A quatro dias da eleição de segundo turno em Belo Horizonte, o candidato Alexandre Kalil (PHS) anunciou na noite desta terça-feira (25) que uma dívida acumulada há quase 20 anos relativa ao IPTU (Impostos Predial e Territorial Urbano) com a prefeitura da capital mineira. Kalil disse que pagou o débito de R$ 120 mil, relativo a diversos imóveis que possui, exceto o de um lote, que estaria em litígio com a prefeitura. O empresário tinha prometido na semana passada que quitaria a dívida com a prefeitura "antes de tomar posse".

A prefeitura, no entanto, ainda não confirmou o pagamento. O UOL tentou entrar em contato com assessores da Prefeitura de Belo Horizonte na noite desta terça-feira (25), mas nenhum atendeu às ligações.

 A dívidas do empresário, sobretudo em relação ao IPTU, que é um imposto municipal, tornaram-se as principais armas de acusação contra Kalil, desde a campanha de primeiro turno em Belo Horizonte. O candidato do PHS é proprietário de empresas do segmento de construção civil e desde o começo a disputa admitiu que devia impostos - ele atribui à crise econômica as dificuldades de suas empresas.

Em entrevista ao programa "MG TV", da TV Globo, Kalil disse que sua intenção era parcelar a dívida, mas que não houve acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, sendo obrigado a desembolsar uma quantia maior.

Questionado sobre o fato de suas empresas terem 150 títulos protestados nos cartórios de Belo Horizonte, Kalil lembrou os títulos que conquistou no Clube Atlético Mineiro, que presidiu, e lamentou o "fato de ter se dedicado muito ao clube, se esquecendo de suas empresas".

"Tive muitos problemas como qualquer empresário. Quem não tem dívidas? 50% da população de Belo Horizonte deve IPTU", afirmou.

Apesar dos débitos com os cofres públicos, o candidato disse que equilibrou as contas do Atlético Mineiro no período em que foi presidente do clube. Kalil disse que quitou débitos trabalhistas, tributários e outros do clube, ressaltando o fato de ser um "bom gestor". "Quando se trata de gerir o que não é meu, eu sou muito bom."

Com relação a uma frase que pronunciou na sexta-feira (21), durante debate promovido pelo UOL, Rede TV! e Veja, de que "rouba, mas não pede propina", Kalil disse que foi um lapso. "A pessoa pode me amar ou odiar, mas ela sabe que se tem uma coisa que nunca fiz foi roubar".

Na entrevista, Kalil ainda foi questionado pelo fato de não ter recolhido para a Previdência a contribuição de descontada da folha de pagamento de empregados de suas empresas, processo pela qual foi condenado. Ele explicou que foi condenado em primeira instância, na Justiça do Trabalho, em sentença que foi modificada de prisão para prestação de serviços à comunidade, mas que recorreu da decisão e espera ganhar a ação.

A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria de Kalil para detalhar o pagamento do IPTU, mas foi informada que, devido ao fato do candidato tinha outros compromissos, entre eles um debate na emissora SBT, e que não poderia ser contatado na noite desta terça-feira.