Opinião: cinco sugestões para melhorar os debates eleitorais

Mauricio Stycer

Crítico do UOL

Todo mundo parece estar de acordo que os debates eleitorais nesta campanha de 2014 contribuíram muito pouco – ou nada mesmo – para esclarecer os eleitores. As razões para isso são conhecidas.

As assessorias dos candidatos impõem regras cada vez mais rígidas, infelizmente aceitas pelas emissoras. Os marqueteiros, no fundo, não querem que ocorram boas discussões. Para eles, é importante garantir que seus candidatos não saiam do roteiro estabelecido, o que faz os debates parecerem propaganda eleitoral.

Deixo para a reflexão cinco sugestões que, se adotadas no futuro, poderiam tornar os debates mais interessantes a quem importa, o eleitor:

1. A presença de jornalistas com direito a fazer perguntas: é uma forma de evitar que o candidato levante assuntos com o objetivo não de ouvir o que o outro tem a dizer, mas a fazer propaganda própria. Em alguns debates, no primeiro turno, até houve perguntas feitas por jornalistas.

2. Além de fazer perguntas, os jornalistas deveriam ter o direito de poder fazer réplicas. Como essa regra nunca é aceita, o jornalista faz uma pergunta, o candidato não responde e fica por isso mesmo.

3. Mediadores deveriam ter o direito de interromper os candidatos em algumas situações. Por exemplo, quando Dilma perguntou sobre Enem e Aécio respondeu sobre creches, o mediador deveria poder dizer: "Candidato, o senhor está fugindo do assunto". Ou quando Aécio perguntou sobre corrupção no governo e Dilma respondeu falando de corrupção no governo Fernando Henrique. "Candidata, o assunto é outro".

4. Banco de horas. Essa é uma proposta já apresentada este ano em conjunto por UOL, "Folha de S.Paulo", SBT e Jovem Pan aos candidatos e nunca aceita. Em vez de limitar o tempo de cada resposta ou réplica, cada candidato teria direito a um número total de minutos em cada bloco e administraria esse tempo da forma que bem entendesse.

5. Ataques pessoais e ofensas deveriam ser punidos na hora por uma equipe da emissora em que o programa é exibido. Uma punição, por exemplo, poderia ser a perda do direito de fazer uma pergunta. Ou perda de tempo de resposta. Dessa forma os candidatos se sentiriam inibidos a partir para ataques gratuitos.
 

Campanha presidencial 2014
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