Provocações, política nacional e realidade de eleitores marcam debate em SP

Do UOL, em São Paulo

 

Recheado de provocações, com umas boas pitadas de questões da política nacional e temperado com perguntas de eleitores revelando um retrato dos problemas reais que a população mais sente. Com esta receita e ingredientes, seis dos candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram na noite desta sexta-feira (2) (adentrando os primeiros minutos deste sábado), do debate da Rede TV!, em parceria com o UOL, a revista Veja e o Facebook.

Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), Luiza Erundina (PSOL), Fernando Haddad (PT), João Doria (PSDB) e Major Olímpio (SD) fizeram perguntas entre eles, responderam a questões dos jornalistas Diogo Pinheiro (UOL), Mauro Tagliaferri (Rede TV!) e Pedro Dias Leite (Veja) e de eleitores paulistanos.

"Não é bem assim": veja os deslizes dos candidatos no debate, conforme a apuração e checagem de fatos da equipe do Aos Fatos, em parceria com o UOL: http://bit.ly/debate-redetv

Adriano Vizoni/Folhapress

Nas perguntas entre eles, não faltaram provocações entre os candidatos. João Doria, por exemplo, provocou Marta Suplicy ao dizer que a ex-prefeita (2001-2005, quando ela era do PT) "deixou a cidade quebrada". "Deixei a cidade com dinheiro em caixa e com muito orgulho da administração que fiz", disse. Doria lembrou das taxas e impostos que renderam a Marta o apelido de "Martaxa", e ela se defendeu novamente dizendo que sua administração foi aprovada pela população.

Luiza Erundina (PSOL) acusou o candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), de hesitar em chamar o afastamento da presidente Dilma Rousseff de "golpe". Haddad explicou que quis fazer uma distinção entre o golpe militar de 1964 deste "novo tipo de golpe de caráter institucional". "Veja o que o Senado decidiu esta semana: decidiu afastar a presidenta Dilma, mas manter os seus direitos políticos. Ou seja, o Senado assumiu o afastamento, reconhecendo que não houve crime por parte da presidenta", acrescentou. "Ficou mal para você", disse Erundina. Em sua tréplica, Haddad alfinetou Erundina (que já foi prefeita de São Paulo pelo PT): "Nunca mudei de partido". Ele pediu a Erundina respeito à sua trajetória.

Haddad, por sua vez, perguntou a Russomanno: "Em que mundo você vive?", no momento em que respondia a uma pergunta em que o candidato do PRB dizia que que a prefeitura não vem ajudando o governo do Estado a cuidar da segurança pública:  "Celso, 22 anos de governo do PSDB no Estado, você acha que uma parceria com eles vai surtir algum efeito? Em que mundo que você vive? Não há a menor condição."

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Confira outros momentos do debate

O jornalista do UOL Diogo Pinheiro questionou Celso Russomanno se ele pretendia reajustar as tarifas de transporte público logo no primeiro ano ou se deixaria este reajuste para anos seguintes. Russomanno disse que "não pretende aumentar passagens de ônibus de jeito nenhum". O candidato disse ainda que manterá o passe livre para estudante: "A gratuidade está dada, o que foi feito de bom deve ser mantido. Só há uma forma da gente resolver o problema do transporte coletivo: vamos continuar subsidiando."

 

A Fernando Haddad, Pinheiro questionou sobre como ficaria a relação entre o governo Temer e a prefeitura e que lição, como gestor público, o candidato à reeleição tirava do impeachment da presidente Dilma. Haddad se esquivou de tratar da relação com o governo Temer e, sobre o impeachment, disse que Dilma perdeu a base parlamentar. "O cuidado que tem que se ter é você garantir uma maioria parlamentar, o que é muito difícil com Congresso Nacional dessa qualidade, baixa qualidade. A maioria envolvida inclusive na Operação Lava Jato. Torço, e torci e continuo torcendo para que a Lava Jato chegue à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, e faça tudo o que tem que ser feito para passar este país a limpo."

O jornalista da RedeTV! no debate, Mauro Tagliaferri, perguntou a Marta Suplicy (PMDB) sobre a proposta de emenda do governo federal de corte de gastos e como ela poderia afetar os investimento na área de saúde. Marta respondeu: "Primeiro temos que ver o contexto que estamos vivendo, é um contexto de enorme crise gerado pelo governo que antecedeu, e realmente, a situação pela dificuldade vai obrigar a todos os governos, a diminuir gastos em todas as áreas." E acrescentou: "Eu já trabalhei com pouquinho, eu sei trabalhar com pouquinho, e sei escolher a prioridade, porque isso é que é governar, é você saber qual é seu foco e onde você vai pôr seu recurso, meu recurso aqui vai ser para saúde, prioritariamente." O jornalista perguntou quando foi a última vez que ela (ou sua família) utilizou o SUS (Sistema Único de Saúde), Marta afirmou que sua família e ela têm planos de saúde "porque a saúde está muito ruim".

O jornalista da revista "Veja", Pedro Dias Leite, perguntou a Fernando Haddad se houve dinheiro do petrolão na sua campanha a prefeito em 2012. Haddad respondeu que São Paulo é um exemplo para o país de combate à corrupção, com a criação da Controladoria-Geral do Município. "Se você avançar nas investigações [da Lava Jato], você vai ver que esta tese já foi afastada pelo próprio Ministério Público, em vários dos casos. Eu próprio tive oportunidade de ler alguns depoimentos, que afastam esta possibilidade", disse Haddad. Ele concluiu que a Operação Lava Jato não pode ser "seletiva".
 
Em resposta ao jornalista Mauro Tagliaferri, Erundina disse que não fará composição com PT e PMDB em eventual segundo turno. Ela disse que a governabilidade não se dá apenas pelo apoio do Legislativo, mas "com efetiva participação popular".
 
Diogo Pinheiro, do UOL, perguntou a João Doria (PSDB) como ele pretendia compensar a perda de arrecadação e se planejava aumentar impostos. O candidato tucano aproveitou para atacar dois adversários de uma vez: "Quem gosta de aumentar impostos são os candidatos Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (PMDB)". "Nós não vamos aumentar", afirmou. A provocação levou Marta a pedir que Doria tivesse "compostura", pois considerou que ele faltou com respeito a ela.
 
A candidata Luiza Erundina criticou Marta Suplicy por apoiar o governo e disse que a senadora pelo PMDB não passa no teste do feminismo. Marta respondeu: "Luiza Erundina, quem dá um atestado de feminismo não é você, é o povo do Brasil, e as mulheres. Elas sabem o que eu fiz, e o que eu faço, o que eu faço no Congresso Nacional, por elas. Esta é uma luta de vida, Luiza Erundina, não é uma luta de agora. Eu dediquei minha vida inteira, paguei todos os preços possíveis, para lutar pelas minorias."
 
Na análise do blogueiro Josias de Souza, que comentou o debate em tempo real no UOL, perguntas da plateia "esfregaram a realidade na face dos candidatos", com temas como falta de médicos, deficit habitacional, transportes urbanos precários, ciclovias mal planejadas e outros.

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