De "gestão" a "CEU": veja palavras mais repetidas por candidatos no debate

Fernando Cymbaluk

Do UOL, em São Paulo

Equipamentos de saúde, políticas de transporte e unidades educacionais foram citados diversas vezes pelos candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate realizado pelo UOL, "Folha de S. Paulo" e SBT nesta sexta-feira (23). As promessas de campanha e as defesas de ações adotadas à frente da máquina pública formam mapas de palavras nas quais ganha destaque aquilo que o candidato mais enfatiza em seus discursos.

Nomes de programas específicos como os CEU's (Centros Educacionais Unificados) e a Rede Hora Certa aparecem nas falas dos candidatos Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT). Ambos já tiveram oportunidade de estar à frente do poder executivo na cidade, quando criaram ou trouxeram para o município essas políticas. Marta criou o CEU em 2001. Haddad, atual prefeito, adotou em São Paulo o modelo de hospital dia criado pelo governo federal.

Já os candidatos que tentam se eleger à Prefeitura da capital paulista pela primeira vez utilizam termos mais genéricos. Celso Russomanno (PRB) investe na palavra "saúde" ao propor novas políticas para o setor. João Doria Jr. (PSDB) destaca sua competência em "gestão". E Major Olímpio (Solidariedade) foca na atuação da Guarda Civil Metropolitana.

Luiza Erundina, que foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1992 e cuja gestão foi marcada pela adoção de políticas de caráter social, enfatiza esse aspecto em suas promessas para uma nova gestão. Ela fala de "justiça social", "caráter social" e "política social".

O UOL criou nuvens de palavras a partir da transcrição das falas de cada candidato. Foram eliminadas as palavras que se repetiam em todos os discursos, como "cidade" e "São Paulo". Confira abaixo o que foi predominante no debate.

Celso Russomanno (PRB)

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Nas perguntas e respostas do candidato Celso Russomanno, a palavra saúde foi dita 15 vezes. Na maioria das vezes, ele fazia referência a sua promessa de campanha de informatizar o sistema da rede de saúde em São Paulo, criando o prontuário eletrônico. Russomanno também disse que construirá o hospital do idoso se for eleito.

O candidato citou sete vezes a palavra "crianças", para criticar o fato de alunos passarem de ano "sem saber ler e escrever" ou para prometer disponibilizar escolas e parques abertos para lazer. Ele também recorreu seis vezes ao termo "infelizmente" ao fazer ataques à atual gestão da Prefeitura. "Uma das coisa mais caras na vida da gente, a saúde, infelizmente não funciona em São Paulo".

Marta Suplicy (PMDB)

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A mais presente das intervenções da candidata Marta Suplicy (PMDB) foi, em disparado, a sigla CEU (Centros Educacionais Unificados), repetida 17 vezes. A candidata defendeu os equipamentos que foram criados em sua gestão na Prefeitura de São Paulo entre os anos 2001 e 2004 como "o melhor investimento feito nesta cidade na área da educação". Marta também criticou o prefeito Fernando Haddad (PT) por não ter entregue 20 CEU's que constavam em seu programa de campanha em 2012 e prometeu construir 14 novas unidades caso seja eleita.

Além dos termos "educação" e "saúde", ambos repetidos nove vezes por Marta, as palavras "problema" e "teto" também foram recorrentes. A primeira surgiu em críticas a adversários. A segunda, quando Marta respondeu a pergunta sobre política defendida pelo presidente Michel Temer, de seu partido, de criação de teto de gastos públicos. "O teto é necessário. Agora, diminuir [gastos] de educação e saúde seria um escândalo", disse.

João Doria (PSDB)

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As palavras que mais apareceram nos discursos do candidato tucano, João Doria, foram relacionadas à gestão da administração pública. A palavra "gestão" foi repetida 11 vezes. "Gestor" foi dito seis vezes. E "administrador", outras quatro vezes. Doria ressaltou sua experiência como gestor de grupos empresariais como um diferencial na corrida à prefeitura. "Não sou um político, sou um administrador, gestor. Vou fazer uma gestão moderna, eficiente, voltada para os mais necessitados", afirmou o candidato.

A palavra "corrupção" foi citada dez vezes por Doria. Ela surgiu principalmente quando o candidato teve que responder à pergunta de Major Olímpio (Solidariedade) sobre o envolvimento de seu partido com denúncias de corrupção. Doria disse que o PSDB "não promove, não admite e não faz corrupção" e atacou o PT, partido de Fernando Haddad, como corrupto.

Fernando Haddad (PT)

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Nas intervenções do candidato à reeleição Fernando Haddad (PT), o nome mais citado foi o da "Rede Hora Certa", com 14 aparições, seguido por "hospitais", com 11. Haddad defendeu políticas adotadas por sua gestão na área da saúde, como a criação de 33 unidades do Hora Certa, onde é possível passar por atendimento especializado, realizar exames e pequenas cirurgias, e a criação de três hospitais gerais. O candidato afirmou ser necessário expandir essas políticas.

Outras palavras bem presentes na fala de Haddad foram CEU (dez vezes) e ônibus (9). O petista citou como exemplos de políticas bem-sucedidas de sua gestão a criação de cursos superiores em unidades do CEU e de 400 km de faixas e corredores de ônibus. "No transporte público, [criei] o passe livre do estudante, faixa exclusiva [de ônibus], que é recorde na cidade. Ônibus ganhou velocidade, você ganhou tempo", afirmou, dirigindo-se aos telespectadores.

Major Olímpio (Solidariedade)

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O candidato do Solidariedade, Major Olímpio, trouxe ao debate o tema da segurança pública, com falas sobre o papel das polícias militar e civil e a defesa da liberação do porte de armas. "Guarda Civil" foi dito 11 vezes por Olímpio, e "Polícia", oito. "Nós precisamos regulamentar a segurança pública. Devemos instrumentalizar as guardas municipais", disse, defendendo maior atuação da Guarda Civil Metropolitana e citando lei federal de 2014 que estabelece normas para essa força policial.

Major Olímpio também defendeu uma revisão do estatuto do desarmamento, aprovado em 2003, que estabelece o controle da venda de armas no país. "Ele [estatuto] não diminuiu em nada indicadores de criminalidade", disse, argumentando que o porte de arma possibilita a legítima defesa das pessoas contra "criminosos".

Luiza Erundina (PSOL)

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Nas falas de Luiza Erundina, o termo "social", com nove aparições, foi o que teve maior destaque. Ele apareceu em diversos formatos, sempre relacionado a políticas que priorizem o social, como as voltadas à redução da desigualdade e à promoção de acesso a direitos e geração de renda. Erundina citou o transporte público como um "direito social" e defendeu a adoção progressiva de "tarifa zero" nos "ônibus" (palavra repetida oito vezes). Para reforçar políticas públicas de "caráter social", a candidata propôs a adoção da progressividade na cobrança do IPTU, com moradores de imóveis mais caros pagando maior valor.

"Isso [imposto progressivo] faria com que a prefeitura arrecadasse mais recursos, [permitindo] fazer justiça tributária, justiça fiscal", afirmou. Ela criticou o fato de existirem no município "1.500 creches conveniadas", as chamas Organizações Sociais, onde há participação de gestão privada. "Eu acho que esta inversão precisa se dar porque a creche é um direito social, e tem que ter gestão direta da prefeitura", disse. Ao propor revisão e auditoria da dívida pública, Erundina criticou o fato de o município pagar a credores altas taxas de "juros", palavra repetida também oito vezes.

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