Marchezan e Melo buscam votos do PT e do PSOL no 2º turno em Porto Alegre

Do UOL, em São Paulo

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    Melo (à esq.) e Marchezan querem herdar os votos dos candidatos da esquerda

    Melo (à esq.) e Marchezan querem herdar os votos dos candidatos da esquerda

O deputado federal Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e o atual vice-prefeito de PortoAlegre (RS)Sebastião Melo (PMDB), vão disputar o segundo turno da eleição para a prefeitura da capital gaúcha. O desafio para ambos na próxima fase será conquistar os votos dos candidatos da esquerda: Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL).

Marchezan, que foi o mais votado, com 29,84% dos votos, diz que conquistar esses eleitores não deve ser um problema porque as pessoas não dão tanta importância para os partidos na hora de votar. "A sociedade está muito angustiada com a situação financeira, com a falta de serviços públicos, e está buscando algo no que acreditar. Está buscando causas. Acho que conseguimos, de alguma forma, passar uma mensagem de que vamos levar isso para a prefeitura."

Melo, que ficou em segundo lugar, com 25,93% dos votos, afirmou que o eleitor tem apenas duas opções: "Ou ele vota em uma [das candidaturas], ou não vota em ninguém. Nosso foco, agora, é tentar um diálogo com esse cidadão, mostrando nossas proposições para os avanços de que a cidade precisa."

Sem apoio da esquerda

Os derrotados, no entanto, disseram que não pretendem declarar apoio a nenhum dos dois candidatos na disputa pelo segundo turno. "Nós não temos nenhuma responsabilidade com as duas alternativas", disse Pont, em uma rede social.

"Seja quem vencer a eleição, nós vamos ter um governo que, ao invés de melhorar a vida do povo, vai enfrentar os interesses do povo. Estamos convencidos disso. É lógico que não poderemos dar apoio a nenhum dos dois", afirmou Pedro Ruas, candidato a vice de Luciana Genro.

Resultado das urnas

Com 100% dos votos apurados pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Marchezan somou 213.646 votos (29,84% dos votos válidos), contra 185.655 votos de Melo (25,93% dos votos válidos). A conta dos votos válidos exclui os nulos e brancos.

Raul Pont (PT) ficou na terceira colocação, com 117.225 votos (16,37% dos votos válidos). Em seguida, vieram Mauricio (PTB), com 97.939 votos (13,68% dos votos válidos), e Luciana Genro (PSOL), com 86.352 votos (12,06% dos votos válidos).

Fabio Ostermann (PSL) recebeu 7.054 votos (0,99% dos votos válidos); Marcello Chiodo (PV), 4.327 votos (0,60% dos votos válidos); Julio Flores (PSTU), 2.554 votos (0,36% dos votos válidos); e João Rodrigues (PMN), 1.230 votos (0,17% dos votos válidos).

Na eleição para a capital gaúcha, foram 59.698 votos brancos (7,01% do total) e 75.597 nulos (8,88%). O comparecimento do eleitor da capital às urnas alcançou 851.277 eleitores, com abstenção de outros 247.240 eleitores (22,51% do total).

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Marchezan: mudança da atual gestão, sem ser esquerda

Marchezan ocupou uma faixa do eleitorado que quer mudar a atual administração da cidade, mas optou por não votar em candidatos de esquerda. Ele se manteve na disputa por uma vaga no segundo turno desde o início da campanha. Na reta final, conseguiu abrir vantagem sobre seu principal oponente, o ex-prefeito Raul Pont (PT).

Ele foi diretor de Desenvolvimento, Agronegócios e Governos do Banco do Estado do Rio Grande do Sul na gestão de Yeda Crusius (2007-2010). É filho do ex-deputado Nelson Marchezan (Arena, PDS e PSDB). Faz parte da bancada ruralista e tem como suplente justamente a ex-governadora. Foi eleito deputado federal em 2002, mas a Justiça Eleitoral impediu sua diplomação por falta de filiação partidária válida. Foi deputado estadual pelo PSDB (2007-2011) e se elegeu novamente deputado federal em 2010.

Melo: 4 minutos de TV e descolado do prefeito

Com 14 partidos na sua base de sustentação, Melo teve quase quatro minutos no horário eleitoral gratuito e assumiu a liderança, segundo as pesquisas de intenção de voto, logo que a propaganda eletrônica começou. O vice também conseguiu se descolar da atual administração, que tem uma avaliação ruim pela maior parte da população.

Ele foi vereador por três mandatos a partir de 2000 e duas vezes presidente da Câmara Municipal, em 2008 e 2009. De sua experiência parlamentar veio a habilidade para negociar alianças --a coligação "Abraçando Porto Alegre" tem nada menos PMDB, PSB, PDT (que indicou a candidata a vice, Juliana Brizola), DEM e Rede, entre outros.

Cidade

Porto Alegre tem 1,48 milhões de habitantes, segundo dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2016 e um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 57,4 bilhões (dados de 2013).

A cidade tem uma taxa de mortalidade infantil de 10 por mil nascidos vivos e taxa de analfabetismo de 2,18% (terceira menor entre as capitais brasileiras).

Segundo o Mapa da Violência 2016, Porto Alegre teve em 2014 uma taxa de 41,2 homicídios por 100 mil habitantes –a décima capital maios violenta do país.

(Com agências de notícias)

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