No maior colégio de votação, paranaenses desconhecem razão de ocupações

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

  • Janaina Garcia/UOL

    Rafaelly Silva, eleitora em Curitiba (PR), é contra as ocupações das escolas

    Rafaelly Silva, eleitora em Curitiba (PR), é contra as ocupações das escolas

O Centro Politécnico da UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Curitiba (PR) se tornou neste segundo turno o maior ponto de votação do país, com 28 mil eleitores. Isso só foi possível porque 23 mil pessoas desse contingente tiveram de mudar o local de votação em razão da ocupação das escolas por estudantes secundaristas –que, desde o começo do mês, protestam contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que impõe um teto de gastos à União pelos próximos 20 anos, e a MP (Medida Provisória) 746, que trata da reforma do ensino médio.

Apesar das três semanas de ocupação e da mudança do local de voto, porém, eleitores entrevistados pelo UOL mostraram desconhecer a razão alegada pelos estudantes para o movimento, que, na última sexta, teve ordenada a reintegração de posse de 25 colégios da capital paranaense.

"A distância para eu ir votar até que não mudou tanto assim, mas não vejo motivo mais motivo para os estudantes protestarem, sou totalmente contra", disse o advogado Alexandre Grellert, 33.

Indagado sobre a razão das ocupações, o advogado respondeu: "Contra a PEC 341 [sic]. Se fosse a Dilma quem tivesse feito isso, eles a estariam aplaudindo", afirmou, referindo-se à PEC 241. A mulher dele, a professora Jussara Stipa, 21, concorda. "Eles protestam na verdade é contra o governo Temer, e não por uma educação melhor", defendeu.

Para a auxiliar de controladoria Barbara Ramirez, 22, que vota em colégio hoje ocupado, "no começo eu até era a favor dos estudantes, mas, agora, sou contra". Com ela, o assistente bancário Rodolfo Lopes, 22, resumiu: "O que eu acho das ocupações é que elas são desagradáveis, só isso".

Janaina Garcia/UOL
O caminhoneiro Geovani Eduardo Castro foi votar acompanhado da filha


O caminhoneiro Geovani Eduardo Castro, 34, afirmou que não sabia a razão das ocupações dos colégios –foi alertado pela mulher de que teria de mudar o local de voto. "Nem estou sabendo o porquê de estarem nas escolas; eu estava viajando e fiquei duas semanas fora", alegou.

O cobrador Diogenes Ribeiro da Fonseca Junior, 49, por sua vez, se disse a favor dos secundaristas. "Eles estão no direito de persistir na luta deles, que é por educação de melhor qualidade. O que não pode é haver violência", frisou.

Mãe e filha, as corretoras de imóveis Cilene Bernardi, 40, e Vera Lúcia da Luz, 63, mencionaram uma suposta greve dos estudantes –a greve, na realidade, é dos professores da rede estadual.

"Os alunos estão na razão deles com essa greve, eu acredito", falou Vera. "Sou filha de educadores", fez questão de pontuar. "O fato é que a mudança de local de votação nos atrapalhou bastante –ainda que o novo local tenha menos muvuca que na escola", completou a filha.

As irmãs Fabielly, 31, e Rafaelly Silva, 36, autônomas, se mostraram contra as ocupações e a consequente mudança de local de votação. "Eu nem viria votar, acho muita sacanagem essa mudança. Só vim porque uma amiga, que é mesária, disse que estava tranquilo", comentou Fabielly.

"Sou contra escola ocupada. Pelo que entendo, os alunos queriam cortar disciplinas como sociologia e filosofia, não é?", indagou Rafaelly. Informada que a razão do protesto contra a MP do ensino médio era contra o corte de disciplinas como essas, ela concluiu: Não me informei muito. Mas sei que a ocupação atrapalha, por exemplo, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)".

Janaina Garcia/UOL
As corretoras de imóveis Cilene Bernardi, 40 (esq), e Vera Lúcia da Luz, 63, votaram em Curitiba

TRE-PR: Procura por escolas ocupadas foi baixa

Em visita a alguns locais de votação com equipes do Tribunal, hoje pela manhã, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Luiz Fernando Keppen, afirmou que a procura de eleitores para votar em escolas que estão ocupadas "foi muito baixa". "Sinal de que os comunicados que fizemos e as notícias pela imprensa surtiram efeito", avaliou.

Em todo o Estado, além de Curitiba, haverá segundo turno também nas cidades de Maringá, no noroeste paranaense, e em Ponta Grossa, na região central do Estado.

Sobre a apuração dos votos, Curitiba tende a ser, a exemplo de 2012, a capital  brasileira com apuração mais rápida neste segundo turno: o presidente do TRE-PR estima que até as 17h30 o eleitor saiba quem será o futuro prefeito, ou seja, meia hora após o encerramento da votação. Na última eleição, por exemplo, o resultado foi conhecido às 17h40 --então o mais rápido do país.

Números do 2º turno no PR

A maioria dos 206 novos locais de votação do segundo paranaense está na capital, com 147 pontos, seguida de Maringá (32) e Ponta Grossa (27). Segundo o TRE-PR, a medida gerou um impacto de pouco mais de R$ 3 milhões no custo das eleições paranaenses este ano, que era de R$ 22 milhões.

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos