Veja quem são e que propõem os principais candidatos a prefeito de Curitiba

Rafael Moro

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • Arte/UOL

Como em várias outras capitais, a disputa do 1º turno das eleições para prefeito de Curitiba está acirrada com reviravoltas e dúvidas sobre o seu resultado.

Rafael Greca (PMN), ex-prefeito entre 1996 e 1997 e ex-ministro do Turismo do governo Fernando Henrique Cardoso, lidera a corrida pela prefeitura de Curitiba, segundo a mais recente pesquisa do Ibope. Na briga pela vaga para o segundo turno estão empatados tecnicamente o atual prefeito Gustavo Fruet e os candidatos Ney Leprevost (PSD), Requião Filho (PMDB) e Maria Victoria (PP).

Greca e Fruet acabaram polarizando boa parte da campanha, sempre com trocas de acusações e polêmicas. 

Aliado de Greca, o governador Beto Richa (PSDB), que está com baixo popularidade no Estado, foi alvo de ataques de Fruet e outros adversários. Fruet, que foi aliado do PT na prefeitura, evita o assunto para tentar se blindar do cenário nacional.

E até o momento, Greca é que tem chamado mais atenção com polêmicas que abalam sua imagem como a acusação de furto de obras de arte do patrimônio do município pelo ex-prefeito e a declaração de que "vomitou com cheiro de pobre".

Além de temas comuns a várias outras disputas eleitorais como educação e saúde, chama atenção no contexto curitibano a questão da mobilidade urbana, para a cidade que já foi referência no assunto, e as ações sociais para moradores de rua, que também mobilizou os debates deste ano.

Assim, o UOL reuniu as propostas dos principais concorrentes sobre esses quatro temas. Conheça, então, a biografia dos candidatos e suas ideias para a capital paranaense.

Rafael Greca (PMN)

Divulgação/ Facebook
Rafael Greca (segundo da dir. para esq.) durante convenção do PMN que confirmou sua candidatura

Engenheiro e funcionário aposentado do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), Rafael Greca, 60, foi prefeito na década de 1990, eleito para suceder o padrinho político Jaime Lerner. À época, ambos estavam no PDT. Desde então, Greca mudou de partido algumas vezes, rompeu com Lerner, foi o "ministro da caravela" de FHC, aliou-se com o antes rival Roberto Requião (PMDB) e agora busca o Palácio 29 de Março pelo nanico PMN, mas com apoio do governador Beto Richa (PSDB).

Saúde

Greca promete, no programa de governo e em debates, reorganizar em 180 dias os 109 Postos de Saúde e as 9 unidades 24 horas da cidade. Diz ser possível fazer acordos com hospitais para ter, emergencialmente, mais 50 leitos de UTI à disposição do sistema público. Até o fim da gestão, diz que também irá construir o Centro de Especialidades Metropolitano, no Portão, em terreno a ser cedido pelo governo do estado.

Educação

Para confrontar a falta de vagas em creches e berçários, diz que irá realizar estudo nas unidades de educação municipal para identificar possíveis espaços para a educação infantil e aumentar o número de vagas para a população de 0 a 5 anos. Também propõe incrementar convênios para ampliar oferta de vagas para crianças de 0 a 3 anos. 

Moradores de rua e ação social

O plano de Greca é genérico. Diz que, na FAS (Fundação de Ação Social), irá trabalhar de forma mais consistente e efetiva com moradores de rua, cidadãos com necessidades especiais, e população marginalizada. Promete ainda organizar o sistema de triagem, para atender a população de moradores de rua, e em programas de inclusão social. Diz que irá "acabar com o 'primeiro-damismo' na FAS", pois não nomeará a mulher para a instituição.

Mobilidade urbana

Greca quer integrar novamente o transporte municipal com o metropolitano (essa integração aconteceu dos anos de 1990 até 2013) e "renovar e qualificar" a frota de ônibus. Diz que criará tarifa diferenciada, em horários alternativos, para tentar reduzir a sobrecarga nos horários de alto fluxo. E afirma que dará continuidade a ações que incentivam o uso da bicicleta como meio de transporte.

Veja a íntegra do plano de governo de Greca no site de campanha e mais detalhes das propostas que o candidato informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no site do tribunal.  

