Análise: Brasil mudou, mas estruturas políticas continuam as mesmas

Do UOL, em São Paulo

O resultado do primeiro turno das eleições municipais mostra que o Brasil de 2016 é muito diferente do Brasil de quatro anos atrás, segundo o blogueiro do UOL Josias de Souza. "Hoje nós temos outro Brasil. Um Brasil pós manifestações iniciadas em 2013, pós Lava Jato, pós recessão econômica. A sociedade brasileira hoje é muito mais exigente, mas cai em determinadas armadilhas", diz.

Por isso, segundo Josias de Souza, tantos candidatos com discursos não políticos surgiram no cenário eleitoral deste ano. "Mas mesmo assim vimos uma campanha tão tradicional quanto a feita em 2012. O Brasil é outro, mas as estruturas políticas são as mesmas", disse.

Para Josias, é preciso ter consciência de que "não dá para ficar do jeito que está". "Temos um excesso de partidos. Contamos nos dedos das mãos os interesses que podem ser defendidos ideologicamente no país. Ter mais de 40 partidos no país, sendo 28 com participação no Legislativo não é razoável", afirmou.

Josias acrescenta que o jovem de "15, 16 anos" não entende esse sistema político por democracia. "Quem se preocupa com o país, tem que construir algo diferente do que está aí na política. Porque o que existe já não serve mais", disse.

O novo papel da esquerda

Para Leonardo Sakamoto, também blogueiro do UOL, as urnas já deram esse recado de que se busca mudança, principalmente em relação à esquerda no país. "Tira a esquerda brasileira dos cargos executivos das prefeituras, joga ela de volta para os parlamentos, para a oposição. Não apenas isso, devolve a esquerda para rua", diz.

Sakamoto diz ainda que o processo de autocrítica do discurso da esquerda, da reconstrução desse discurso e de torná-lo possível de disputar a Presidência da República pode levar até 20 anos para ser concluído. "Com a saída da Dilma Rousseff, houve um esgarçamento político, que acaba privilegiando não a estrutura partidária tradicional, mas a negação da política. Tanto o PT, a esquerda, quanto os partidos tradicionais como PSDB vão ter que lidar de agora em diante com parte daquilo que eles ajudaram a criar", acrescenta.

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