vitória sobre o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) confirmada por volta das 18h30. Nesse momento, ele estava agradecendo eleitores na rua.

Uma hora depois, chegou, acompanhado da mulher, Sylvia Jane, da mãe, dona Eris, 82, e de uma filha, Rachel. Muito abraçado e fotografado por apoiadores, ele entrou no clube pelo salão --que havia sido reservado à realização de uma entrevista coletiva a jornalistas, mas havia sido tomado por dezenas de militantes e aliados.

O primeiro tumulto ocorreu após um pronunciamento de cerca de oito minutos, quando Crivella agradeceu aos eleitores e a Deus, diversas vezes. Justificando que não havia condições para que os repórteres que esperavam no local há horas fizessem perguntas, Crivella anunciou que falaria com a imprensa em outro momento e resolveu deixar o salão com destino ao ginásio do clube, onde se encontravam centenas de apoiadores.

Júlio César Guimarães/UOL
Palco para comemoração de Crivella ficou lotado de aliados, familiares e militantes

Quando tentaram sair do espaço, o candidato, seus aliados e sua família foram espremidos ao passarem por uma porta que dava acesso ao fundo do palco do salão. Nesse momento, a mãe do candidato passou mal por conta do empurra-empurra e do calor excessivo. No ginásio do clube, para onde eles se dirigiram em seguida, o mestre de cerimônias pediu calma aos militantes e informou que houve pessoas pisoteadas durante a confusão.

O palco, por sua vez, logo foi tomado por dezenas de pessoas, apesar dos pedidos de que apenas parlamentares e familiares acompanhassem Crivella naquele momento. Entre os aliados políticos estavam os deputados federais Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Clarissa Garotinho (PR-RJ) e três dos seus concorrentes no primeiro turno, que se tornaram aliados no segundo: o deputado federal Indio da Costa (PSD-RJ) e os deputados estaduais Carlos Roberto Osorio (PSDB-RJ) e Flávio Bolsonaro.

Crivella foi o único a falar aos militantes, que respondiam com gritos e aplausos e estavam concentrados diante do palco, ocupando menos da metade da quadra do ginásio. Com a oratória característica de pastor, o prefeito eleito contou histórias, cantou a música "Chegou nossa hora", um dos jingles da campanha, e convidou os presentes a fazerem a oração do "Pai Nosso", dizendo que essa foi uma sugestão de um padre católico –recado indireto a quem o acusou, durante o período eleitoral, de intolerância religiosa.

Neste momento, muitos dos que estavam no ginásio deram as mãos e ergueram-nas para o alto, fazendo com que o evento lembrasse um culto evangélico. "Amém, amém, amém", repetiu Crivella, que, em seguida, mencionou a presença de uma ativista LGBT que o apoiou durante a campanha e dizer "não ao preconceito". O clima religioso foi quebrado pela bateria da Mocidade, que havia entrado no ginásio pouco depois de Crivella.

A saída do senador do local foi motivo de outro grande tumulto. Quando desceu do palco em direção ao carro, cercado por pelo menos dez seguranças nada delicados, o prefeito eleito foi novamente espremido pelo público.

Análise: Com Crivella eleito, a grande vitória é da Igreja Universal

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