No Recife, ex-prefeito vira aposta final do PT no Nordeste


Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação PT/Divulgação PSB

    João Paulo (esq.) tenta virar no Recife contra Geraldo Julio, que esteve próximo de se reeleger no 1º turno

    João Paulo (esq.) tenta virar no Recife contra Geraldo Julio, que esteve próximo de se reeleger no 1º turno

O desempenho ruim do PT nas eleições para prefeito de 2016, com apenas um candidato do partido sendo eleito ainda em primeiro turno neste domingo (2) principais capitais estaduais, acendeu um alerta na legenda. Além da vitória de Marcus Alexandre em Rio Branco (AC), o partido agora tem apenas mais uma chance de emplacar outro prefeito nas principais cidades do país: João Paulo, em Recife - mas a missão do ex-prefeito é ingrata.

O adversário de João Paulo é Geraldo Julio (PSB), que neste domingo esteve muito próximo de repetir o que fez em 2012, quando se elegeu ainda na primeira etapa com 51,15% dos votos válidos. Neste ano, o candidato socialista parou nos 49,34%, ficando a menos de um ponto percentual de se reeleger ainda em primeiro turno.

João Paulo alcançou 23,76% dos votos válidos e agora precisa virar uma eleição quase perdida para se tornar o único prefeito eleito pelo PT em uma capital no Nordeste em 2016. Busca ainda retomar o domínio que o partido teve justamente com ele, entre 2001 e 2008, e com seu sucessor, João da Costa, preterido em 2012 de uma tentativa de reeleição por Humberto Costa, que acabou perdendo para Geraldo Julio.

Na briga para impedir que o candidato do PSB consiga o 0,66 ponto percentual mais um voto que lhe faltaram para ser reeleito, o petista terá de brigar por votos de partidos de oposição tradicional ao PT, como o PSDB, de Daniel Coelho, que ficou em terceiro lugar, e o DEM, de Priscila Krause, que terminou em quarto.

"É hora de sentar para avaliar, ganhar os votos de quem ainda não ganhamos. Nós estamos interessados em quem votou em Priscila, quem votou em Daniel, quem votou em Edilson [Silva, PSOL] quem votou em Carlos Augusto [PV], quem votou em Pantaleão [PCO]. Então, queremos ter essa aproximação e vamos ter, se for possível, diálogo com todos os candidatos", disse João Paulo após a divulgação dos resultados do primeiro turno.

"Nós temos, ao meu ver, todas as condições de ganhar essa eleição, porque nós temos a força da nossa militância. Entendo que nossos adversários estão se sentindo agora derrotados, porque alardearam uma vitória no primeiro turno", afirmou o petista.

Reprodução/Facebook João Paulo PT13
João Paulo, candidato do PT à prefeitura do Recife, faz carreata ao lado do ex-presidente Lula

Parte dos apoiadores do candidato do PT se preocupa com o que consideram um "isolamento político", que ficaria mais acentuado quando se observa que seu principal apoiador nesta eleição foi o ex-presidente Lula. Analistas creditam à presença do líder petista nacional a ligeira queda de João Paulo nas pesquisas de intenção de voto e dizem que o petista oscilou negativamente justo quando Lula apareceu para apoiá-lo em um comício. Ainda assim, o candidato promete convidá-lo novamente no segundo turno.

"Lula sempre é bem-vindo aqui e foi muito importante a vinda. Nós fizemos um grande comício com ele, houve uma grande mobilização da militância. Espero que ele venha. Acredito que vai ter [tempo], até porque vamos disputar em poucas cidades do Brasil, então acredito que ele vá ter um tempo maior. E por tudo que Lula fez em nosso Estado e em nossa cidade, ele sempre soma de forma positiva", disse João Paulo na reta final da campanha.

A força do PSB 

Enquanto João Paulo tenta descobrir como alcançar uma virada improvável – em 2012, por exemplo, nenhum candidato com mais de 47% dos votos do primeiro turno foi derrotado no segundo –, Geraldo Julio conta com apoios importantes em campanha, que começou tímida nas pesquisas e disparou na última semana de setembro.

Se João Paulo é uma tábua de salvação para o PT no Nordeste, Julio é um trunfo nacional do PSB. Embora o partido tenha reeleito Carlos Amastha em Palmas (TO) e ainda vá disputar o segundo turno em Goiânia (GO) e Aracaju (SE), Pernambuco é o grande polo da legenda desde os tempos de Miguel Arraes, justamente o padrinho político do atual prefeito.

Reprodução/Facebook Geraldo Julio
Geraldo Julio recebe apoio de Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, no 1º turno no Recife

Com a morte, em 2014, de Eduardo Campos, ex-governador do Estado, então candidato à presidência da República e aliado de Julio, o PSB ficou com futuro incerto em Pernambuco. A própria campanha de Geraldo Julio deu o tom das incertezas. Começou tímida, ganhou gás graças a uma coligação de 20 partidos e, consequentemente, maior tempo de TV -  4 minutos e 48 segundos contra 2 minutos e 33 segundos do programa de João Paulo. Aos poucos, angariou o apoio das principais forças do Estado.

Se no início apenas o governador Paulo Câmara e o ex-governador Jarbas Vasconcelos declaravam incentivo claro ao candidato à reeleição, foi nos últimos dias que outros líderes pernambucanos, como o ministro da Defesa, Raul Jungman, e a família de Eduardo Campos (ex-governador morto em acidente de avião há dois anos)  se juntaram a Julio. No dia da votação (2), o candidato compareceu a sua sessão acompanhado do governador Câmara, de Renata, viúva de Eduardo Campos, dos três filhos e do neto.

"Faltou muito pouco [para vencer no primeiro turno]. Mas ainda tem energia de sobra para enfrentar esse segundo turno e mostrar que o Recife quer ir para frente e não voltar no tempo", escreveu Geraldo Julio em sua conta no Facebook após o resultado deste domingo. "Obrigado de coração a todos que votaram com a confiança de que o nosso trabalho deve continuar. Agora, mais do que nunca, precisamos força e do entusiasmo de todos vocês para continuarmos o nosso trabalho".

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