Ex-prefeitos tentam desbancar atual mandatário no 2º turno em 3 capitais

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

  • Alan Marques/Folhapress

Em três capitais do país, a disputa entre os dois candidatos no segundo turno das eleições tem uma característica marcante: envolve um atual e um ex-prefeito. Belém, Maceió e Recife viram a campanha se transformar numa espécie de plebiscito, em que os candidatos se enfrentam com discursos de quem fez mais pela sua cidade.

Nos três casos, o prefeito atual ficou à frente em número de votos no primeiro turno, e os ex-mandatários correm atrás do prejuízo.

Reprodução/Facebook
Rui Palmeira (PSDB) e Cícero Almeida (PMDB) concorrem em Maceió
Em Maceió, a disputa envolve os dois últimos vencedores das três eleições passadas: o atual prefeito, Rui Palmeira (PSDB), e o anterior, Cícero Almeida (PMDB), que ficou no poder de 2005 a 2012.

Desde o primeiro turno, ambos trocam farpas por meio de números --e negando os do opositor. Atrás na votação, Almeida passou a explorar ainda mais as comparações. O principal alvo dos programas é o aumento nos impostos e fechamento de postos de saúde e da única maternidade municipal. "Maceió terá de novo um prefeito que levanta cedo, que não tem medo de trabalhar, que vai à luta os sete dias da semana", disse, em ataque a Rui Palmeira.

Já o prefeito tem apresentado obras nos seus mais de três anos de mandato, como os corredores exclusivos de ônibus. É comum ver em seus programas a citação de que reformou postos de saúde e escolas encontradas em mau estado. "Era assim, e com o Rui ficou assim", diz o locutor durante um quadro do programa eleitoral no qual são exibidas imagens de vários locais sucateados e depois melhorados.

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Geraldo Júlio (PSB) e João Paulo (PT) disputam Prefeitura do Recife
Anti-PT e Chico Buarque

No Recife, a disputa envolve o ex-prefeito petista João Paulo (2001-2008) e o atual prefeito, Geraldo Júlio (PSB). Apesar de entre eles ter governado João da Costa (PT), as críticas de Júlio focam os 12 anos do PT à frente da cidade.

"O PT teve seu tempo, governou por 12 anos, de briga e confusão. Ele foi perdendo força e confiança. E o Recife começou a mudar. Se todo mundo virou essa página em 2012, por que iria mudar agora?", questiona o prefeito em gravação, mencionando o ano em que foi eleito.

Nos jingles, a comparação entre as gestões também são marcantes. Em um coco de roda, um ritmo regional, por exemplo, são apontadas várias obras feitas por sua gestão e dizendo que o PT não as fez.

Do lado do ex-prefeito, o apelo principal é aos eleitores de baixa renda. "João Paulo saltou de 27 para 240 equipes do Programa de Saúde da Família, atendendo 780 mil pessoas", diz o programa eleitoral, acusando a atual gestão de abandonar a saúde pública. Faz ainda comparações entre número de creches e casas construídas nas gestões.

Afirma ainda que fez obras em áreas de risco dos morros e ofertava merenda de "qualidade" para os alunos. Até Chico Buarque gravou em apoio ao petista. "João Paulo já foi duas vezes prefeito, superbem avaliado graças principalmente aos trabalhos na educação e saúde. Além do mais, gosta de frevo e futebol", diz.

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Zenaldo (PSDB) e Edmilson (PSOL) são os candidatos em Belém
Belém é a capital onde o intervalo entre os dois mandatos é maior,  já que Edmilson Rodrigues (PSOL) governou Belém entre 1997 e 2004. Mesmo mais sutil que nas outras capitais, a campanha do atual prefeito, Zenaldo Coutinho (PSDB), explora que "por muito tempo Belém andou fora dos trilhos, mas agora achou seu rumo", conforme diz uma das propagandas.

Já o seu opositor não poupa críticas ao grupo que completa mais de uma década à frente da prefeitura. Um dos alvos é a violência. "Há 12 anos, a política em Belém foi acabando com todos os projetos com qualidade de vida, principalmente aqueles que trabalhavam com criança e adolescente, que eram o ponto alto de Edmilson. A criminalidade era reduzida. Ele combatia por projetos, por meio da cultura", afirma um padre que participa da propaganda.

Polarização

Para o cientista político da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Michel Zaidan, é natural que, nessas condições, a eleição seja tratada com um plebiscito de quem foi melhor.

"Isso se acentua quando você tem linhas distintas de governo com grande contradição. É um plebiscito na medida em que você tem a opção apenas de sim ou não", diz, citando como exemplo os casos do Recife e de Belém. "São linhas diferentes, visões diferentes, partidos diferentes. É uma polarização, tanto que aqui no Recife, por exemplo, os outros candidatos tiveram pouco voto e acabaram prejudicados pela polarização."

Ele afirma que, apesar do perfil do eleitor estar cada vez mais voltado a novos candidatos, a presença de prefeitos que tiveram boa gestão ainda é algo importante na disputa. "A experiencia administrativa de um ex-prefeito é um capital político muito importante, que com certeza o ajuda na votação", diz.

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