Médico que xingou Dilma após queda de pressão já foi acusado de agressão

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Facebook

    O médico Milton Pires, do Rio Grande do Sul, em postagem ofensiva à presidente Dilma Rousseff, logo após ela passar mal em debate realizado pelo UOL, SBT e rádio Jovem Pan

    O médico Milton Pires, do Rio Grande do Sul, em postagem ofensiva à presidente Dilma Rousseff, logo após ela passar mal em debate realizado pelo UOL, SBT e rádio Jovem Pan

O médico Milton Simon Pires, funcionário do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre (RS), causou indignação ao xingar a candidata à presidência da República Dilma Rousseff (PT) e ironizar sua queda de pressão após o debate promovido pelo UOL, SBT e rádio Jovem Pan.

Em sua página no Facebook, o médico postou a seguinte mensagem: "Tá se sentindo mal? A pressão baixou?? Chama uma médico cubano, sua grande filha da puta!"

A postagem rapidamente se espalhou pelas redes sociais e foi alvo de críticas dos internautas que questionavam ética profissional de Pires.

Dono do blog "Ataque Aberto", Pires tornou-se uma figura controversa na comunidade médica gaúcha. Em setembro deste ano, uma colega de trabalho registou um boletim de ocorrência contra o médico por agressão verbal e física, e a direção do hospital optou por afastá-lo de suas funções na UTI do hospital, onde trabalha como concursado desde 2010.

No entanto, o médico diz em seu blog que é vítima de perseguição política e que seu afastamento teria sido motivado por suas críticas à administração do hospital, que é vinculada ao Ministério da Saúde. Suas postagens fazem ataques ao PT e o PCdoB, que segundo ele são responsáveis pelo hospital, ao governo Dilma e ao programa Mais Médicos.

O UOL conversou com a assessoria jurídica do hospital sobre o caso e foi informada que o médico ainda faz parte do quadro e que continua a receber salário, mas que seu afastamento foi solicitado até que o caso de agressão seja julgado.

"O que nos consta é que a agressão à colega foi um desentendimento de trabalho. Nem tínhamos conhecimento do blog dele e das críticas que fazia à administração até esse caso chegar até nós. Nestes quatro anos, ele já teve outros desentendimentos com colegas, sempre por causa de procedimentos técnicos, mas desta vez houve ocorrência policial e tivemos de afastá-lo", conta a assessora jurídica Angelita da Rosa.

Outro lado

A reportagem tentou contato com o médico, mas até a publicação da matéria não conseguiu localizá-lo. No dia seguinte (18), o advogado do médico, Leudo Costa, entrou em contato com o UOL.
 
O advogado confirmou que seu cliente foi alvo de denúncia de agressão e ameaça, feita por uma colega de trabalho do médico na Delegacia da Mulher. 
 
O caso foi parar no Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, mas o juiz Edson Jorge Cechet determinou, no dia 10 de outubro, que a denúncia fosse encaminhada para outra vara criminal por não se tratar de violência contra a mulher. O caso ainda tramita na Justiça.
 
Leudo Costa informou ainda que o médico sofreu ameaças de morte via ligações telefônicas e SMS após xingar a presidente nas redes sociais. Segundo Costa, ele prestou queixa na Polícia Federal.

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