Não é bem assim: veja deslizes dos candidatos do Rio no debate da RedeTV!

Ana Rita Cunha, Alfredo Mergulhão, Bernardo Moura e Tai Nalon

Do Aos Fatos*

Os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro cometeram equívocos, confusões e imprecisões durante o debate da RedeTV! realizado na noite desta sexta-feira (9). Em tempo real, jornalistas do site "Aos Fatos", de checagem de dados, fatos e declarações, analisaram, confirmaram ou refutaram as afirmações durante o confronto.

Veja o que "Aos Fatos" verificou em tempo real, em parceria com o UOL, durante o programa.

Índio da Costa se equivoca sobre horário integral nas escolas

Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press / Ag. O Globo

Tempo integral [nas escolas] são 9h. A prefeitura diz que oferecerá 7h30

A afirmação do candidato Índio da Costa (PSD) é equivocada. Conforme prevê o Plano Nacional de Educação, ensino integral nas escolas é de 7 horas ou mais de aula.

Jandira ameniza para Dilma

Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press / Ag. O Globo

O governo de Dilma não cortou programas sociais não deixou de atender o povo em função desta crise

A afirmação da candidata Jandira Feghali (PC do B) é falsa. No orçamento de 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, houve a redução de R$ 4,8 bilhões nos gastos com o programa social Minha Casa Minha Vida, como parte do pacote de corte de gastos apresentados pelo então ministro Nelson Barbosa (Fazenda). Em uma fala anterior, a própria Jandira critica cortes no setor de habitação no governo do presidente Michel Temer. "É uma área que gera emprego", disse.

Pedro Paulo arredonda números da educação

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A cada R$ 3 de investimentos, R$ 2 eu vou investir na zona norte e na zona oeste. A exemplo do que nós fizemos, metade das escolas foram na zona oeste da cidade

O candidato Pedro Paulo (PMDB), que á apoiado pelo atual prefeito Eduardo Paes (PMDB), afirmou que metade das 305 escolas que o governo municipal prevê inaugurar até dezembro de 2016 está na zona oeste. O dado é impreciso, pois as 136 unidades que devem ser inauguradas na zona oeste correspondem a 44,6% do total de escolas a serem inauguradas, segundo a Secretaria Municipal de Educação.

Crivella omite processos de sua biografia

Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Ag. O Globo

Com a moral de um homem de bem, que você conhece há 15 anos e que não tem em seu currículo uma citação em delação, um processo, que é ficha limpa

A afirmação é imprecisa, pois o candidato Marcelo Crivella (PRB) já teve dois inquéritos instaurados contra ele no Supremo Tribunal Federal: um por falsidade ideológica e outro de crime contra o sistema financeiro. Ambos os processos foram arquivados em 2006.

O processo por falsidade ideológica se deve a um questionamento contra o então candidato ao Senado, em 2002, por ser também concessionário da TV Cabrália, repetidora da Record em Itabuna (BA). A defesa de Crivella afirmou que o nome do senador constava erroneamente do contrato de concessão mesmo após a venda da participação na TV. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes acolheu o pedido da Procuradoria Geral da República e arquivou o processo por falta de provas.

O processo contra o sistema financeiro foi aberto para apurar a responsabilidade penal dos diretores das empresas Investholding e Cableinvest, incluindo Crivella, na prática dos crimes de evasão de divisas, manutenção de cotas no exterior sem conhecimento da autoridade federal competente e sonegação fiscal. O ministro do Supremo Ricardo Lewandowski arquivou o processo por ausência de provas, documentais ou testemunhais, de que os diretores das empresas teriam recebido 18 milhões de dólares entre os anos 1992 a 1994.

No debate da Band, em 25 de agosto, ele já havia dito que não havia nada contra ele.

Em nota enviada no sábado, Crivella diz que "nunca omitiu processo porque nunca houve processo ou denúncia". "Para não ser acusado de impreciso, eu deveria passar a vida citando investigações que nada provaram e jamais se tornaram denúncia ou processo?", questiona.

"Aos Fatos" mantém sua apuração, já que a afirmação cita o "currículo" de Crivella, ou seja, seu histórico. No passado, conforme mostram os arquivos do STF, dois inquéritos foram abertos para investigá-lo. O mesmo STF explicita, em seu glossário jurídico, se tratar de "procedimento para apurar se houve infração penal". 

