Em debate morno, Sartori mira insegurança, e Tarso ataca programa do rival

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL

    Os candidatos José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT), que disputam o governo do RS

    Os candidatos José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT), que disputam o governo do RS

Em debate promovido nesta sexta-feira (17) pelo UOL, "Folha de S. Paulo" e SBT entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT), que concorre à reeleição, os temas mais recorrentes foram segurança e a dívida pública do Estado com a União. Enquanto o candidato petista procurou explorar brechas no programa do rival, Sartori acusou o adversário de não cumprir as promessas feitas em 2010.

O debate entre os concorrentes gaúchos foi morno, com poucos ataques entre ambos e mais espaço para a discussão de propostas, ao contrário do ocorrido ontem (16), no duelo repleto de agressões entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Segundo pesquisa Ibope divulgada hoje, Sartori tem 60% das intenções de voto válidos, contra 40% de Tarso. 

Segurança e plano de governo

Ao abrir o debate, Tarso questionou Sartori sobre a ausência de propostas para a região sul do Estado no programa de governo do peemedebista, cuja base eleitoral concentra-se na serra gaúcha. Sartori respondeu que irá incentivar as atividades portuárias e a produção de navios na região.

O candidato do PMDB escolheu a segurança pública na primeira pergunta direcionada a Tarso, citando um sentimento de "medo e "preocupação permanente" da população do Rio Grande do Sul. Para se defender, o petista enumerou alguns programas criados na gestão dele, como o policiamento comunitário, e comparou a situação do Estado com os vizinhos.

 

"A nossa situação, embora não seja boa, está melhorando bastante, inclusive comparativamente a outros Estados, como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro", respondeu Tarso, acrescentando que estes Estados convivem com ataques permanentes do crime organizado.

Na réplica, Sartori defendeu a recomposição dos efetivos da Brigada Militar (nome da PM gaúcha) e da Polícia Civil e criticou a atuação da União. "O governo federal precisa fazer sua parte. Não cuida das fronteiras, não investe em segurança e não tem uma política penitenciária para o país."

Na sequência, Tarso pediu para o adversário explicar o modelo de patrulhamento sugerido no programa de governo dele, baseado nos estudos do criminalista Herman Goldstein. A proposta do peemedebista é usar esse modelo para substituir o policiamento comunitário implantado por Tarso.

Sartori não respondeu como funciona o modelo e criticou Tarso por não ter implantado o "cerco eletrônico" na Grande Porto Alegre. "O senhor prometeu e não cumpriu. Nós vamos assumir essa promessa que o senhor fez para reduzir os homicídios", disse. O candidato também defendeu a abertura de PPPs (Parcerias Público-Privadas) para construir presídios.

Tarso afirmou que não fez o cerco eletrônico porque não houve aprovação dos Tribunais de Contas para a abertura de licitação e disse que pretende implantar a medida se for reeleito. Em seguida, voltou a criticar o programa do adversário. "Ele não soube responder minha pergunta [sobre o modelo de patrulhamento] (...) Ele pede um cheque em branco para se eleger."

"Cheque em branco foram todas as promessas que o senhor fez e não cumpriu", respondeu Sartori.

Dívida pública

O candidato do PMDB afirmou que, durante a gestão do rival, a dívida do RS com a União cresceu, embora a arrecadação tenha aumentado. "Nenhum outro governante fez tanto endividamento."

Tarso citou reportagem da "Folha de S. Paulo" para dizer que, na verdade, a dívida do Estado caiu no seu governo. O governador acusou o rival de desconhecer as finanças do Estado e criticou a atuação de Sartori quando ele era presidente da Assembleia Legislativa na gestão de Antônio Britto (PMDB), entre 1995 e 1999, quando a dívida foi renegociada.

"Além do candidato Sartori não conhecer a realidade financeira do Estado, ele não assume a responsabilidade que ele tem, como líder na Assembleia pelo contrato escorchante", disse Tarso.

Sartori disse que o petista não é transparente com as finanças do Estado. "Como vou conhecer as finanças se eu não tenho acesso à contabilidade?", questionou. "Na época, a renegociação da dívida foi feita para todos os Estados brasileiros. Se não fosse feita, hoje a dívida seria muito maior", afirmou.

O candidato do PMDB acusou Tarso de mudar de lado com relação ao projeto de lei 99/2003, que tramita no Senado e trata da renegociação das dívidas dos Estados. Segundo Sartori, o petista apoiava a medida e voltou atrás, o que Tarso nega.

"Sou do PMDB há 40 anos e nunca mudei de lado (...) Tenho uma postura no PMDB que não é a mesma que o senhor tem com o [José] Sarney, com o Renan Calheiros [ambos do PMDB] e com outros. Eu assumo o meu papel", disse.

Na resposta, Tarso aproveitou para alfinetar Aécio, que é apoiado por Sartori, embora o PMDB apoie Dilma. "O senhor não é do PMDB que apoia a Dilma e o [vice-presidente Michel] Temer . O senhor é do PMDB que apoia o Aécio, que sequer conhece o Rio Grande do Sul, que nunca fez nada pelo Rio Grande do Sul."

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos