Pela 1ª vez, São Paulo decide eleição para a prefeitura no 1º turno

Nathan Lopes e Lúcia Valentim Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

  • Diego Padgurschi /Folhapress

    João Doria (PSDB) vota logo cedo em São Paulo

    João Doria (PSDB) vota logo cedo em São Paulo

Na eleição deste domingo (2), os paulistanos quebraram uma "regra" existente desde a redemocratização. Pela primeira vez, um candidato conseguiu mais de 50% dos votos e se elegeu no primeiro turno para a Prefeitura de São Paulo. João Doria, do PSDB, será o novo prefeito da capital paulista, no lugar de Fernando Haddad (PT), a partir de janeiro de 2017.

"Historicamente, São Paulo apresenta um comportamento eleitoral muito claro, com o centro expandido votando em peso no PSDB, e as periferias no PT. São os bairros das zonas intermediárias que acabam pendendo para um ou outro lado, decidindo cada eleição", diz Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafolha, antes da divulgação do resultado.

Não foi o que se viu desta vez, com o tucano ganhando em quase todas as regiões da cidade. Também é a primeira vez que o PT fica fora da disputa. Há 24 anos que isso não ocorria.

Histórico

Paulistanos estavam acostumados ao segundo turno desde 1992. Mesmo antes de essa possibilidade existir, definida pela Constituição de 1988, São Paulo já dava mostras de não conseguir decidir o comando da prefeitura "de primeira". Tanto em 1985 quanto em 1988 --primeiros pleitos após a redemocratização--, os vitoriosos não tiveram mais da metade dos votos válidos.

Há 31 anos, Jânio Quadros (PTB) foi eleito prefeito com 1.572.454 votos (39%), apenas 141.154 a mais do que Fernando Henrique Cardoso (PMDB), com 36% dos votos válidos. Eduardo Suplicy (PT) ficou em terceiro, com 20% (827.563).

No pleito seguinte, Luiza Erundina (PT) venceu com um pouco mais de "tranquilidade". Ela teve o apoio de 1.534.592 eleitores (37% dos votos válidos), contra 1.257.495 (30%) de Paulo Maluf (PDS), uma diferença de 277.097 votos. O terceiro colocado, João Leiva (PMDB), ficou longe da disputa: 17% dos votos válidos (728.874 eleitores).

Em ambos os pleitos, se a legislação atual estivesse em vigor, seria necessária a realização de um segundo turno com os dois mais votados.

6.nov.1988 - Luiz Carlos Muraukas/Folhapress
Se regras de hoje valessem em 1988, Erundina teria de disputar um segundo turno

Os resultados em primeiro turno desde 1992:

  • 2012: José Serra (PSDB), 30,7%; Fernando Haddad (PT), 29%; Celso Russomanno (PRB), 21,6%
  • 2008: Gilberto Kassab (DEM), 33,6%; Marta Suplicy (PT), 32,8%; Geraldo Alckmin (PSDB): 22,5%
  • 2004: José Serra (PSDB), 43,5%; Marta Suplicy (PT), 35,8%; Paulo Maluf (PP), 11,9%
  • 2000: Marta Suplicy (PT), 38,1%; Paulo Maluf (PPB), 17,4%; Geraldo Alckmin (PSDB), 17,2%
  • 1996: Celso Pitta (PPB), 48,2%; Luiza Erundina (PT), 24,5%; José Serra (PSDB), 15,5%
  • 1992: Paulo Maluf (PDS), 49%; Eduardo Suplicy (PT), 31%; Aloysio Nunes Ferreira (PMDB), 12,9%

O que os paulistanos esperam de uma SP ideal? Veja

 

Maluf quase fez

O mais perto que um candidato já esteve de vencer a disputa paulistana em primeiro turno foi há 24 anos, quando Paulo Maluf (PDS) obteve 49% dos votos válidos. Seu sucessor e apadrinhado, Celso Pitta (PPB) também ficou muito próximo de evitar um segundo turno, tendo sido a escolha de 48,2% dos eleitores que optaram por alguma candidatura em 1996.

Após os dois governos populistas --que, segundo o Datafolha, foram de dois dos piores prefeitos nas últimas três décadas--, os paulistanos ficariam divididos entre, ao menos, três candidaturas nas quatro eleições seguintes.

Desse quarteto, apenas o pleito de 2000 chegou ao primeiro turno sem ter uma definição clara, via pesquisas, sobre qual seria a dupla que voltaria a ter seus nomes nas urnas algumas semanas depois. Maluf e Alckmin disputaram, eleitor a eleitor, quem disputaria o segundo turno com Marta. A apuração mostrou uma vantagem de 7.691 votos para Maluf.

31.mai.1996 - Otavio Dias de Oliveira/Folhapress
Pitta (esq.) e Maluf foram os candidatos que ficaram mais perto da vitória em 1º turno

 

 

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