Eleitores de Freixo encaram derrota com festa e cerveja no centro do Rio
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
-
Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Apoiadoras do candidato derrotado acompanham seu discurso após o resultado da apuração
A derrota de Marcelo Freixo (PSOL) nas urnas resultou em lágrimas para alguns jovens que apoiavam o candidato do PSOL a prefeito do Rio de Janeiro e estavam na praça da Cinelândia, neste domingo (30), acompanhando a apuração. O clima geral no local, no entanto, era de alegria, descontração e bate-papo.
A militância que apoiou Freixo no último dia destas eleições estava mais para comemoração do que para lamentação. Esse sentimento foi observado pelo próprio candidato, que, no palanque, afirmou: "Hoje é dia de celebração e festa entre a gente. Fizemos a campanha mais bonita da história deste país."
Após os discursos de Freixo, da vice dele, Luciana Boiteux (PSOL), e do deputado federal Chico Alencar (PSOL), o público que compareceu à Cinelândia fez a alegria de ambulantes e donos de bares da região. O bar e restaurante Amarelinho, um dos mais tradicionais da cidade, estava lotado por volta das 21h. O mesmo ocorreu nos botequins da rua Álvaro Alvim, nos arredores do Teatro Rival.
"A gente foi muito além do que se imaginava lá no primeiro turno. O Freixo fez uma campanha modesta, com pouco tempo de TV, e ainda assim chegou para brigar de igual para igual no segundo turno. É um sinal de esperança", comentou a estudante de psicologia Amanda Carneiro, 23, enquanto bebericava sua cerveja.
O designer Fábio Neto também destacou o sentimento de ter superado limites: "Quem imaginava que hoje essa praça estaria lotada, mesmo com uma derrota que já estava prevista? Acho que a gente tem, sim, o que comemorar."
Para o candidato do PSOL, que agora volta às suas atividades regulares como deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), a campanha na disputa à Prefeitura do Rio foi "belíssima" e "feita com amor e afeto". "Uma campanha que devolveu esperança, alegria. A gente não ganha nas ruas, mas coloca essa quantidade de gente na praça pública. Disputamos o sentido da política, e tem uma nova maneira de fazer política que nasce no Rio."
"Chegamos a mais de um milhão de votos. Isso em uma campanha que teve 11 segundos de TV no primeiro turno. Disputamos de maneira importante e resignificamos a política no Rio. Foi uma campanha vitoriosa a ponto de trazer essa quantidade de gente para a praça pública mesmo não tendo ganhado o segundo turno. Não se ganha só uma prefeitura, se ganha no sentido de fazer política e na maneira de se organizar em um momento de tanta crise de esperança."
O deputado afirmou considerar que a "luta política" não se resume apenas ao resultado eleitoral. Destacou, por fim, que pretende continuar organizando debates e atividades nos bairros cariocas a fim de incentivar e agrupar a militância.
"É uma crise grande que toda a esquerda vive. A gente sabe o que significou esse momento da política. Mas a gente aqui no Rio faz um programa, discute uma cidade mais justa e chega ao segundo turno dessa maneira. A luta política não se termina com uma eleição. Organizamos esse programa nos bairros e vamos continuar fazendo isso. Quero visitar cada bairro do Rio de Janeiro. A minha luta política não é só pelo interesse eleitoral."