Gustavo Fruet (PDT)

Luiz Costa/UOL
Gustavo Fruet (PDT) durante a cerimônia de posse como prefeito de Curitiba em 2013

Eleito prefeito em 2012 após quase ficar fora do segundo turno, o advogado Gustavo Fruet, 53, busca a reeleição após quatro anos de uma gestão que nunca teve números expressivos de aprovação popular. Ex-deputado federal (por PMDB e PSDB), foi sub-relator da CPI que revelou o Mensalão, mas acabou candidato a prefeito, há quatro anos, apoiado pelo PT, após o PSDB recusar-lhe a chance de disputar o posto. Busca a reeleição sem o agora incômodo apoio petista, partido que nunca elegeu um prefeito.

Saúde

Fruet diz que irá ampliar e aperfeiçoar os espaços e serviços de saúde do município, incluindo serviços de atendimento online e por telefone e a ampliação de horários de atendimento em unidades de saúde. Promete implantar novas unidades de saúde em áreas de maior densidade populacional, e oferecer atenção especializada e serviços de apoio diagnóstico em cada uma das Regionais da cidade.

Educação

Promete ampliar oferta de vagas em tempo integral no ensino fundamental e criar mais vagas na educação infantil com a finalização ou construção de novas unidades, ampliação e adequação das existentes. O pedetista propõe, ainda, a melhoria da oferta para educação de jovens e adultos, nos três períodos letivos.

Moradores de rua e ação social
 

Propõe manter e ampliar programas criados na primeira gestão, como Patrulha Maria da Penha e Programa de Atendimento Socioeducativo. Fruet promete ainda fortalecer as atuais políticas de Direitos Humanos, elaborar planos terapêuticos para pessoas que fazem uso de álcool e drogas e implantar a rede voluntária de atenção à pessoa idosa.

Mobilidade urbana

Em debates e entrevistas, Fruet fala em implantação de Veículos Sobre Trilhos (VLP) ou Sobre Pneus (VLP) em novos eixos de transporte coletivo na cidade. No plano de governo, propõe soluções de engenharia de tráfego e operação de trânsito para promover a segurança e fluidez e detectar problemas de trânsito o mais rápido possível, tendo um maior número de regiões da cidade atendidos com o monitoramento.

O plano de governo de Gustavo Fruet está no site de campanha. O documento é o mesmo entregue ao TSE.

Ney Leprevost (PSD)

Rodrigo Félix Leal/Estadão Conteúdo
Ney Leprevost (à direita), do PSD, se prepara para debate em Curitiba

Ex-radialista, administrador de empresas e deputado estadual desde 2006, Ney Leprevost, 42, foi vereador em Curitiba por dois mandatos e meio e secretário estadual do Esporte e Turismo do então governador Jaime Lerner, entre 1999 e 2000 --o mais jovem do país a ocupar o posto. Na campanha, tem como grande cabo eleitoral o colega de legenda Ratinho Junior, filho do apresentador do SBT, secretário estadual do Desenvolvimento Urbano e candidato derrotado à prefeitura em 2012.

Saúde

Leprevost propõe entregar aos usuários da rede municipal de Saúde um cartão digital para identificação e armazenamento dos atendimentos, quer criar um aplicativo para celulares que permita o acompanhamento do atendimento nas Unidades de Saúde e UPAs e promete construir duas unidades de PAI (Pronto Atendimento Infantil) e o primeiro hospital para crianças com câncer do sul do país.

Educação

Promete distribuir gratuitamente uniformes para os alunos da rede municipal de ensino --proposta já defendida por Ratinho Junior em 2012--, estender o horário de funcionamento de creches para atender pais que possuam horário de trabalho diferenciado, colocar notebooks nas escolas para uso dos alunos em período escolar e aumentar o número de escolas com aulas em tempo integral.

Moradores de rua e ação social

O plano de governo propõe criar casas de acolhimento que atendem os moradores de ruas em suas necessidades proporcionando atenção, tratamento de saúde e terapêutico para reinserção na sociedade. Em entrevistas e programas eleitorais, tem dito que "a política de dar o peixe falhou; é preciso ensinar a pescar", defendendo formação profissional para moradores de rua.

Mobilidade urbana

Propõe implantar um Veículo Leve sobre Trilhos no ramal ferroviário que atualmente corta a região Norte de Curitiba. Promete reintegrar o transporte coletivo da capital com o da região metropolitana, renovar a frota de ônibus de Curitiba e utilizar combustíveis menos poluentes. Quer revitalizar a linha Interhospitais e criar a Interhospitais 2. Promete estações de compartilhamento de bicicleta e "ciclovias de verdade".

Leia a íntegra do programa entregue por Leprevost ao TSE no site do tribunal e no site do candidato.

Requião Filho (PMDB)

Reprodução/ Facebook
Requião Filho (ao centro) durante convenção do PMDB com seu candidato à vice Jorge Bernardi (à esq.) e seu pai, o senador Roberto Requião (à dir.)

