Em meio a tiroteio verbal, candidatos no Rio debatem segurança e saúde

Do UOL, no Rio

Em meio a ataques aos adversários ou seus aliados, os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro aproveitaram o último debate antes do primeiro turno das eleições, nesta quinta-feira (29), também para falar sobre propostas para a cidade. Segurança e saúde pública foram os temas que mais apareceram nas perguntas e respostas. O evento foi promovido pela TV Globo e teve dois blocos com questões de tema livre e outro com assuntos sorteados.

A discussão sobre qual deverá ser o papel da Guarda Municipal foi um dos destaques do debate e apareceu logo na primeira pergunta que abordou propostas de governo. Ao questionar o senador Marcelo Crivella (PRB) sobre segurança pública, o ex-secretário municipal Pedro Paulo (PMDB) disse que pretendia colocar o órgão para atuar nos 15 principais bairros da cidade, para "coibir roubos e furtos" nos locais com maior incidência dos crimes.

O peemedebista, que já prometeu armar os guardas municipais mas não citou a proposta neste debate, também defendeu uma parceira da guarda com a Polícia Militar e prometeu aumentar seu efetivo de 7.500 para 10 mil integrantes. 

Crivella, por sua vez, foi questionado em duas ocasiões sobre o tema, ambas por Pedro Paulo, mas usou seu tempo para fazer ataques ao adversário e seus correligionários.

Flávio Bolsonaro (PSC), disse entender que a prefeitura deve ter um papel fundamental na segurança, "apesar de ser uma competência do Estado". "Eu vou quebrar esse paradigma e mostrar que a prefeitura vai fazer a sua parte. Vou mudar o foco da guarda municipal, que hoje é muito mais voltado para arrecadação, para multas, para combate aos camelôs, para que ela faça segurança preventiva da população", declarou. Ele também assumiu o compromisso de que, se eleito, os agentes poderão usar armas.

Gustavo Serebrenick / Brazil Photo Press / Agência O Globo
O candidato Flávio Bolsonaro (PSC)

Candidato do PSD, Índio da Costa propôs o comando do órgão deixasse de ser ocupado por um membro da Polícia Militar e que o guarda municipal.

Para Jandira Feghali (PCdoB), os agentes deverão estar "no local de maior números de assaltos ou de delitos".

"Mas, além disso, é necessário um gabinete institucional único, que permita à prefeitura interferir na política de segurança para não virar uma guerra aos pobres. Nós precisamos formular juntos com outros níveis de governo a política de segurança do Rio. Em vez de mandar bala, vamos mandar ao cinema, ao teatro, vamos salvar a vida das pessoas", declarou.

Na mesma linha, Alessandro Molon (Rede) afirmou que iria "chamar o Governo do Estado para sentar e fazer um planejamento de atuação sobre o território", com o foco principal em reduzir o número de homicídios no Rio. Ele defendeu ainda o uso de tecnologia para integrar a guarda à polícia com rádio, "na mesma sintonia, para que quando um crime grave for praticado rapidamente a polícia seja acionada".

Saúde

Considerado o maior problema da cidade para mais da metade da população carioca, segundo pesquisa Ibope realizada neste mês, a saúde foi debatida por diversos candidatos. Projeto polêmico do prefeito Eduardo Paes (PMDB), a gestão de unidades da rede municipal por OSs (Organizações Sociais), entidades privadas pagas pela prefeitura, também foi tema de discussões.

Reprodução/Rede Globo
Marcelo Freixo, candidato do PSOL

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) se dirigiu ao eleitor que tem plano de saúde dizendo que ele precisa estar preocupado. "Amanhã você pode não ter, então ter saúde pública de qualidade é fundamental", disse.

"Nós vamos fazer com que o município seja gestor pleno da saúde, porque hoje você amplia o atendimento básico da clínica de família, mas você não tem uma policlínica, um especialista [...] Vamos rever os contratos das OSS, porque vários desses contratos viraram caso de polícia", declarou o candidato, que também prometeu implementar um plano de cargos e salários para os servidores da saúde.

Já Índio da Costa disse que pretende manter as OSs e que quer comandar um "governo participativo". "Eu quero entender o que acontece com você, qual problema que você sente quando você está utilizando algum equipamento de saúde, as dificuldades que você tem, para poder como prefeito corrigir. A ideia é criar aplicativo de celular", afirmou.

Ex-secretário de Transportes de Paes, Carlos Roberto Osorio (PSDB) disse que "a saúde do Rio de Janeiro está largada". "Infelizmente a prefeitura retirou recursos, que eu vou devolver [...] Vou no primeiro dia de governo baixar uma auditoria em todas essas organizações sociais que infelizmente só servem para levar o dinheiro da saúde e não entender a população de maneira digna", completou.

Médica, a deputada Jandira Feghali falou da própria experiência em hospitais públicos e disse que não vai permitir que faltem médicos e enfermeiros nas equipes e que irá garantir que as clínicas da família tenham o terceiro turno, da noite. Ela também disse que, se eleita, fará uma auditoria nos contratos das OSs.

Educação

Ao falar de educação, os candidatos aproveitaram também para criticar a atual gestão. "Nós não podemos continuar a ter no Rio de Janeiro um programa de educação que virou um projeto de marketing político", declarou Osorio.

"Nós vamos priorizar os profissionais da educação, enquanto não tivermos professores bem remunerados e bem pagos, nós não vamos avançar em escolas novas, porque o importante é educar e não fazer programa bonito para televisão", disse, em referência ao programa de Pedro Paulo no horário eleitoral, o maior e mais caro da eleição carioca.

Reprodução/Rede Globo
Molou afirmou que pretende expandir escola em tempo integral para toda a rede de ensino

Molon, por sua vez, afirmou que o atual plano de cargos, carreiras e salários da rede municipal foi aprovado por uma Câmera de Vereadores "cercada de policiais, com gás de pimenta e bomba". "Eu não vou tratar assim o professor, sem professor valorizado, motivado não tem educação de qualidade, e vou avançar na escola de tempo integral para todos até o final do meu mandato".

Questionado por Bolsonaro sobre o tipo de ensino que deve ser adotado no Rio, Crivella disse querer uma "escola sem partido". "... sem ideologias, com liberdade, onde as pessoas possam desenvolver seu talento e sejam bem assistidas, que tenha merenda escolar, que o professor esteja motivado, que tenha meritocracia, que alcance os índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e que possa ser a escola que traga orgulho aos pais de frequentar", complementou.

O candidato do PSC disse concordar com o adversário e entender que "tem que haver neutralidade dentro de sala de aula, os alunos tem que ter sua liberdade de opinião respeitadas, não sendo ameaçados e constrangidos por alguns professores como está sendo feito hoje". 

"Não é possível os professores começarem uma aula dizendo "fora, Temer', e também não podem começar uma aula dizendo 'Lula na cadeia'".

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