Corrupção, Uber e reforma trabalhista esquentam debate em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

O debate entre seis dos 11 candidatos à Prefeitura de São Paulo neste domingo (18), realizado em parceria entre TV Gazeta, "O Estado de São Paulo" e o Twitter, esquentou com temas envolvendo Uber, a corrupção e a reforma trabalhista, que está sendo estudada pelo governo Michel Temer (PMDB).

Participaram do debate Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB), Fernando Haddad (PT), Luiza Erundina (PSOL) e Major Olimpio (SD).

Corrupção, ataques a padrinhos e Uber

Alguns dos "padrinhos" dos candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB), motivaram ataques envolvendo o tema corrupção.

Haddad foi vinculado várias vezes às denúncias de corrupção contra o PT e foi solicitado a fazer a defesa de Lula, denunciado pelo MPF na última semana. O prefeito se disse orgulhoso do trabalho no Ministério da Educação do governo Lula e afirmou que o líder petista foi o "maior presidente da história da República". "Foi o presidente que mais melhorou a vida do trabalhador na história." Sobre as acusações, disse que Lula "terá a chance de se defender".

Reinaldo Canato / UOL
Candidato à reeleição, Haddad defendeu o ex-presidente Lula e disse ter orgulho do que fez como ministro petista

Haddad fez críticas ao governo Alckmin, dizendo que a segurança, os hospitais e o transporte de responsabilidade estadual não funcionam, e afirmou que seu governo combateu a corrupção com a criação da Controladoria Geral do Município, que está investigando o caso de corrupção no Theatro Municipal.

Depois, Doria defendeu a gestão Alckmin e atacou o PT. "Eu respeito você, Haddad, mas você não pode falar o que falou do governo Alckmin nem de gestão porque seu partido fez o que fez com o Brasil: deixou 12 milhões de pessoas desempregadas. Não me venha dar aulas de gestão porque você não está sendo bem avaliado." Doria disse ainda que o PT "introduziu a corrupção nesse país".

Eduardo Anizelli/Folhapress
Doria elogiou a administração de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo de SP e foi vaiado

Marta foi atacada pelo seu vínculo ao governo Temer e pelas acusações envolvendo ex-deputado Eduardo Cunha, que teve o mandato cassado na semana passada. Erundina chamou a ex-prefeita de "incoerente". "Marta dizia que o PT era um mar de lama, e o PMDB é o partido do Cunha. Não há figura mais corrupta que Cunha e seus asseclas do PMDB", disse Erundina.

Marta buscou enaltecer sua gestão na prefeitura, entre 2001 e 2004, e questionou o que chamou de "falta de transparência" da gestão Haddad. "Sumiram R$ 15 milhões, um maestro faz acusações contra o prefeito e ninguém sabe para onde foi esse dinheiro. Falta transparência também com o Uber. Quantos motoristas têm? Quantas pessoas utilizam o serviço?", perguntou Marta.

Líder das últimas pesquisas Ibope e Datafolha, Russomanno se resguardou durante o maior tempo da discussão, mas atacou Fernando Haddad no final, ao criticar o prefeito pela falta de informações sobre o número de motoristas do Uber. O candidato do PRB disse que Haddad tem um sobrinho trabalhando no Uber e, dessa maneira, conseguiria os dados que a empresa se recusa a fornecer.

Reinaldo Canato / UOL
Russomano atacou Haddad sobre falta de transparência nos dados do Uber

Russomanno novamente disse que o Uber pratica concorrência desleal e prejudica os direitos trabalhistas de seus motoristas. No entanto, disse que é necessário criar um sistema em que taxistas e motoristas do Uber possam conviver. 

Já Major Olímpio foi questionado sobre o apoio do presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, ao ex-deputado Eduardo Cunha. Olímpio atacou Cunha e defendeu Paulinho, dizendo que o deputado federal lhe deu liberdade para divulgar suas posições.

Reforma trabalhista foi munição para ataques                        

Russomano, Marta e Major Olimpio foram vinculados a propostas do governo Temer e tiveram de se posicionar sobre a jornada de trabalho de 12 horas e a proposta de colocar teto nos gastos públicos com educação e saúde.

A posição de Russomano em relação à reforma trabalhista foi questionada --tema usado em propaganda política contra ele. O candidato do PRB afirmou que defende a jornada de 40 horas semanais e é contra o aumento dela.

"O presidente Michel Temer não encampou a jornada de 12 horas de trabalho. Quem fez a proposta foi o ministro do Trabalho, que é do partido do Russomanno", afirmou Marta.

Reinaldo Canato / UOL
Empatada nas pesquisas com Doria, Marta disse que vocação para ganhar dinheiro e para vida pública são diferentes

O candidato à reeleição, Fernando Haddad, questionou propostas da nova administração federal como a elevação da idade mínima para a aposentadoria e a PEC do Teto dos Gastos (PEC 241), medida que, segundo ele, "congela os gastos públicos por 20 anos". 

Luiza Erundina criticou o governo de Michel Temer e suas propostas. "Sou contra o governo Temer e as medidas que ele implementa como pagamento do golpe", afirmou. A candidata chamou o presidente de "destruidor das conquistas brasileiras."

Outros temas

Houve discussões em torno da situação do transporte público e da concessão de subsídios da prefeitura a empresas de ônibus. Doria disse que manterá os subsídios às empresas e não vai alterar a tarifa, atualmente em R$ 3,80. Marta também afirmou que não aumentará a tarifa e disse que "conquistas como o passe livre" serão mantidas. A ex-prefeita ainda afirmou que construirá mais 100 km de corredores na cidade.

Marta ainda cutucou Doria, que se apresentou por diversas vezes como "gestor, não político". "Doria fala em eficência e gestão, mas gestão tem que ter paixão. Tem que olhar para as pessoas e cuidar." Doria disse que Marta não foi reeleita porque não foi boa gestora.

Pesquisas

Segundo a última pesquisa Ibope, realizada entre 10 e 13 de setembro, Russomanno tem 30% das intenções de voto. Marta, com 20%, e Doria, com 17%, estão tecnicamente empatados na segunda posição. Haddad registrou 9%; Erundina, 5%; Major Olímpio, 1%.

Os resultados foram semelhantes à última pesquisa Datafolha, realizada em 8 de setembro. Nela, Russomanno aparece com 26%; Marta, 21%; Doria, 16%; Haddad, 9%; Erundina, 7%; Major Olimpio, 2%. 

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