Filho do senador, ex-governador do Paraná (por três vezes) e ex-prefeito de Curitiba Roberto Requião (PMDB), o candidato tem no sobrenome do pai principal trunfo da campanha. A tal ponto que o adotou na urna, já que seu nome de batismo é Maurício Thadeu de Mello e Silva. Aos 37 anos, é deputado estadual há dois --foi eleito na primeira campanha que disputou. Antes, atuava como advogado em Brasília, onde também vivia.

Saúde

Requião Filho tem dito que o sistema de Saúde da capital tem tamanho suficiente, mas é mal administrado. Propõe melhorar, com uso da tecnologia, o sistema de marcação de consultas nos postos, e criar o "Cartão Saúde", com chip eletrônico contendo o histórico do usuário, com leitura e possibilidade de registro em todas as unidades que compõem o sistema de saúde.

Educação

Promete que Curitiba será a primeira cidade brasileira a universalizar as vagas necessárias a todas às crianças. Diz que irá aplicar, no mínimo, 30% da receita bruta na educação pública, e que merenda escolar será tratada como forma de educação alimentar, incorporando alimentos saudáveis, naturais, frescos e orgânicos ao cardápio oferecido aos estudantes.

Moradores de rua e ação social

É necessário fortalecer os serviços de Proteção Social Básica destinados à população em situação de vulnerabilidade social, de espaços de convivência, de unidades sociais especializadas e de espaços não transitórios de acolhimento para moradores de rua, diz o programa do candidato, que também fala em criar o PAS (Programa Aluguel Social) para famílias vulneráveis, obedecendo critérios econômicos e sociais previamente estabelecidos.

Mobilidade urbana

Requião Filho argumenta que a área central da região metropolitana se compõe de uma única malha urbana que, a partir de Curitiba, se adentra pelos municípios do entorno, sem fronteiras. Em vez de pensar e planejar a cidade de Curitiba, apenas dentro dos limites municipais, promete, em linhas gerais, criar uma relação mútua de compromisso, planejamento e ações entre Curitiba e os municípios vizinhos. Também propõe ampliar os anéis viários da capital.

O programa de governo de Requião Filho está em seu site de campanha. Ele reúne as mesmas propostas entregues ao TSE.

Maria Victoria (PP)

Facebook
Maria Victória Barros (PP) faz selfie com seus correligionários

Aos 24 anos, a filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, e da vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti, ambos do PP, é a mais jovem entre os candidatos que disputam pela prefeitura de Curitiba. Ela nasceu em 1992, ano em que seu concorrente Rafael Greca vencia a eleição para ser o sucessor de Jaime Lerner. O ex-prefeito, justamente, foi bastante citado na campanha dela, como modelo a ser seguido na administração municipal. A coligação costurada por Barros garantiu à filha o segundo maior tempo de propaganda em rádio e tevê.

Saúde

Promete criar o cartão "saúde cidadão", com cadastro biométrico dos usuários do sistema municipal, desenvolver um portal da saúde com participação dos cidadãos e médicos, implantar um serviço odontológico de excelência e fazer parcerias público-privadas para "maternidade de alta performance". Diz que irá manter mais postos de saúde abertos até às 21 horas.

Educação

A principal promessa de Maria Victoria na área é implantar gradualmente ensino bilíngue nas escolas, com opção de inglês ou espanhol como segundo idioma. Também fala em aumentar a oferta de vagas nos CMEIs, e em construir novas unidades. Quer implantar programa para, em parceria com o governo estadual, criar oportunidades em educação técnica profissional para jovens.

Moradores de rua e ação social

O programa de governo é sucinto a respeito: fala apenas em promover a reinserção e a reintegração dos indivíduos na sociedade, reduzindo a pobreza, e em fomentar a parceria com entidades para acolher moradores de rua e em reabrir abrigos. Na propaganda na tevê, falou em albergues com camas de uso individual para moradores de rua.

Mobilidade urbana

Maria Victoria é mais uma a prometer a reintegração do transporte coletivo da capital com o metropolitano. Diz que irá iniciar a implantação de novos eixos de Veículos Leves sobre Pneus a partir dos dados de pesquisa de origem e destino do transporte público. Propõe dois novos terminais de transporte, um no Centro e outro no Rebouças, e quer construir viadutos na Linha Verde.

Leia a íntegra do plano de governo de Maria Victoria no site da candidata, em seu site de campanha. Veja também as propostas que ela apresentou ao TSE, no site do tribunal.

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