Em cidade de 2.000 moradores, TRE cancela mais de 250 títulos de eleitores

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

  • Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em Ermo, cidadezinha do sul de Santa Catarina, há mais eleitores do que habitantes. Essa discrepância gerou uma investigação mais aprofundada no TRE-SC (Tribunal Regional Eleitoral - Santa Catarina). E nesta quarta-feira (21), a menos de duas semanas das eleições, 259 pessoas tiveram seus títulos cancelados por suspeita de fraude eleitoral. Num município com apenas 2.078 moradores, segundo o IBGE, essas suspensões de direito ao voto podem mudar o resultado das urnas.

Os candidatos à prefeitura Marcos Leone Oliveira, o Marquinhos (PSDB), e Aldoir Cadorin, o Zica (PDS), optaram por não falar sobre o caso com a reportagem. A polícia iniciará uma investigação criminal para averiguar se eles têm envolvimento com os títulos falsos.

Em julho, 29 cidades catarinenses, de que a maioria dos brasileiros nunca ouviu falar, foram parar nos noticiários por terem mais eleitores do que moradores. Ermo era a que mais se destacava. Uma diferença de 252 pessoas.

"Essas situações ocorrem em municípios menores, com até três mil habitantes. Muitas eleições são decididas com diferenças de cinco, dez votos", conta a secretária da Corregedoria do TRE/SC Renata Beatriz Fávere.

O TRE recebeu e-mails e telefonemas de moradores de Ermo denunciando a falsificação. Eles indicam que pessoas de municípios vizinhos foram cooptadas para somar forças nas urnas.

Na última semana de julho, a Justiça Eleitoral convocou as últimas 800 pessoas que transferiram seus títulos para cidade e exigiu a comprovação de vínculo, que poderia ser o registro de um imóvel ou contrato de locação, carteira assinada em alguma empresa local ou matrícula escolar. Em três semanas, 259 não conseguiram atender os requisitos.

Apesar dos cancelamentos, Renata Fávere informa que a cidade ainda está acima dos padrões de voto. "O normal é que o eleitorado seja de 80% em relação à população. Nos próximos meses, se a Justiça achar necessário, pode pedir a reavaliação de todos os títulos do município. Mas, ainda não está definido", explicou.
 

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