Geraldo Julio (PSB) e João Paulo (PT) disputam 2º turno no Recife

Aliny Gama

Do UOL

  • Reprodução/Facebook

    Os candidatos Geraldo Julio (PSB), à esq., e João Paulo (PT) vão disputar o 2º turno

    Os candidatos Geraldo Julio (PSB), à esq., e João Paulo (PT) vão disputar o 2º turno

A polarização da campanha eleitoral pela Prefeitura do Recife levou à disputa do segundo turno entre Geraldo Julio (PSB), 45, e João Paulo (PT), 63. Julio e Paulo se destacaram durante toda a campanha como os principais adversários e terminaram a apuração deste domingo (2) com 49,34% e 23,76% dos votos válidos, respectivamente, com 100% das urnas apuradas.

"Faltou muito pouco [para vencer no primeiro turno]. Mas ainda tem energia de sobra para enfrentar esse segundo turno e mostrar que o Recife quer ir para frente e não voltar no tempo. Obrigado de coração a todos que votaram com a confiança de que o nosso trabalho deve continuar. Agora, mais do que nunca, precisamos força e do entusiasmo de todos vocês para continuarmos o nosso trabalho", escreveu o atual prefeito, no Facebook.

"Vamos agora para o segundo turno discutir tudo o que fizemos na cidade e sobretudo o que a gente ainda quer fazer. Vamos fazer uma campanha limpa, para cima", acrescentou Geraldo Julio.

"Quero agradecer aos 207 mil votos que a cidade deu em uma conjuntura dificil. Fizemos uma campanha adversa, com pouco tempo de televisão e uma carência grande de recurso, mas conseguimos um feito. Nossa militância fez milagre na campanha. Há uma carência grande na cidade, de políticas públicas", disse João Paulo, em entrevista.

"Sabiamos da importancia para o partido que chegássemos no segundo turno. Agora é uma nova eleição, vamos ter condições iguais de rádio e TV e vamos voltar a conversar com nossos eleitores. Nossos candidatos se sentem derrotados, porque alardeavam uma vitória no primeiro turno", acrescentou o candidato petista, em alusão a Geraldo Julio. "Não vai ser uma tarefa fácil, mas não é impossível."

Também disputaram o cargo os candidatos: Daniel Coelho (PSDB), 37, Priscila Krause (DEM), 38, Edilson Silva (PSOL), 48, Carlos Augusto (PV), 54, Simone Fontana (PSTU), 50 e Pantaleão (PCO), 52. Eles ficaram com 18,59%, 5,43%, 2,1%, 0,62%, 0,12% e 0,05%, respectivamente.

As pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas sábado (1) indicavam este cenário no segundo turno. Segundo o Ibope, Julio tinha 45% das intenções de votos válidos (tirando nulos, brancos, pessoas que não souberam ou não opinaram), contra 31% de João Paulo. No total de votos, Geraldo Julio apareceu na frente com 41%, contra 28% de João Paulo, conforme mostra o gráfico abaixo.

Já de acordo com o Datafolha, o prefeito aparecia com 45% dos votos válidos, e o candidato do PT, com 29%. No total de votos, como mostra o gráfico abaixo, Geraldo Julio tinha 39%, e João Paulo, 25%.

Nascido no Recife, Geraldo Julio de Mello Filho é formado em administração de empresas. Concursado do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de Pernambuco desde 1992, ele é afilhado da família Arraes. Iniciou a vida política no terceiro mandato de Miguel Arraes, entre 2003 e 2005. Trabalhou também com Eduardo Campos (1965-2014), neto de Arraes, no Ministério da Ciência e Tecnologia, entre 2003 e 2006, e no governo de Eduardo Campos, entre 2007 e 2012, como secretário de Planejamento e Gestão, coordenador do Pacto pela Vida, secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente do porto de Suape. Em 2012, se candidatou à prefeitura do Recife e foi eleito no 1º turno, com 51,15% dos votos válidos.

Graduado em economia, João Paulo Lima e Silva nasceu em Olinda. Iniciou sua carreira política como sindicalista e presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de Pernambuco, em 1988, quando foi eleito vereador por Recife. Foi eleito deputado estadual pelo Estado em 1990,1994 e 1998. Em 2000, tornou-se o primeiro prefeito do Recife pelo PT, sendo reeleito em 2004. Entre 2010 e 2015 foi deputado federal. Nas eleições de 2014, disputou a vaga de senador, mas não foi eleito.

As campanhas dos dois candidatos foram marcadas por críticas e uso de padrinhos políticos na busca pelo voto. Julio apareceu algumas vezes com a família de Eduardo Campos, enquanto Paulo trouxe para o Recife o ex-presidente Lula (PT). Com a polarização da disputa, o petista iniciou ataques tornando a disputa acirrada.

A coligação Frente Popular do Recife, do candidato Geraldo Julio, é formada por 20 partidos (PMDB, PRTB, PCdoB, PPL, PSC, PR, PMB, PTC, PP, PPS, PSD, PDT, PRP, SD, REDE, PSDC, PROS, PHS, PSB, PEN). Assim, Julio conseguiu o maior tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV entre os candidatos: 4 minutos e 48 segundos.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o socialista já gastou R$ 1.284.237,72 com a campanha e contratou R$ 2.997.034,20. Seu maior gasto foi com produção de programas de rádio, televisão ou vídeo no valor de R$ 1.132.500,00.

A coligação Recife pela Democracia é formada por cinco partidos (PRB, PT, PTN, PTdoB, PTB), o que deu a João Paulo 2 minutos e 33 segundos, segundo maior tempo no guia eleitoral na TV. Segundo dados do TSE, Paulo já gastou R$ 1.147.790,97 com a campanha e contratou R$ 1.544.602,47. Seu maior gasto foi com produção de programas de rádio, televisão ou vídeo no valor de R$ 561.200,00.

Dados do Recife

O prefeito vai governar uma cidade com 1,6 milhão de habitantes e PIB de R$ 37 bilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística), de 2014, sendo que 26,6% dos domicílios têm renda per capita mensal de até 1/2 do salário mínimo. A taxa de mortalidade infantil da capital pernambucana é de 15,56 por mil nascidos vivos, enquanto a média do Brasil é de 16,7 por mil, e a taxa de analfabetismo fica em 8,49%, contra 11,82% no restante do país.

Entre as capitais brasileiras, Recife ocupa a 13ª posição entre os piores índices de homicídios por arma de fogo --a taxa é de 35,8 HAF (Homicídios por Arma de Fogo) por 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência 2016, enquanto o Brasil tem 30,3 HAF por 100 mil habitantes.

Saúde, educação, segurança... É tudo culpa do prefeito?

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