Com clima tenso em Porto Alegre, ministro oferece escolta para candidatos
Felipe Amorim e Flávio Ilha
Do UOL, em Brasília e colaboração para o UOL, em Porto Alegre
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Divulgação/Brigada Militar
Vidraças do comitê do candidato Nelson Marchezan Junior (PSDB) foram quebradas após tiros
Diante do clima tenso da campanha do segundo turno das eleições em Porto Alegre, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ofereceu escolta da Polícia Federal para os dois candidatos a prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchezan Junior (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB).
Segundo Moraes, o PSDB pediu oficialmente a proteção da Polícia Federal para os dois candidatos. Faltaria apenas, segundo o ministro, que os candidatos comuniquem à Justiça Eleitoral se aceitam o serviço de segurança.
"Houve um pedido duplo oficial, um pedido do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), narrando os fatos e pedindo proteção a ambos os candidatos", disse o ministro. "As escoltas de ambos já estão preparadas, já estão em Porto Alegre", afirmou Moraes.
Na tarde desta sexta, as campanhas do PSDB e do PMDB em Porto Alegre informaram que ainda não foram contatadas pela Justiça Eleitoral, mas que não se opõem à medida.
O reforço na segurança foi necessário após episódios de violência durante a campanha. Já houve tiros em comitê, uma morte ainda não completamente solucionada e acusações de espionagem.
Tiros no comitê
Na madrugada de segunda-feira (17), o comitê central de Marchezan foi alvejado por uma série de tiros. Segundo a BM (Brigada Militar), que atendeu a ocorrência, foram dois disparos à meia-noite e mais 10 tiros uma hora e meia depois. Várias vidraças do comitê, que fica no segundo andar de um prédio na esquina de uma das mais movimentadas avenidas de Porto Alegre, foram quebradas. A Polícia Federal está investigando o caso.
Tiros em comitê eleitoral de Marchezan em Porto Alegre
Coordenador do PMDB
Na mesma madrugada dos tiros no PSDB, o PMDB constatou que o coordenador da campanha de Melo, Plínio Zalewski, estava desaparecido. Ele havia sido visto pela última vez na tarde de domingo (16), depois de se reunir com dirigentes partidários e almoçar com colegas na cantina do comitê eleitoral. O corpo foi achado na tarde de segunda-feira, trancado num banheiro. Um bilhete encontrado no bolso de Zalewski, que ainda está sendo periciado, mencionava perseguições à sua família. A Polícia Civil investiga o caso e trabalha com a tese de suicídio.
Anteriormente, o dirigente havia registrado dois boletins de ocorrência relatando perseguições, que incluiriam também a invasão da sua rede privada de computadores. A vigilância teria estendido a outros dirigentes do PMDB.
Segundo o PMDB, as perseguições começaram depois de uma denúncia contra a então candidata a vereadora Fernanda Jardim (PP), que é mulher do coordenador da campanha de Marchezan, Kevin Krieger.
No dia 30, dois dias antes do primeiro turno, a Justiça Eleitoral realizou um procedimento de busca e apreensão em uma empresa prestadora de serviços à campanha de Nelson Marchezan (PSDB). A denúncia anônima, que acabou não se comprovando, mencionava o uso de computadores de uma empresa pública na campanha do tucano e de Fernanda Jardim.
Morre coordenador de campanha do candidato de Porto Alegre
Acusação de espionagem
Na quinta-feira (21), o PMDB repassou à Justiça Eleitoral e à Polícia Civil um dossiê em que identifica dois veículos suspeitos de espionarem dirigentes do partido. Foram identificados uma caminhonete Land Rover preta, que pertence a uma empresa prestadora de serviços em Porto Alegre, e um sedã Siena branco, alugado. Um terceiro veículo, também branco, também participaria da vigilância.
A denúncia não cita diretamente o candidato do PSDB à Prefeitura de Porto Alegre, mas atribui a espionagem ao MBL (Movimento Brasil Livre), que é aliado do tucano.
No programa de TV da quinta-feira (20), Melo cobrou explicações sobre a ligação de Marchezan com o MBL. "Tens que parar, Marchezan. Tens que parar e explicar qual a tua relação com o MBL, que persegue pessoas como fizeram com nosso querido amigo Plínio [Zalewski]. Portanto, deputado, eu peço: isso tem que parar", disse Melo na propaganda.