Osorio é impreciso ao citar sua passagem pela gestão Paes

Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Ag. O Globo

Não fui que licitei as empresas de ônibus, isso foi feito anteriormente à minha entrada na prefeitura. De fato, nós temos que rever o modelo de transporte por ônibus na cidade do Rio de Janeiro

É imprecisa a declaração do candidato do PSDB, Carlos Osorio, sobre sua participação no governo de Eduardo Paes --do qual fez parte desde o primeiro ano de mandato, em 2009.

Osorio deixou a Secretaria Municipal de Conservação para assumir a pasta de Transportes em 30 de outubro de 2012. A licitação do serviço de ônibus no Rio, por sua vez, foi realizada em 2010 pelo secretário Alexandre Sansão, mas foi durante a gestão de Osorio que teve início a investigação do Tribunal de Contas do Município sobre indícios de cartel das empresas de ônibus.

O tucano também depôs junto com Sansão na CPI dos Ônibus na Câmara Municipal, em 2013, para defender o modelo adotado pela prefeitura. Apesar das suspeitas, a licitação foi mantida pelo município e vigora até hoje.

Freixo toma a parte pelo todo

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Evidente que vocês precarizaram as escolas. Olha o relatório do Tribunal de Contas. Quando vocês assumiram, tinham 15% de escolas precárias. Hoje, tem 43%. Olha o relatório. Vocês acabaram com a educação pública do Rio de Janeiro

A afirmação do candidato Marcelo Freixo (PSOL) é imprecisa. Embora os percentuais estejam corretos, não é possível dizer que os dados representam o universo das escolas públicas municipais do Rio, pois os relatórios realizados pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) são feitos com base em amostragens.

Ao todo, 195 escolas foram visitadas pelos auditores do TCM tanto em 2009 quanto em 2015. A rede municipal possui, hoje, 1.511 unidades escolares, segundo dados da Secretaria de Educação.

Bolsonaro omite doações de fundo partidário

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Nessas eleições, já falei publicamente: não quero um real de doação de ninguém. O povo carioca já paga tantos impostos, já passa por tantas dificuldades. Não quero seu dinheiro, quero sua confiança, quero sua credibilidade, que acredite no meu governo. É possível, sim, fazer politica sem estar no bolso de ninguém

Flávio Bolsonaro, candidato pelo PSC, afirmou que não quer receber qualquer doação dos eleitores. De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro de fato não recebeu recursos de pessoas físicas para sua campanha, até o momento. No entanto, o candidato recebeu R$ 235 mil do fundo partidário até dia 2 de setembro. O dinheiro proveniente do fundo partidário nada mais é que recursos públicos provenientes de "dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros". Ou seja, veio, também, do contribuinte.

A primeira transferência da direção nacional do PSC ocorreu no dia 23 de agosto, no valor de R$ 100 mil. A segunda remessa de recursos para a campanha foi de R$ 135 mil, realizada em 2 de setembro.

A declaração de Bolsonaro foi dada após ele questionar as doações recebidas por Índio da Costa (PSD) em eleições passadas, quando empresas podiam para doar aos candidatos.

Crivella erra data da criação da primeira favela do Brasil

A comunidade mais antiga do Brasil, que é o Morro da Providência, de 1870, continua com esgoto correndo a céu aberto

Ao mencionar a urgência de obras de saneamento nas áreas pobres do Rio, o candidato do PRB, Marcelo Crivella, acerta ao afirmar que o Morro da Providência é a favela mais antiga do Brasil, mas erra ao dizer que a comunidade teve início em 1870.

De acordo com o livro "Favelas do Rio de Janeiro: História e direito", de Rafael Soares Gonçalves, o Morro da Providência começou a ser ocupado em 1897, na volta dos soldados que lutaram na Guerra de Canudos.

"Os soldados que retornavam da guerra se estabeleceram, com a tolerância do Exército, no Morro da Providência, que se encontra atrás do prédio do antigo Ministério da Guerra, no Rio de Janeiro", diz o autor. O livro acrescenta que o termo "favela" vem de um morro no sertão da Bahia, chamado "Favella", onde ocorreu a Guerra de Canudos.

Segundo o livro, a partir da segunda década do século 20, esse termo "favela" passou a designar todas as habitações precárias do mesmo tipo espalhadas nos diversos morros da cidade.

*Aos Fatos é uma plataforma digital de checagem de fatos, dados e declarações públicas

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