Tucano sinaliza corte de cargos em Porto Alegre e prazo para atingir metas

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

O prefeito eleito de Porto Alegre (RS), Nelson Marchezan Júnior (PSDB), voltou a indicar, neste domingo (30), que deve reduzir a estrutura do governo e cobrar o cumprimento de metas pela equipe. É a primeira vez que o PSDB assume a prefeitura da capital.

"Meus secretários deverão ter a grandeza de pedirem para sair se, em quatro ou cinco meses, não atingirem as metas. Tem que ter essa grandeza. O interesse público está acima do interesse partidário", disse o tucano, após o anúncio da vitória.

"Vamos começar de zero as secretarias e vamos ver quantas são necessárias. Vamos começar de zero cargos de confiança e veremos quantos vão ser necessários", disse.

Marchezan disse que pretende desburocratizar a estrutura de governo --a prefeitura tem hoje 37 secretarias-- e que, se pudesse, governaria sem secretarias nem assessores.

"Quanto mais secretarias, mais distante fica a prefeitura do eleitor. Vamos ter uma estrutura extremamente enxuta e competente. A ideia é resultado. O que for melhor para o resultado, em termos de gestão, vai ser. Vamos chamar as melhores pessoas do país para nos ajudar", afirmou.

Sem maioria na Câmara

Análise: Marchezan só vai ter governabilidade se fizer alianças

Em uma entrevista coletiva, o tucano agradeceu o apoio político no segundo turno --especialmente de PTB e PP-- e disse que vai colocar as pessoas acima dos partidos e das instituições para administrar a cidade "de forma diferente".

Sem maioria na Câmara, Marchezan disse que pretende buscar apoio de todos os vereadores eleitos, independentemente dos partidos políticos.

"Os vereadores se elegeram sabendo das dificuldades e do novo momento político da cidade e do país. Todos percebem que há ventos de mudança. Vou conversar com todos. Sempre parto do princípio da boa fé das pessoas", afirmou.

Derrota para o governador

Marchezan foi eleito com mais de 400 mil votos (60,5% dos válidos), com uma diferença superior a 150 mil votos sobre seu adversário, o peemedebista Sebastião Melo.

O índice de votos nulos, brancos e de abstenções surpreendeu, com 44% --ficou acima dos 38% do primeiro turno--, ou seja, a maior parte dos eleitores não escolheu nenhum dos dois candidato.

A vitória do tucano surpreendeu porque o PSDB não tem estrutura política em Porto Alegre --no primeiro turno, por exemplo, o partido elegeu apenas um vereador. Além disso, o diretório municipal está sob intervenção da direção estadual desde 2015 devido ao baixo quociente eleitoral.

O segundo turno também representou uma derrota política para o governador José Ivo Sartori (PMDB), que não elegeu seus candidatos em Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas e Santa Maria. Em Pelotas, a derrota já havia ocorrido no primeiro turno. O resultado deve provocar uma reforma no secretariado de Sartori ainda antes do final do ano.

Comemoração no comitê

Marchezan chegou ao comitê central de campanha por volta de 17h40.

O clima no comitê era de festa desde o meio da tarde e, a partir das 16h, o local começou a receber apoiadores. A entrada de pessoas foi controlada com a distribuição de pulseiras. A avenida em frente ao local foi interditada e um grupo comemorava ao som de um trio elétrico.

Como Marchezan levou o PSDB ao comando de Porto Alegre pela 1ª vez

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