De partido mais influente na Grande São Paulo a praticamente desaparecido na região nas eleições municipais de 2016. As derrotas de prefeitos petistas nas disputas de segundo turno em Santo André e Mauá consolidam a perda de espaço do PT no chamado "cinturão vermelho", conjunto de cidades da região metropolitana de São Paulo que eram administradas pela sigla - que inclui, além das duas citadas, São Bernardo, Guarulhos e Osasco, para não falar da capital, São Paulo.

Em Santo André, o tucano Paulinho Serra bateu o atual prefeito Carlos Grana. Já Atila Jacomussi (PSB) derrotou o atual gestor de Mauá, Donisete Braga.

Antes das eleições municipais deste ano, o PT administrava sete cidades do cinturão vermelho. Agora, só resta uma: em Franco da Rocha, tradicional reduto do partido, Kiko Celeguim foi reeleito, com 73,41% dos votos válidos.

O resultado na região metropolitana reflete o péssimo desempenho da sigla nas eleições municipais deste ano em todo Brasil. No primeiro turno, de 644 prefeituras vencidas na eleição de 2012, o PT obteve a vitória em 261 cidades - uma queda de 60%.

Em São Paulo, o PT teve uma de suas derrotas mais simbólicas: na maior cidade do país, o prefeito Fernando Haddad viu o adversário tucano, João Doria, levar a disputa ainda no primeiro turno.

Perdas importantes

A saída do partido da administração em Santo André é considerada uma perda importante, já que o PT havia retornado ao poder em 2012 depois de uma interrupção de uma longa sequência. 

Celso Daniel ganhou em 1996 e se reelegeu em 2000; assassinado em 2002, foi substituído pelo vice-prefeito, o metalúrgico João Avamileno. Este por sua vez se reelegeu em 2004, mas não conseguiu fazer o sucessor. O deputado estadual Vanderlei Siraque foi derrotado pelo vereador Aidan Ravin (então no PTB), em 2008.

A recuperação da Prefeitura de Santo André pelas mãos de outro metalúrgico, Carlos Grana, em 2012, mereceu menção especial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PT também perdeu outras três cidades emblemáticas. Em Guarulhos, onde PT governava havia 16 anos, o ex-prefeito Elói Peita ficou fora do segundo turno. Ele governou a cidade entre 2000 e 2008.

Em São Bernardo do Campo, berço do partido e lugar de residência do ex-presidente Lula, o candidato do PT, Tarcisio Secoli, também ficou de fora da segunda etapa da eleição, ao chegar em terceiro lugar no primeiro turno.

A cidade é governada atualmente por um dos nomes do PT na região, Luiz Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ex-presidente da CUT nacional (Central Única dos Trabalhadores) e ex-ministro do Trabalho e da Previdência. Ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC por anos e nome novo na política local, Secoli era secretário de Serviços Urbanos da prefeitura e era uma aposta de Lula e de Marinho.

Em Osasco, cidade administrada pelo PT por entre os anos de 2004 e o começo de 2016, a queda do PT se deu de forma inusitada. O prefeito Jorge Lapas, eleito pelo partido em 2012, decidiu sair do partido no começo deste ano, e foi para o PDT.

Em carta aberta publicada nas redes sociais, ele alegou como motivos "questões internas dentro do partido na cidade, com a predominância de interesses individuais", e o "momento delicado" que o PT passava em âmbito nacional. No primeiro turno das atuais eleições, o candidato do PT, Valmir Prascicelli, ficou em quinto lugar, com 3,5% dos votos - e isso por que Celso Giglio (PSDB), um nome forte da política local, teve sua candidatura indeferida pela Justiça eleitoral.