Goiás teve alta de 70% na taxa de homicídios em apenas uma década

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

 A taxa de homicídios no Estado de Goiás cresceu 70% entre 2004 e 2014, segundo o Mapa da Violência 2016. De acordo com os dados, o índice saltou de 18,3 por 100 mil habitantes, em 2004, para 31,2 dez anos depois – quase 50% maior que a taxa de 21,1 por 100 mil que o país registrou em 2014. Em 2004, a taxa de Goiás era menor que a média nacional, de 19,1.

O Estado foi o que teve maior alta do país, fora das regiões Norte e Nordeste – que passaram a liderar o ranking de mortes violentas do país a partir de 2007. 

Já o município de Itumbiara, onde o candidato a prefeito José Gomes (PTB) foi morto durante uma carreata nesta quarta-feira (28), também tem índice acima da média. Está na 382ª posição entre os municípios mais violentos do país, com taxa de 30,4 mortes por cada 100 mil habitantes em 2014. Naquele ano, 28 pessoas foram mortas no município, conforme o Mapa da Violência. Entretanto, no estudo não há dados de anos anteriores do município.

Violência se espalhou

Segundo o sociólogo e coordenador do Mapa da Violência, Julio Jacobo Waiselfsz, Goias --e possivelmente Itumbiara-- foi um dos Estados das vítimas do fenômeno do espalhamento da violência no país iniciado nessa primeira década do século XXI.

"A partir da virada de século, a taxa de homicídios começa a cair nos centros tradicionais, como Rio, São Paulo e Pernambuco, e violência migra para outros Estados. Nas regiões Norte, Nordeste e no Centro-Oeste, e principalmente Goiás, vivem a elevação dos índices de violência", diz o sociólogo.

Waiselfsz explica que a violência em Goias costumava se concentrar, até então, no entorno do Distrito Federal, onde cidades costumavam registrar mais mortes que a média. "Isso sempre ocorreu, mas ultimamente houve um aumento grande na região metropolitana de Goiânia. Com o desenvolvimento industrial, a migração, houve um crescimento na violência", disse.

O sociólogo ainda afirma que o sistema do crime mudou e dificultou o seu combate nos Estados onde haveria menor estrutura de segurança, como seria o caso de Goiás.

"A tendência geral foi de criação de grandes organizações criminosas, que ascenderam nos presídios e que trabalham na fronteira com contrabando de armas e drogas. Não são mais aquelas organizações pequenas que eram, e os Estados que não fizeram investimento, onde o aparelho de Estado não se adequou, sofreu essa alta", disse.
 

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