Candidatos em BH trocam ofensas, citando familiares e caciques políticos

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

  • Daniel Teobaldo/Estadão Conteúdo

    Alexandre Kalil (PHS, à esquerda) e João Leite (PSDB) participam do debate em Belo Horizonte

    Alexandre Kalil (PHS, à esquerda) e João Leite (PSDB) participam do debate em Belo Horizonte

No quinto e último debate entre os candidatos a prefeito de Belo Horizonte, realizado pela TV Globo na noite desta sexta-feira (28), João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil mantiveram a agressividade, acusações e ofensas pessoais utilizadas à exaustão nos encontros anteriores. Os candidatos falaram, inclusive, das famílias.

Os dois candidatos também buscaram vincular o adversário a caciques políticos. O tucano acusou Kalil de esconder o apoio que recebe do governador Fernando Pimentel (PT), que teria indicado o vice do candidato, o deputado estadual Paulo Lamac (Rede). Lamac deixou recentemente o PT e foi líder de Pimentel na Câmara Municipal, quando foi vereador e o governador prefeito da capital. "(Kalil) se envolveu na lama do PT", disse o tucano.

Kalil, por sua vez, perguntou se, a exemplo do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como referência, qual seria referência de boa conduta para Leite, tentando vinculá-lo ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Leite se esquivou.

"Eu tenho como referência na minha vida a minha mãe, dona Geralda, de 84 anos, que foi xingada por você", disse Leite. "Você xingou minha mãe", afirmou o tucano.

Kalil ironizou a acusação e disse que Leite foi preparado pelos seus marqueteiros para insistir na questão da mulher, e ter divulgado em sua propaganda eleitoral vídeo de Kalil dizendo preferir uma taça a uma mulher, porque "a taça acorda calada". O ex-presidente do Clube Atlético Mineiro disse, em resposta, que as mulheres "são inteligentes" e saberiam "entender uma brincadeira".

Troca de acusações

Kalil também voltou a acusar Leite e o PSDB de ocuparem a Prefeitura de Belo Horizonte há oito anos, participando da administração de Márcio Lacerda (PSB), e terem deixado o município, sobretudo a saúde, em situação ruim. "Foram dois hospitais. Dois hospitais que vocês (Leite e o PSDB) deixaram de entregar para a população. A Urbel (companhia municipal de urbanização de favelas) foi largada, foi abandonada", disse Kalil.

Em outro momento, Kalil acusou Leite de ter empregado uma filha na prefeitura de Belo Horizonte. Leite respondeu que a filha, atualmente, mora no EUA onde trabalha e que ela é uma pessoa "altamente qualificada".

As agressões pessoais deram o tom de diversas falas dos candidatos durante boa parte do debate.

João Leite voltou a acusar Kalil de ter dívidas previdências na Justiça com empregados de suas empresas, e de "gritar" com essas pessoas. "Grita e não paga seus funcionários", disse Leite.  O tucano acusou Kalil de procurar passar uma imagem de "pobre" na campanha. Disse ainda que o adversário é um homem rico, possuir automóveis de luxo, e, mesmo assim, possuir essas dívidas com empregados. "Você (Kalil) é o pobre mais rico do mundo", afirmou Leite.


Kalil respondeu que Leite "nunca teve uma loja de vitamina" e que não saberia dirigir empresas "com 150 mil empregados", a exemplo dele. Disse que a campanha do tucano havia "achado dois ou três empregados para achincalhar a vida das pessoas".

Kalil disse ainda que Leite "não sabia a diferença entre patrimônio de pessoa física e jurídica", assim o acusa por dívidas em suas empresas.

"Você (Leite) cospe no prato que comeu", disse Kalil, que acusa o tucano de já ter ido em seu escritório para pedir recursos para campanhas eleitorais. Leite respondeu que "tinha admiração (por Kalil) mas não tem mais".

Kalil voltou a acusar Leite de "tirar da prisão" estupradores e Leite respondeu que Kalil "não entendia nada de Justiça" e "não sabe que uma pessoa só pode ser solta por um juiz". O tucano ainda afirmou que, ao período que foi membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas Gerais, como deputado estadual, tinha obrigação de verificar a "situação dos presos".

Empate técnico

Kalil e Leite estão tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de votos, com ligeira vantagem para Kalil. De acordo com pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (27), Kalil tem 39% das intenções de voto, Leite aparece com 36%. No primeiro turno da eleição, o tucano teve 33,4% dos votos válidos e Kalil, 26,56%.
 

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