Com dez dias a menos (35 em vez de 45), metade do tempo fixo no ar (10 minutos à tarde e outros 10 minutos à noite) e menos recursos aplicados pelos partidos, a propaganda eleitoral obrigatória na TV tinha tudo para oferecer um alívio ao espectador. Afinal, "menos é mais". Infelizmente, porém, não foi o que aconteceu.

Cheguei a imaginar que os candidatos, com tempo e dinheiro escassos, fossem ser mais objetivos, buscando convencer o eleitor com mensagens claras e diretas. Ao menos na cidade de São Paulo, que acompanhei com mais atenção, a propaganda mais enxuta e com menos pirotecnia não resultou em benefício do paulistano. 

Com 30% do tempo total, João Dória (PSDB) passou 35 dias contando a mesma história. "Eu não sou o candidato dos ricos; eu sou um candidato rico. Eu não sou político, sou um gestor, um administrador".

O atual prefeito, Fernando Haddad (PT), com 26% do tempo, equilibrou-se entre a defesa do governo, a resposta às críticas e a tentativa de "desconstruir" os adversários. Óbvio que não conseguiu.

Marta Suplicy (PMDB) teve 20% do tempo total e, igualmente, tentou dizer muita coisa ao mesmo tempo sem conseguir falar nada. Como lembrar da sua época de prefeita sem dizer que era do PT? Como explicar as alianças de hoje?

Por fim, Celso Russomanno (PRB), com 12% do tempo, optou por transformar o seu horário numa espécie de "Patrulha do Consumidor" político. Gritou muito e, diariamente, falou da "indústria da multa", mas raramente mencionou transporte público.

Foram 35 dias tediosos, pouco úteis para entender os problemas de São Paulo e as propostas dos candidatos para resolvê-los. Gastou-se menos dinheiro com isso tudo, o que é bom. Mas, se depender do horário eleitoral, o paulistano chega mal informado às urnas.