Filha do cinegrafista da "Band" Santiago Andrade, morto em uma manifestação em 2014, Vanessa Andrade criticou o senador e candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), por usar a imagem do pai sendo atingido por uma bomba nas inserções televisivas, o que definiu como "desrespeito".

O candidato tem mostrado diariamente imagens do momento da morte de Santiago, associando-as ao seu concorrente, Marcelo Freixo (PSOL) que, segundo o senador, apoiaria black blocs.

"Um candidato a futuro prefeito do Rio de Janeiro usar a imagem de um trabalhador caindo morto no meio da Central do Brasil para atrair mais eleitores ou atingir outro movimento é um desrespeito contra uma órfã e uma viúva", escreveu Vanessa em seu Facebook na noite desta segunda-feira (24).

"O carioca não está interessado em ver Santiago Andrade com um rombo na cabeça e eu, eleitora e filha, também não."

O UOL tentou contato com Vanessa, mas ela não respondeu às solicitações da reportagem até a publicação do texto.

No post, ela cita a religiosidade do candidato, bispo licenciado da Igreja Universal, e questiona a decisão de usar as imagens. "O candidato gostaria de refletir como se sente uma família ao ter que assistir a sua propaganda na hora do jantar e olhar para a cadeira vazia na mesa em seguida? O senhor quer participar desse jantar, candidato? Seria bom para ver de pertinho como todos nos sentimos quando um homem de fé comete esse pecado", afirma.

No início da manhã desta terça (25), a assessoria de imprensa de Crivella informou que a propaganda havia sido retirada do ar e pediu desculpas em nome do candidato. Ainda segundo sua assessoria, ele não autorizou a veiculação da inserção na TV.

Santiago morreu ao ser atingido por um rojão disparado por manifestantes durante um protesto ocorrido no dia 6 de fevereiro de 2014, no centro do Rio de Janeiro. No fim de setembro, a Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou que Fábio Raposo e Caio Silva de Souza, denunciados pela morte do cinegrafista, sejam julgados pelo Tribunal do Júri do Rio de Janeiro por homicídio qualificado.

Ainda não há data para o julgamento.

Tanto Crivella quanto Freixo deixaram de lado o clima amistoso do primeiro turno, em que evitavam se confrontar, e, desde o fim da primeira semana de campanha, intensificaram os ataques um ao outro. As principais agressões têm sido apresentadas em inserções pagas realizadas pelas campanhas e veiculadas em comerciais de rádio e televisão.

No último debate, promovido por UOL, "Rede TV!" e "Veja", os candidatos chegaram a trocar ofensas, como "covarde" e "irresponsável".