"Guarda não pode substituir PM", diz candidato à reeleição em Fortaleza
Renato Sousa
Colaboração para o UOL, em Fortaleza
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Jarbas Oliveira/UOL
O atual prefeito, Roberto Claudio (PDT), concorre à reeleição em Fortaleza
O atual prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição, Roberto Claudio (PDT), afirmou em entrevista ao UOL que não se pode esperar que o município assuma funções em segurança pública que não são suas. "É ilusório, até porque é ilegal, achar que a Guarda Civil Municipal possa substituir a Polícia Militar", disse.
A proposta do uso de armas de fogo pela Guarda é um dos carros-chefes da campanha do adversário do trabalhista, o deputado estadual e reservista da PM Capitão Wagner (PR).
Segundo levantamento do Datafolha, divulgado pelo jornal "O Povo", mais de 70% dos entrevistados apoiam a ideia, pauta antiga dos próprios agentes de segurança. O prefeito afirma ter encomendado estudo sobre o tema antes de se decidir sobre o assunto, mas diz que os resultados preliminares apontam que "o debate essencial não é esse", e sim o investimento em tecnologia e intervenções em áreas problemáticas.
Entretanto, Roberto Claudio diz que há muito que pode ser feito pela prefeitura no campo da segurança. "Eu dupliquei o efetivo da Guarda nesses quatro anos e pretendo contratar mais mil profissionais", afirma. Segundo o prefeito, Fortaleza passará a ter o maior efetivo per capita entre as capitais.
A ideia é que os profissionais atuem como "olhos da Polícia Militar". Seu adversário afirma que o prefeito vê os guardas como "meninos de recado". O prefeito discorda. "Há limitações no que podemos fazer na área."
Segundo a mais recente pesquisa Ibope, divulgada na sexta-feira (14), Claudio tem 51% das intenções de voto no segundo turno contra 38% de Wagner. No primeiro turno, Claudio teve 40,81% dos votos válidos, enquanto Wagner ficou com 31,15%.
O prefeito afirma que, apesar de reconhecer a importância do tema, segurança não pode ser o único assunto da eleição. "Segurança tem sido tema principalmente do meu adversário."
Ele, entretanto, diz que um dos motivos para a escolha de seu vice, o deputado federal Moroni Torgan (DEM), foi justamente a área da segurança pública. Moroni, que é policial federal, foi vice-governador de Tasso Jereissati (PSDB) entre 1995 e 1998, quando comandou o Sistema Integrado de Defesa Social. O atual diretor-geral da Guarda, Edgard Fuques, foi secretário de Segurança no período.
Roberto Claudio destaca que a segurança não pode ser tratada apenas com uso de policiais ou guardas municipais. Ele afirma que a gestão investe em intervenções em áreas violentas --como urbanização de favelas, iluminação pública e políticas voltadas para juventude-- como forma de combate à criminalidade. "Dessa forma, você muda a questão urbana", explica.
Apoios
Personagens comuns na campanha anterior, os ex-governadores Cid e Ciro Gomes (ambos do PDT) acabaram não participando da atual propaganda na TV. "Na primeira eleição, eu era muito desconhecido. Por isso o Ciro e o Cid ajudavam a me apresentar ao eleitor", explica. Agora, a disputa é tratada mais como uma prestação de contas do primeiro mandato.
Roberto Claudio ganhou apoio de alguns derrotados no primeiro turno, como o deputado estadual e ex-vice-prefeito Tin Gomes (PHS) e o deputado federal Ronaldo Martins (PRB). A Rede também se colocou a seu lado, apesar da oposição de um dirigente. Apenas PT e PSOL, cujas bancadas na Câmara se opuseram à gestão do prefeito, não o apoiam.
Alguns líderes petistas, como o deputado federal José Guimarães e o governador Camilo Santana, chegaram a trabalhar pelo apoio ao trabalhista. Entretanto um grupo mais alinhado à derrotada Luizianne Lins, que ficou em terceiro lugar, fez forte oposição e o diretório municipal acabou optando pela neutralidade na disputa.
Capital violenta
Fortaleza é, pelos dados do Mapa de Violência --produzido pelo Ministério da Justiça--, a capital com a maior taxa de homicídios por armas de fogo do país.
Os números referentes a 2014, os últimos disponíveis, apontam a cidade com uma taxa de 81,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Isso representou mais que o dobro da taxa brasileira e um crescimento de mais de 340% em relação a 2004, quando a cidade ocupava a 19ª posição.
Entretanto, em 2015, segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, houve queda de 17% no número absoluto de assassinatos.
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