Para cientista política, SP ter 11 candidatos reflete "sistema pulverizado"

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

Os paulistanos terão como opções para a Prefeitura de São Paulo 11 candidatos na eleição do dia 2 de outubro. A "grande oferta" é algo comum nos pleitos da capital paulista. Nas oito eleições já realizadas desde 1985 --que marcou a volta do direito ao voto na eleição paulistana--, a média é de uma dúzia de postulantes por pleito.

Para a professora de ciência política da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Lilian Furquim, o número de candidatos é um espelho do "sistema eleitoral pulverizado" do país: "Ele reflete a quantidade muito grande de partidos que a gente tem". Atualmente, o país possui 35 partidos. Ou seja, há quase um candidato a cada três partidos na disputa da Prefeitura de São Paulo de 2016.

Nessa "multidão partidária", o eleitor vai continuar "sem saber o que cada [um dos] partido representa", na visão de Furquim. O fato de a maior parte dos votos concentrarem-se em três ou quatro candidaturas também é motivado pelo sistema eleitoral, observa a cientista política.

Na última eleição, em 2012, José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (então no PMDB) obtiveram, juntos, 95% dos 6,1 milhões de votos que as 12 candidaturas tiveram. "Quem tem mais chances são as pessoas muito conhecidas, elas têm um 'recall' [lembrança] para o eleitor", explica Furquim.

Pelo menos nove

A "menor oferta" para os paulistanos foi registrada em 1992, com nove candidatos. A disputa acabou polarizada entre dois nomes: Paulo Maluf (PDS) e Eduardo Suplicy (PT). A diferença entre eles foi de cerca de 800 mil votos tanto no primeiro quanto no segundo turno, sendo Maluf o vencedor de ambos.

Até hoje, a quantidade de candidatos na eleição de 2000 não foi superada: 16. Entre os nomes à disposição do eleitor estava o do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB). Seus votos foram invalidados porque ele ainda cumpria o prazo de oito anos em que não possuía direitos políticos, consequência do julgamento de seu impeachment, realizado em 29 de dezembro de 1992. 

Candidatos por eleição em São Paulo

  • 2016 - 11 candidatos
  • 2012 - 12 candidatos
  • 2008 - 11 candidatos
  • 2004 - 14 candidatos
  • 2000 - 16 candidatos
  • 1996 - 12 candidatos
  • 1992 - 9 candidatos
  • 1988 - 13 candidatos
  • 1985 - 11 candidatos

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Já estiveram lá

Na eleição de 2016, três dos candidatos já estiveram, em algum momento, no comando da Prefeitura de São Paulo. O que une esse trio é que todos exerceram seus mandatos enquanto estavam no PT.

A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) liderou a maior cidade do país entre 1989 e 1992. Duas gestões depois, uma petista voltou ao cargo. A atual senadora Marta Suplicy (PMDB) administrou a capital paulista de 2001 a 2004.

Atualmente, o prefeito paulistano é Fernando Haddad (PT). No cargo desde 2013, ele tentará a reeleição.

Entre os outros oito candidatos, seis disputarão o cargo pela primeira vez: João Doria Jr. (PSDB), Ricardo Young (Rede), Major Olímpio (Solidariedade), João Bico (PSDC), Altino de Melo (PSTU) e Henrique Áreas de Araújo (PCO).

Experiência anterior

Levy Fidelix (PRTB) e Celso Russomanno (PRB) já sabem o que é concorrer ao cargo. Russomanno tentou ser prefeito em 2012 e terminou o primeiro turno na terceira posição, com 1.324.021 votos.

Já Fidelix vai para sua quarta tentativa. O político, porém, viu seu desempenho melhorar ao longo do tempo.

Em 1996, ele teve 3.608 votos. Doze anos depois, Fidelix conseguiu o apoio de 5.518 eleitores. Em 2012, foram 19.800 votos.

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Quatro maiores

Entre as quatro capitais que têm mais eleitores no país, São Paulo é a que, historicamente, possui maior número de candidatos. Na sequência, aparece o Rio de Janeiro, com média de 10 postulantes --serão 11 nesse pleito.

Em terceiro lugar quando o assunto é população eleitoral, Salvador possui média de 7 candidatos por pleito, mesmo número de opções que os soteropolitanos terão este ano. E, em Belo Horizonte --a quarta capital em número de eleitores nas eleições municipais--, a média é de 9 candidatos em cada pleito. No de 2016, assim como em São Paulo e no Rio, serão 11 candidatos.

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