Candidatos em Fortaleza propõem central de remédios e gerir tamanho do SUS

Renato Sousa

Colaboração para o UOL, em Fortaleza

  • Reprodução/Facebook

    A partir da esq., o atual prefeito, Roberto Claudio (PDT), e Capitão Wagner (PR) disputam em Fortaleza

    A partir da esq., o atual prefeito, Roberto Claudio (PDT), e Capitão Wagner (PR) disputam em Fortaleza

O SUS (Sistema Único de Saúde) inchou diante da crise econômica que atinge o país. Com o aumento do desemprego, pessoas que não conseguem mais bancar um plano de saúde particular passam a procurar o serviço público. Fazer as promessas caberem no orçamento desta área essencial vira um desafio ainda maior para os candidatos.

Em Fortaleza, a principal aposta na saúde do deputado estadual Capitão Wagner (PR), que tenta evitar a reeleição de Roberto Claudio (PDT), é na melhoria da gestão dos recursos, e não em grandes obras.

"Na saúde, a melhor proposta é fazer funcionar o que já existe", afirmou em programa eleitoral. Ele diz, porém, que irá concluir os projetos em execução. "Essas obras não são de políticos, são da cidade."

Questionado se não falta ambição em suas ideias, ele nega. "Tenho certeza de que o cidadão, sabendo que naquele posto de saúde tem médico, tem remédio, vai ficar extremamente satisfeito", diz. Wagner afirma que a expansão de estruturas físicas, se não forem acompanhadas do devido planejamento, podem ter o mesmo destino do Hospital de Quixeramobim, que fica a cerca de 200 km de Fortaleza. Inaugurado pelo governo estadual em 2014, levou quase dois anos para começar a atender, o que aconteceu parcialmente apenas em setembro.

O prefeito Roberto Claudio, candidato à reeleição, por sua vez, tem ao menos uma grande obra em execução: a expansão do Instituto José Frota, ou IJF 2. O projeto foi feito após a falta de oferta de leitos que levou os corredores do hospital para os principais telejornais do país. Segundo o prefeito, apenas depois de um ano de estudos, a expansão foi anunciada, após forte pressão feita pelo Sindicato dos Médicos contra os atendimentos em corredores.

Ele afirma que o impacto orçamentário não será grande, porque, por determinação legal, o aumento de leitos na rede terciária (altamente especializada e que usa tecnologia avançada) sempre implica novos repasses estaduais e federais. A expansão não desencadeará a necessidade de novas contratações, pois, de acordo com Claudio, o problema do IJF não é a falta de pessoal. "Ele não atende mais, não interna mais, não opera mais porque falta estrutura física", declara em entrevista ao UOL.

Segundo Roberto Claudio, apesar de a saúde ter sido a área onde sua administração mais investiu recursos, ainda persistem problemas. Entre eles, a falta de remédios nos postos. Ele promete concluir uma grande central de abastecimento, semelhante ao que fazem as grandes redes de farmácias, e equipar todos dos postos de saúde com internet e um sistema de controle de entrega. Assim, a central saberia em tempo real quais postos precisam ser reabastecidos e com quais medicamentos.

A central virou, porém, uma nova frente para ataques de Wagner. O candidato acusa o prefeito de mentir ao afirmar que a central é da prefeitura, quando, na verdade, ela pertenceria a uma organização social, o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), que atende não apenas a prefeitura como o governo estadual. "Um médico que inventa uma história dessa para se eleger não tem o menor respeito pelo sofrimento das pessoas", acusa ele em propaganda eleitoral.

O prefeito rebate. Diz que Wagner distorce as declarações. Claudio afirma ter montado uma central de medicamentos que fica nas instalações do ISGH, mais especificamente no galpão quatro. Os medicamentos lá estocados pertencem à prefeitura e atenderiam, exclusivamente, a demanda dos postos de saúde e do Centro de Apoio Psicossocial, que atuam no tratamento de transtornos psicológicos. "A central foi montada na minha gestão, por ordem minha. Todos os medicamentos ali pertencem à Prefeitura de Fortaleza", diz em programa na TV.

Em nota enviada ao UOL, o ISGH confirma a versão do prefeito. "O galpão 4 é destinado exclusivamente para a atividade de abastecimento de itens de medicamentos e material médico hospitalar para as Unidades de Atenção Primária de Saúde, atualmente um total de 122 unidades (108 Postos de Saúde e 14 Centros de Atenção Psicossocial), todas no município de Fortaleza", afirma a OS.

Ela declara ainda que possui contrato semelhante com o governo do Ceará, também distribuindo remédios para instituições estaduais localizadas em Fortaleza, como as Centrais de Pronto Atendimento e o Hospital Geral Waldemar de Alcântara (HGWA), "não apresentando Contratos de Gestão com nenhum dos outros 183 municípios cearenses".

Wagner também promete criar central semelhante. Mas a principal preocupação é na compra dos medicamentos. De acordo com Wagner, a prefeitura optou por fazer compras no varejo. Com uma central única, seria possível fazer comprar em grandes quantidades, o que reduziria o custo.

No segundo turno, segundo pesquisa Ibope, Claudio ampliou a vantagem e tem 51% das intenções dos votos contra 38% de Wagner. No primeiro turno, Claudio ficou com 40,81% e Wagner com 31,15% dos votos válidos.

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