Goldman: Doria foi eleito por ser oposição ao PT e PMDB, não por ser gestor
Do UOL, em São Paulo
A eleição de João Doria à Prefeitura de São Paulo se deu mais pelo fato de ele ser de um partido de oposição ao governo Federal, do que por se dizer "não político, mas empresário". Essa é a avaliação de Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB e conhecido desafeto de Doria.
Para Goldman, o discurso de Doria soou oportunista e serviu para a população se manifestar contra o PT e o PMDB.
"Você utilizar o fato de não ser político é um oportunismo momentâneo, mas nunca achei que foi decisivo. A população se manifestou contra o status quo, contra o PT e o PMDB", afirmou.
Doria disse durante toda a campanha que não era um político, mas um gestor.
"Não acho que foi decisivo [ele dizer que não era político]. Ele está em um partido de oposição ao PT. Poderia ter sido o Celso Russomanno, mas não foi porque ele não simbolizava essa oposição aos governos do PT", afirmou em entrevista ao UOL na manhã desta segunda-feira (3).
João Doria (PSDB) foi eleito Prefeito de São Paulo em primeiro turno, com 53% dos votos. O atual prefeito Fernando Haddad (PT) não conseguiu se reeleger, ficou em segundo lugar com pouco mais de 16%.
Alckmin presidente em 2018?
Goldman viu a eleição de Doria como uma vitória do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e vê como reforçadas as chances de o tucano concorrer com êxito à Presidência da República em 2018.
"O Alckmin teve um papel importante na escolha do candidato Doria. Ele teve seus méritos pessoais ao avaliar que o sentimento contra os políticos poderia facilitar o seu caminho e facilitou", disse.
Mas Goldman disse ser cedo em confirmar que Alckmin já seria o candidato garantido na linha sucessória do partido.
"O governador de São Paulo é sempre um candidato forte à presidência, mas isso não dá a ele e nem a ninguém o primeiro e nem nenhum lugar. Não tem fila", afirmou.
Nas prévias do partido em abril, Goldman e outros tucanos históricos como José Serra e Fernando Henrique Cardoso apoiaram a candidatura de Andrea Matarazzo à Prefeitura de São Paulo pela sigla.
Alckmin, por sua vez, impulsionou a campanha de Doria usando sua influência no diretório estadual e, com isso, a campanha de Doria levou a melhor.
Racha no PSDB
As diferenças causaram intenso racha no partido e culminou com a saída de Matarazzo, que se filiou ao PSD e se tornou vice na chapa derrotada de Marta Suplicy (PMDB).
Na ocasião, Goldman e o senador José Aníbal (PSDB) denunciaram Doria ao Ministério Público Eleitoral acusando-o por compra de votos e abuso de poder econômico.
Aliados de Alckmin e Doria, por sua vez, minimizaram a fissura interna ao dizerem que Doria unificaria o partido.
A disputa interna fez Goldman declarar que não votaria em Doria, mas em Marta e Matarazzo. A declaração aumentou o fogo cruzado e fez tucanos pedirem a punição dele.
Com a vitória de Doria, o vice-presidente da sigla disse que torce para que o empresário faça um bom governo.
"Temos que torcer para que o resultado [do governo Doria] seja positivo. Não quero torcer para o quanto pior, melhor."
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