A principal divergência entre o senador Marcelo Crivella (PRB) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) no primeiro debate no segundo turno das eleições no Rio de Janeiro, promovido pela Band nesta nesta sexta-feira (7), foi sobre o papel do Estado.

Enquanto Crivella reiterou a necessidade de cortar pela metade o número de secretarias e de cargos em comissão, Freixo defendeu que "o que é público pode ser bom".

Desde o começo do debate, Crivella reiterou que pretende diminuir o número de secretarias e cargos de confiança a fim de usar os recursos em outas áreas. "Eu vejo a função do Estado como um Estado menor, mais enxuto. Não gostaria de ver um município maior, com mais cargos, mais secretarias, mais empresas. Isso dá espaço para corrupção, aparelhamento da máquina pública", afirmou, ao questionar Freixo sobre como o deputado sobre seu plano de governo, que inclui a criação de novas secretarias e empresas públicas.

Em sua defesa, Freixo argumentou que nem tudo que é público é ruim ou mal administrado e comparou as propostas do senador às do governo do presidente Michel Temer (PMDB). "Você está anunciando que vai pegar a Secretaria de Cultura e transformar em cultura, esporte e lazer, tudo numa secretaria só", disse Freixo. "Você está copiando um pouco o que o Temer ameaçou fazer, terminar secretaria não significa reduzir gastos necessariamente."

Ambos evitaram ataques pessoais e focaram as críticas na gestão do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) e do governo do PMDB no Estado. "O PMDB quebrou o Estado do Rio de Janeiro", afirmou Crivella. Freixo lembrou com frequência dos embates entre a prefeitura e os servidores públicos, em especial os professores.

Os candidatos também falaram foram questionados sobre o financiamento público da Parada Gay, tema que ganhou destaque durante a campanha para o primeiro turno, quando o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC), que também concorria à prefeitura, disse que não investiria "um centavo no evento".

Crivella evitou falar especificamente de investimento da prefeitura e citou a necessidade do município dar estrutura para a realização da parada. "É necessário sim, eu não digo que a prefeitura coloque dinheiro, mas que mantenha a segurança, limpeza, a vigilância [da Parada Gay]", afirmou. Freixo, por sua vez, defendeu a manutenção da Parada Gay por, além de "dar dinheiro", ser "um instrumento pedagógico de combate a intolerância".

A segurança foi outra questão recorrente durante o debate. Para Freixo, é preciso que a Guarda Municipal "se aproxime dos moradores por bairro". "A gente quer conselhos de moradores, democratizar a cidade, mas fundamentalmente criar um mapa da violência para ter um diagnóstico, uma ação preventiva e uma ação social nos lugares de mais violência, diminuindo o número de homicídios", afirmou.

Crivella corroborou a ideia de estudar a mancha criminal da cidade e citou a necessidade da Guarda Municipal atuar em conjunto com a Polícia Militar. "Junto, com um centro de segurança para que a gente possa guardar a vida das pessoas, contra furto, contra roubo de carro também."

Crivella terminou o primeiro turno com 27,8% dos votos válidos, seguido por Freixo, que obteve 18,37%. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (6), o senador tem 44% das intenções de voto, 17 pontos percentuais a mais do que Freixo (PSOL), que registrou 27%.

Segundo a pesquisa, 18% dos entrevistados declararam que vão votar em branco ou nulo. Outros 10% afirmaram não saber em quem votar. Considerando apenas as intenções de votos válidos, que excluem brancos e nulos, Crivella tem 62%, contra 38% de Freixo.