'Esta é a eleição mais difícil da história', diz presidente do Ibope

Leandro Prazeres

Do UOL, no Rio de Janeiro

"Esta é a eleição mais difícil da história." A afirmação é do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que atuou em todas as eleições majoritárias desde a redemocratização. Segundo ele, a disputa entre Dilma Rousseff (PT), e o candidato tucano, Aécio Neves (PSDB), só será decidida nos últimos dias. Em uma breve entrevista concedida ao UOL, Montenegro disse não acreditar em onda "aecista" ou "dilmista". "A eleição vai ser disputada voto a voto", afirmou.

UOL – Analistas comentam que esta é uma das eleições mais disputadas da história brasileira. Eles estão certos?

Montenegro: Essa eleição está muito mais difícil que nos outros anos. O Brasil mudou um pouco depois das manifestações do ano passado, depois das redes sociais, que estão muito mais ativas que em 2010. Esta é uma eleição plebiscitária. De um lado você tem um pessoal muito grato à Dilma. Uma grande parte da população é grata pelos avanços sociais ,e a outra metade da população vem com uma rejeição muito forte à Dilma, ao PT, ao Lula e a uma série de coisas que aconteceram, especialmente esse caso da Petrobras. Por um lado você tem a gratidão, o pessoal que realmente melhorou a vida, que subiu um degrau, e por outro lado você tem um pessoal cansado desses 12 anos de poder do PT como um todo. Um pouco de fadiga de material. É muito difícil prever quem vai ganhar.

Essa imprevisibilidade aumentou em relação ao primeiro turno?

Não. Já no primeiro turno, o segundo lugar foi definido dos debates. Principalmente depois do último. Acho que nessse segundo turno, o último debate vai ser muito importante.

Faltando pouco menos de uma semana para o fim do segundo turno, que diferença esses dias podem fazer para a definição do resultado das eleições?

Essa é a eleição mais difícil da história. Estou no Ibope há 42 anos e nunca vi uma eleição tão difícil. É uma eleição complicada. O Brasil está dividido. A última semana é quando os últimos eleitores tomam uma decisão e o fato relevante na última semana é o debate.

Esse cansaço ao qual o senhor se referiu poderia ser traduzido como o sentimento conhecido como "antipetismo"?

Não. Esse "cansaço" já votou no PT, nela [Dilma], inclusive. É que agora você tem uma economia claudicante, que não está superbem. Você tem a inflação resistindo, o crescimento do país praticamente zerado e tudo isso reforçado por coisas bem violentas no que tange a corrupção. O pessoal não imaginava. É um cansaço com isso.

O Ibope faz aferições para medir a influência das redes sociais na decisão pelo voto?

Não. A gente só mede as intenções de voto, índices de rejeição, essas coisas. O eleitor hoje é bombardeado em várias áreas, na TV, na propaganda eleitoral, em conversas com amigos. Mas é claro que as redes sociais vão exercer um papel importante nessas eleições.

Em que medida? É possível dizer que as redes sociais influenciam as eleições neste ano mais do que nas eleições passadas?

Sim. Estão muito mais importantes. Não saberia dizer quanto, mas são mais importantes, sim. A cada ano, a cada dia, mais pessoas estão ligadas à internet, computadores, Ipads. Um telefone celular hoje tem acesso a tudo. É natural que quanto mais as pessoas avancem tendo esses instrumento, mais elas usem as redes sociais e que isso influencie na decisão delas.

Nas pesquisas feitas pelo Ibope, foi detectada o que os candidatos chamam de "onda" a favor de Aécio ou de Dilma?

Não. O que existe é uma disputa acirrada e os dois estão brigando voto a voto nessa reta final.

É possível dizer que um segmento social, especificamente, pode decidir as eleições?

Não. Há indecisos em todas as classes. Em todas as regiões, talvez mais no Sudeste e no Sul que no Nordeste, mas eles estão em todas as classes.

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