Denúncia contra Lula é fato mais político do que jurídico, diz Haddad

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Suamy Beydoun - 24.jul.2016/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Lula e Haddad no lançamento da candidatura à reeleição do prefeito, em julho

    Lula e Haddad no lançamento da candidatura à reeleição do prefeito, em julho

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), disse nesta quarta (14) que a decisão do Ministério Público Federal do Paraná de denunciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "comandante máximo do esquema identificado na Operação Lava Jato" é um fato mais político do que jurídico. Também declarou que já se esperava o surgimento de alguma decisão para prejudicar o partido nas eleições municipais.

"A informação que a gente tinha é de que alguma coisa seria feita às vésperas da eleição. Se é verdade que não há provas [contra Lula], as coisas se combinam. Talvez seja mais um fato político do que propriamente jurídico", afirmou ao chegar a um compromisso de campanha na noite desta quarta.

Haddad evitou responder se Lula continuará participando de sua campanha. "Quem julga a conveniência, a oportunidade, o desejo, a disposição do Lula e da Dilma [participar da campanha] são os dois. A campanha não faz esse tipo de julgamento. O Lula tem participado de alguns eventos comigo." 

Outros candidatos do PT nas eleições municipais disseram que Lula será mantido em suas campanhas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a deputada federal Luizianne Lins, candidata à Prefeitura de Fortaleza, afirmou que Lula vai continuar participando da campanha, inclusive com previsão de que ele o faça pessoalmente.

"Com essa decisão, está se cometendo uma das maiores injustiças sofridas por um líder popular na história brasileira. Eu acredito e confio no ex-presidente Lula e na sua liderança como alguém que dedicou e tem dedicado toda a sua vida, de forma incansável, para trazer mais dignidade ao povo brasileiro. E todo mundo sabe que o objetivo de toda essa panaceia é desconstruir a imagem do Lula, a força da sua liderança e das suas ideias, temendo seu retorno em 2018, além de buscar criminalizar o Partido dos Trabalhadores", disse Luizianne, que já foi prefeita de Fortaleza duas vezes, em nota.

Candidatos falam em 'perseguição' e 'tempos sombrios'

O candidato do PT em Natal, Fernando Mineiro, disse que a imagem de Lula continuará sendo usada e que o ex-presidente é perseguido. "Mais uma denúncia sem prova, resultado de uma clara perseguição ao ex-presidente."

O postulante do PT em Recife e ex-prefeito da cidade, João Paulo, também disse que o ex-presidente participará de sua campanha mesmo após a denúncia. Ele defendeu Lula e criticou a conduta do MPF.

"Estamos vivendo dias sombrios no Brasil. Como um procurador convoca a imprensa para fazer uma acusação e, em seguida, diz que não tem como provar tal acusação? O procurador baseia-se apenas em suas convicções, conforme reconheceu. O que se vê é uma perseguição implacável contra Lula, um dos maiores líderes do mundo. O estardalhaço em torno desse anúncio mostra que devemos estar ainda mais atentos em relação à defesa da democracia. Acusações sem provas são típicas de regimes autoritários", disse João Paulo. "Não aceitaremos isso. Vamos nos unir para defender a democracia e nosso principal líder político."

O candidato do PT em Maceió, Paulão, afirmou que a imagem de Lula continuará na campanha. "Tenho orgulho de ser meu amigo e melhor presidente da história do Brasil."

O candidato do PT em Porto Alegre, Raul Pont, foi procurado pela reportagem, mas até a última atualização desta reportagem não havia atendido ao pedido de comentar a denúncia contra Lula e se contaria com a participação do ex-presidente em sua campanha mesmo após o anúncio do MPF. A campanha de Pont foi procurada por telefone, e-mail e em sua página no Facebook. 

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