Durante campanha, Crivella comete equívocos em 75% das declarações

Tai Nalon

Do Aos Fatos, no Rio de Janeiro

  • Marcello Dias/Futura Press/Ag. Estado

    Os candidatos à prefeitura do Rio Marcelo Freixo (PSOL, à esq.) e Marcelo Crivella (PRB) no último debate da campanha, organizado pela Rede Globo

    Os candidatos à prefeitura do Rio Marcelo Freixo (PSOL, à esq.) e Marcelo Crivella (PRB) no último debate da campanha, organizado pela Rede Globo

O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), e o candidato derrotado no segundo turno, Marcelo Freixo (PSOL), cometeram erros em 72% das declarações verificadas pela plataforma de checagem Aos Fatos durante todos os debates televisivos do primeiro e do segundo turno das eleições deste ano.

Em parceria com o UOL, Aos Fatos analisou a veracidade das declarações feitas pelos postulantes às prefeituras do Rio e de São Paulo durante todos os debates televisivos desta campanha. No caso de Crivella, a plataforma viu que 75% de suas afirmações tiveram algum grau de equívoco.

A maior parte de suas declarações incorretas decorre de falta de precisão com números ou ausência de contexto: 47%. Durante toda a campanha carioca, 50% das afirmações consideradas equivocadas proferidas não só por Crivella, mas por todos os seus oponentes, também tiveram essa característica em comum.

Júlio César Guimarães/UOL
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Exemplo disso foi quando o prefeito eleito afirmou, no debate da TV Globo, na última sexta-feira (28), que não fez alianças em sua campanha ao Senado, em 2010, que, segundo ele, teve contas "modestas". Ele já tinha dado declaração semelhante em entrevistas anteriores.

Crivella de fato se elegeu senador pelo PRB em 2010 sem coligação. No entanto, entre os doadores do político estava a campanha da então candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, que doou R$ 92,5 mil ao candidato, segundo informações da prestação de conta da campanha de Crivella no site do Tribunal Superior Eleitoral.

Em relação aos valores de campanha de Crivella, em 2010, o candidato arrecadou R$ 2,6 milhões em doações. À época, sua campanha foi a quarta mais cara, em uma disputa que tinha 11 candidatos.

Outra declaração frequente do prefeito eleito foi de que o atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), tirou R$ 1 bilhão da saúde durante seu segundo mandato. De acordo dados da Prefeitura em seu site de prestação de contas, a soma das diferenças entre o orçamento inicial e o efetivamente pago --com restos a pagar-- à Secretaria Municipal de Saúde, entre 2012 e 2016, é de R$ 1,4 bilhão.

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Fenômeno comum nas capitais

O número de declarações equivocadas acompanha um fenômeno verificado também durante o primeiro turno das eleições paulistanas --ali, 77% das declarações feitas pelos candidatos que participaram de debates televisivos tinham alguma incorreção.

Durante toda a cobertura, Aos Fatos procurou escrutinar, de modo equânime, todos os candidatos, de acordo com critérios consolidados em nosso método de checagem: relevância, tempo de exposição na campanha e contundência das declarações prestadas. Como resultado, Aos Fatos checou mais de 160 afirmações nas duas principais capitais do país. Parte delas foi publicada na seção "Não É Bem Assim" do UOL.

Aos Fatos também evita fazer comparações entre os candidatos, já que a campanha é curta e o objetivo do site é avaliar declarações as mais diversas. Além disso, sem checar a totalidade das declarações de todos os candidatos, é equivocado dizer que um ou outro candidato mentiu mais durante a campanha eleitoral. Entretanto, ao lado do UOL, ao checar rigorosamente todos os debates televisivos de Rio e São Paulo, Aos Fatos consolidou a checagem em tempo real como necessidade inequívoca durante campanhas eleitorais no Brasil.

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