Em debate da Band, Curitiba vê embate entre "experiência" e "humildade"

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo

O primeiro debate do segundo turno na disputa para a Prefeitura de Curitiba (PR), realizado pela Band, teve ironias, ataques, muito apelo ao "amor" e a aposta dos candidatos em suas características pessoais: o ex-prefeito Rafael Greca (PMN) tentou passar "a imagem de "gestor experiente"; o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) falou sobre "sua humildade e vontade de aprender".

No primeiro turno da eleição, Greca terminou na liderança, com 38% dos votos válidos. Leprevost ficou em segundo lugar, obtendo 23%.

Assista ao primeiro bloco do debate

Embora os dois candidatos tenham firmado um "pacto" por um segundo turno focado em propostas, o encontro entre os dois candidatos nesta sexta-feira foi marcado por troca de ironias e de farpas. Greca partiu logo para o ataque ao questionar a formação acadêmica de Leprevost. 

"Eu sou formado em engenharia civil e tenho especialização em economia. E o senhor?", perguntou o ex-prefeito de modo irônico. O adversário respondeu reforçando a sua posição "humilde", afirmando que teve uma infância difícil, mas que conseguiu estudar direito em Tocantins, onde morou por alguns anos, terminando o curso utilizando a modalidade de ensino a distância. "Eu me orgulho da minha formação e da forma como a consegui, e quero seguir sempre aprendendo."

Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
Rafael Greca (PMN) no debate do 2º turno promovido pela Band; ele reforçou que é o mais experiente e competente para comandar Curitiba

Em uma das réplicas, Leprevost contra-atacou quando abordou o tema dos moradores de rua, e citou a declaração recente do adversário de que e "quase vomitou com cheiro de pobre". Greca desviou do ataque e voltou a mencionar, sempre ironizando, a formação acadêmica do deputado estadual.

O candidato do PMN aproveitou, sempre que pôde, para citar a sua experiência de já ter sido prefeito de Curitiba (entre 1993 e 1996) e fustigou o adversário em relação ao que considerou "informações vagas" nem seu plano de governo. "Eu li o seu projeto", disse Greca. "E não encontrei muitas coisas que a cidade necessita. é assim que o senhor pretende governar, se for eleito?"

Assista ao segundo bloco do debate

 

Leprevost partiu para o ataque ao criticar o apoio do governador Beto Richa (PSDB) ao oponente, fazendo referência ao que chamou de "mais do mesmo, a mesma política de sempre", arrematando com mais uma referência a sua humildade. "Serei um prefeito humilde, em contraposição à vaidade do meu adversário."

Greca não se intimidou e assumiu que o apoio de Richa terá aspectos positivos, principalmente na questão do transporte público municipal e metropolitano, "assunto que deverá dominar minhas primeiras semanas de governo". No entanto, ficou incomodado quando Leprevost citou que o governador tinha "jogado a polícia contra professores em uma manifestação no começo de 2015", em um confronto que deixou mais de 200 pessoas feridas. "Estou preocupado com propostas, e o apoio só agrega e facilita o diálogo."

Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ney Leprevost (PSD) no debate promovido pela Band; ele reforçou que vai fazer uma administração "humilde e sem vaidade"

Temas de relevância nacional não foram muito comuns no debate, embora Greca tenha afirmado que "o prefeito é um guardião da cidade, que não pode ser uma república independente, embora o povo de Curitiba tenha orgulho da República de Curitiba", em uma clara alusão à investigação da Operação Lava Jato e do comentário feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Leprevost, na abertura do debate, mencionou que administrar Curitiba é um desafio, especialmente por ser "um orgulho para o Brasil, a capital da Operação Lava Jato".

Na reta final do debate, a saúde foi o tema principal, mas poucas propostas foram citadas. Os dois candidatos preferiram novamente as farpas e ironias. Greca questionou a eficácia de uma das promessas do adversário, o Programa de Atendimento à Saúde, que prevê um cartão que conta com o histórico de atendimento do paciente, entre outras informações.

Leprevost, 42, fez alusão à idade de Greca – 60 anos - e afirmou que "entende a dificuldade para entender essas coisas modernas". Greca respondeu: "Dificuldades com coisas modernas? Eu trouxe a internet para Curitiba em 1993, que a teve muito antes do que Paris. É só ler o meu currículo e minhas realizações para observar a minha relação com a 'modernidade'."

Assista ao terceiro bloco do debate

Assista ao quarto bloco do debate

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos